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Ibovespa cai à mínima do ano puxado por PEC dos Precatórios e bancos

Itaú recua mais 5% após balanço e papéis do setor acompanham baixa; bolsas nos EUA batem recorde

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 4 de novembro de 2021 às 17h27.

Última atualização em 4 de novembro de 2021 às 20h59.

O Ibovespa reverteu as altas da semana e caiu 2,09%, aos 103.412 pontos, nesta quinta-feira, 4 – chegando ao pior patamar do ano. Com a baixa, o principal índice da B3 virou para queda no acumulado semanal, recuando 0,05% no período. No câmbio, o dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,29%, a 5,606 reais.

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A queda no Ibovespa hoje foi puxada pelas quedas das ações dos principais bancos do país e pelas incertezas do cenário fiscal, que continuam no radar mesmo com a aprovação da PEC dos Precatórios pelo plenário da Câmara na noite de ontem. 

A proposta, que abre espaço de 91,6 bilhões de reais no Orçamento de 2022 e acomoda o novo programa social do governo, o Auxílio Brasil, ainda precisa ser aprovada em segundo turno na Câmara antes de ir para o Senado. 

O temor no mercado é justamente de que a PEC não seja aprovada nas instâncias seguintes, o que pode levar o governo a adotar medidas ainda mais negativas para os gastos públicos – como a já ventilada possibilidade de prorrogar do auxílio emergencial.

“O cenário ‘menos pior’ para o Brasil é a aprovação da PEC dos precatórios. Ela não tem o desenho ideal e coloca em jogo as regras fiscais, mas o mercado já estava precificado para a aprovação da PEC. Sem a proposta, o governo volta à estaca zero, aumentando a incerteza”, afirma Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos.

Como esperado, foram incluídas na PEC alterações na regra do Teto de Gastos, que será corrigida pelo IPCA de janeiro a dezembro, em vez de julho a junho. Com o índice de inflação em patamares elevados, na casa de 10% ao ano, a medida irá possibilitar gastos de 47 bilhões de reais. 

O imbróglio fiscal arrastou o Ibovespa para baixo em um dia de alta nas bolsas internacionais, que seguiram embaladas pela sinalização de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá manter a taxa de juros inalterada por mais tempo

Em decisão monetária da véspera, o Fed comunicou que irá reduzir os estímulos de 120 bilhões de dólares mensais no mercado de títulos americano de 15 bilhões por mês, com término previsto para julho. A expectativa é que a alta de juros tenha início logo em seguida, mas não antes do meio do ano que vem. 

Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,42% e bateu um novo recorde, subindo pelo 6º pregão consecutivo. O índice de tecnologia Nasdaq registrou alta de 0,81% e também chegou a uma nova máxima histórica. Já o Dow Jones recuou 0,09%.

Destaques da bolsa

Com a maior participação do setor bancário no Ibovespa, o Itaú (ITUB4) caiu 5,11%, após a divulgação de seu resultado do terceiro trimestre. No período, o Itaú teve crescimento anual de 34,8% para 6,779 bilhões de reais. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) foi de 15,7% no mesmo período em 2020 para 19,7%. 

A queda, no entanto, está associada a uma declaração do presidente da companhia. Na teleconferência de resultados, Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, afirmou que vê uma piora da inadimplência e maior custo de crédito em 2022. 

A declaração arrastou o setor bancário para fortes quedas. O Bradesco (BBDC3/BBDC4), que irá apresentar seus números nesta noite, acompanhou a queda de mais de seu principal concorrente e recuou 5,43% e 6,03%, respectivamente. Do mesmo setor, o Banco Pan (BPAN4) caiu 7,74%.

As maiores perdas do dia ficaram com os papéis da Rede D'Or (RDOR3) e da Ultrapar (UGPA3), que caíram 8,17% e 8,09%, respectivamente, após frustrarem investidores com seus balanços. 

No caso da Ultrapar, a empresa cortou sua projeção de resultado operacional em 2021 após a divulgação do resultado, citando margens mais pressionadas em sua rede de postos de combustíveis Ipiranga. Já a Rede D’Or teve lucro líquido de 378,1 milhões de reais, 8% acima no ano contra ano, mas abaixo do consenso da Bloomberg de 585,4 milhões de reais.

Maiores altas

Maiores quedas

GetnetGETT11

5,28%

Rede D'OrRDOR3

-8,17%

MinervaBEEF3

3,68%

UltraparUGPA3

-8,09%

MarfrigMRFG3

3,60%

CognaCOGN3

-7,96%

No extremo oposto, os papéis da Getnet (GETT11) avançaram 5,28%. Os frigoríficos Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) completaram a lista das maiores altas, subindo mais de 3% com o impulso do dólar, que favorece as exportadoras.

Entre as altas, as ações da Cielo (CIEL3) subiram 1,29%, após a empresa ter divulgado o balanço do terceiro trimestre na última noite. No período, a companhia apresentou lucro líquido de 211,9 milhões de reais, 111% acima do registrado no terceiro trimestre de 2020. A empresa também anunciou a conclusão da venda da Multidisplay para a Bemobi (BMOB3). Para Luis Pereira, da Guide, a operação é positiva para a Cielo. "Foca na reciclagem, permitindo com que a Cielo dê foco a estratégia core da companhia", diz em relatório.

Investidores também ficaram atentos ao leilão do 5G no país, cujos principais lotes foram arrematados por Telefônica Brasil (VIVT3), Tim (TIMS3) e Claro. Na bolsa, as ações da Telefônica subiram 0,14%, enquanto as da Tim recuaram 0,51%.

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