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Ibovespa cai pelo 4º mês consecutivo e registra pior queda mensal do ano

Vale e Petrobras puxam índice para baixo no último pregão do mês; Selic alta e risco fiscal prejudicam renda variável

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Beatriz Quesada

Publicado em 29 de outubro de 2021 às 17h39.

Última atualização em 29 de outubro de 2021 às 17h54.

O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira, 29, – o último do mês de outubro – em queda de 2,09%, aos 103.500 pontos. Com o resultado, o principal índice da B3 acumulou quatro meses consecutivos de queda, caindo 19,73% no acumulado desde o início de julho.

Porém, o tombo foi maior dessa vez. O recuo de 6,74% em outubro representa a maior perda mensal do ano. O dólar comercial, por sua vez, subiu 0,37% no dia e acumula alta de 3,67% em outubro, negociado a 5,646 reais.

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O principal reforço negativo de outubro foi a deterioração do cenário fiscal no Brasil. A PEC dos precatórios – que já vem pesando sobre o Ibovespa há meses – continua encontrando resistência no Congresso e agora conta com um fator extra: o Auxílio Brasil.

O governo incluiu na proposta uma revisão regra de correção do teto de gastos para financiar o novo programa social, o que foi visto por muitos membros do mercado como um abandono da âncora fiscal.

Para somar às preocupações, a inflação surpreendeu para cima novamente e as perspectivas de crescimento do país voltaram a cair. O cenário levou o Banco Central a elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 7,75% ao ano – em uma correção mais dura do que era esperado no mês anterior.

A alta é má notícia para a bolsa, que não conseguiu se manter em cenário positivo principalmente por conta do cenário macroeconômico – mesmo com a temporada de balanços do terceiro trimestre operando a pleno vapor.

Nesta sexta-feira, no entanto, os resultados acabaram sendo outra fonte de preocupação para os investidores, que repercutiram os balanços das duas maiores companhias da bolsa: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4).

As ações da Vale recuaram 2,84%, após a empresa frustrar as expectativas de investidores em balanço do terceiro trimestre. No período, a principal mineradora do país apresentou Ebitda ajustado de 6,94 bilhões de dólares, 14% acima do registrado no mesmo período do ano passado, mas abaixo do consenso da Bloomberg de 8,83 bilhões de dólares. A receita operacional líquida também decepcionou, ficando em 12,68 bilhões de dólares, abaixo da mediana das projeções de 14,66 bilhões de dólares.

Os papéis da companhia ainda sofreram pressão do minério de ferro, que fechou em queda na China. Entre as siderúrgicas, também desfavorecidas pela desvalorização da commodity, a maior perda é a da Usiminas (USIM5), que caiu 7,54%.

No caso da siderúrgica, o balanço da companhia também não agradou os investidores. No terceiro trimestre, a Usiminas teve receita líquida de 9,03 bilhões de reais. Mesmo que mais que o dobro da registrada no mesmo período do ano passado, a receita ficou abaixo das expectativas de 9,44 bilhões de reais.

Já as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) caíram 6,49% e 5,91%, respectivamente, refletindo tanto seu balanço quanto questões políticas.

A petroleira teve Ebitda ajustado de 60,744 bilhões de reais, abaixo da previsão de 61,63 bilhões de reais. A receita de vendas também ficou abaixo do esperado, em 121,6 bilhões de reais, contra estimativas de 122,60 bilhões em vendas, sendo que os mais otimistas esperavam por 129,40 bilhões de reais de receita. Por outro lado, o lucro líquido bateu 31,14 bilhões de reais, superando o consenso de 13,90 bilhões de reais.

Investidores também penalizaram as ações por causa de uma fala do presidente Jair Bolsonaro. Na véspera, o chefe do executivo chegou a dizer que a Petrobras tem "que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto, como tem dado". Ainda ontem, as ADRs da companhia, negociadas nos Estados Unidos, chegaram a cair mais de 4%, no pós-mercado.

"Qualquer sombra de interferência política acaba pesando sobre os papéis da Petrobras. O executivo fala em um dia que quer privatizar e no outro sinaliza interferência direta", afirma Flávio de Oliveira Head de Renda Variável da Zahl Investimentos.

Na ponta positiva do índice, investidores buscaram proteção em ações de empresas exportadoras, na tentativa de proteger seus investimentos em ações que se beneficiam da alta do dólar.

Entre as maiores altas do Ibovespa no dia estiveram os frigoríficos, com Minerva (BEEF3) subindo 7,15%, Marfrig (MRFG3), 5,33%, JBS (JBSS3), 4,19% e BRF (BRFS3), 2,11%. A Suzano (SUZB3), que apresentou resultado na última noite e também tem receita atrelada ao dólar, subiu 1%.

Entre as maiores quedas, as ações da Alpargatas (ALPA4) lideraram as baixas, despencando 10,56%, refletindo o resultado do terceiro trimestre, apresentado na última noite. A companhia da marca Havaianas apresentou lucro líquido de 115,7 milhões de reais contra prejuízo de 2,6 milhões do mesmo período do ano passado.

Maiores altas

Maiores quedas

MinervaBEEF3

7,15%

AlpargatasALPA4

-10,56%

MarfrigMRFG3

5,33%

Banco InterBIDI11

-10,15%

JBSJBSS3

4,19%

Banco InterBIDI4

-9,14%

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