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Ibovespa cai com ruídos políticos e variante delta; dólar toca R$ 5

Investidores ajustam posições no final de mês e digerem denúncia de propina em compra de vacinas por parte do governo federal

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de junho de 2021 às 10h37.

Última atualização em 30 de junho de 2021 às 16h06.

O Ibovespa recua nesta quarta-feira, 30 -- último pregão do mês e do semestre -- com investidores ajustando posições e ainda avaliando a disseminação da variante delta do coronavírus no mundo. No Brasil, seguem no radar a reforma tributária e denúncias em relação à compra de vacinas pelo governo federal. Às 16h05, o principal índice da B3 caía 0,46%, aos 126.735 pontos.

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Em meio a aversão ao risco internacional com a variante delta, o dólar se valoriza contra as principais moedas emergentes e desenvolvidas. No Brasil, a moeda americana sobe cerca de 1% e retoma o patamar dos 5 reais após ficar pouco mais de uma semana sendo negociada abaixo dessa marca. 

Além do ambiente externo, o câmbio é influenciado pela "briga da Ptax" (taxa referência para contratos em dólar), em que os comprados em dólar tentam fazer com que a moeda suba enquanto os vendidos exercem pressão contrária. A Ptax é calculada diariamente, mas os investidores ficam muito atentos à taxa do último pregão do mês porque ela será utilizada para contratos cambiais do mês seguinte. Na máxima, a moeda americana chegou a ser negociada a 5,023 reais.

Como pano fundo para a alta do dólar, também estão denúncias sobre pedidos de propinas em negociações para a compra de vacinas pelo governo federal. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o diretor do Ministério da Saúde Roberto Dias pediu 1 dólar para cada uma das 400 milhões de doses da AstraZeneca que vinha sendo negociada com a Davati Medical Supply.

"O dólar está refletindo muito mais os ruídos políticos do que a bolsa. Isso faz com que o investidor estrangeiro postergue o fluxo de investimentos para o Brasil, principalmente na renda fixa, até que o ruído político seja minimizado", afirma Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos.

Segundo Henrique Esteter, analista da Guide, o mercado segue avaliando os possíveis efeitos da denúncia. "Foi uma notícia impactante, que deve minar a possibilidade de reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mas, não é nenhuma bala de prata que culmine em um impeachment. O mercado está voltado para questões que possam surgir na CPI".

Nos Estados Unidos, ocorreu pela manhã a divulgação do principal indicador macroeconômico do dia: a variação de empregos privados. O dado apontou a criação de 692.000 postos de trabalho em junho, ficando acima das expectativas de 600.000. 

O resultado acima do esperado reforça o otimismo sobre a economia americana. Por lá, o índice Dow Jones opera em leve alta junto com o S&P 500. O movimento vai na contramão das bolsas europeias, que recuaram em meio a temores da variante da covid-19.

Por aqui, o IBGE também divulgou dados do mercado de trabalho, a taxa de desemprego de abril permaneceu estável em 14,7%, como esperado por economistas.

Destaques da bolsa

Na B3, o principal destaque são as units do Banco Inter (BIDI11), que disparam 5,27% após uma alta de mesma magnitude no pregão anterior. Além da grande demanda pelos papéis do Inter em oferta subsequente de ações que marcou a entrada da Stone no negócio, ajuda a impulsionar o movimento de alta um relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) que prevê preço alvo de 90 reais. Atualmente, o ativo é negociado por cerca de 77 reais.

Entre as maiores altas também estão as ações da CCR (CCRO3), que sobem 0,98%, após anunciar um acordo preliminar com o estado de São Paulo para pôr fim a uma batalha judicial sobre contratos fechados em 2006 envolvendo a concessão das rodovias do Sistema Anhanguera-Bandeirantes, Oeste de São Paulo e Integradas do Oeste. O acordo preliminar prevê o pagamento de 1,2 bilhão de reais.

No entanto, são as ações da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4) que impedem uma maior queda do Ibovespa. Com grande participação no índice, os papéis de ambas as empresas são negociados em alta, acompanhando os ganhos do minério de ferro e do petróleo, respectivamente. Vale avança 0,6% enquanto Petrobras tem altas de 2,26% e 0,79%.

Nas maiores quedas da sessão estão papéis relacionados às expectativas de reabertura econômica, como os da Cogna (COGN3), que caem 3,34%. Quedas também para as ações de empresas de varejo, como B2W (BTOW3), Lojas Americanas (LAME4) e Magazine Luiza (MGLU3), que recuam mais de 2,5%.

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