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Ibovespa alcança em novembro o melhor desempenho mensal desde 2016

Índice perdeu a marca dos 110 mil pontos em dia de realização de lucros; NY e Europa fecham em baixa

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 09h13.

Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 18h20.

Após um mês marcado por altas, o Ibovespa encerrou o último pregão de novembro em queda de 1,52%, para 108.893 pontos, com parte dos investidores realizando lucros após o rali das últimas quatro semanas. Ainda assim, o índice acumulou alta de ao menos 15% em novembro, melhor desempenho mensal desde março de 2016. Caso tivesse mantido a tendência no azul neste último pregão, o Ibovespa poderia ter batido seu o melhor desempenho mensal do século.

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Nos Estados Unidos, onde o índice Dow Jones vinha com a maior alta mensal desde 1987, investidores também realizaram lucros após a sequência positiva. Os três principais índices americanos fecharam em queda. O Dow Jones caiu 0,91%, enquanto o S&P500 perdeu 0,46%. O Nasdaq teve recuo de 0,06%. Ainda assim, o S&P500 registrou o melhor desempenho mensal para o mês de novembro de sua história.

Pesaram negativamente o aumento de casos de coronavírus no mundo e os últimos ataques do presidente Donald Trump contra a China. Segundo informações da agência Reuters, o governo americano se prepara para colocar a empresa chinesa de chips eletrônicos SMIC e a petroleira CNOOC na lista de empresas não confiáveis, o que deve dificultar a atração de investimentos por parte de investidores americanos.

 

Na frente sanitária, o crescimentos do número de infecções diárias na Ásia voltou a preocupar, após o Japão registrar recorde de novos casos. Em Hong Kong, as novas infecções estão novamente acima de 100 pela primeira vez desde agosto.

No Brasil, o governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou a retomada de medidas de isolamento devido ao aumento do número de casos na capital e no interior. O efeito disso foi sentido na bolsa, com ações de varejistas com maior dependência de lojas físicas e administradoras de shoppings centers entre a maiores quedas do dia. Acompanhe os destaques de ações aqui.

"Essas medidas preocupam. O mercado vinha otimista com notícias sobre vacinas, mas elas ainda não foram liberadas. Enquanto isso, as internações seguem aumentando. Houve um relaxamento das medidas de contenção do vírus e o resultado é esse", comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem.

Por outro lado, a Moderna informou nesta segunda que irá pedir para que sua vacina seja autorizada em caráter emergencial nos Estados Unidos. A biofarmacêutica informou ter obtido eficácia de 95% contra o coronavírus.

As esperanças de uma vacina contra o novo coronavírus, a propósito, levaram o mercado de ações europeu a um resultado histórico no mês de novembro. O índice pan-europeu STOXX 600 cresceu 14% no mês, melhor resultado mensal desde o início das medições, em 1986. Ainda assim, o índice terminou esta segunda-feira em baixa de 0,98%, a 389 pontos, de olho nas negociações de um acordo comercial do Brexit.

Câmbio

O dólar fechou em alta na última sessão do mês, puxado por uma correção global em outros mercados, mas nada que tenha tirado o brilho de novembro. O otimismo com a definição da eleição nos Estados Unidos e a perspectiva de uma vacina provocou um "short squeeze" na moeda brasileira, o que significa uma forte correção de posições, que até então estavam muito mais para o lado negativo. Com isso, o dólar teve a maior queda mensal em dois anos e o maior tombo para meses de novembro desde pelo menos 2002, conforme dados da Refinitiv compilados pela Reuters.

O dólar à vista subiu 0,39% nesta segunda-feira, para 5,3467 reais. A retomada da moeda ocorreu em sintonia com o exterior. Em novembro, contudo, a moeda perdeu 6,82%. É a maior baixa mensal desde outubro de 2018 (-7,79%) e a mais forte para meses de novembro desde pelo menos 2002.

Ao longo do dia, o dólar no Brasil oscilou entre 5,3974 reais (+1,34%) e 5,2762 reais (-0,94%), com a volatilidade associada, entre outros motivos, à"briga da Ptax" de fim de mês. A Ptax é taxa referência usada para contratos cambiais e, para formá-la, o Banco Central faz quatro consultas no mercado de câmbio, sendo a última às 13h. Portanto, quem está comprado em dólar, busca elevar a cotação da moeda americana, enquanto os vendidos tentam derrubar. "É uma disputa interna que ganha quem tem mais força", comenta Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.

Considerando a taxa Ptax de venda do Banco Central -- cujo fechamento é baseado em consultas feitas ainda pela manhã --, o dólar caiu 7,63% em novembro, a mais intensa desvalorização para o mês já vista.

O real não esteve sozinho na boa performance do mês. Outras moedas correlacionadas às commodities, como peso colombiano (+7,6%), se destacaram, enquanto o dólar no mundo tocou em novembro mínimas em mais de dois anos, afetado pela perspectiva de farta liquidez no mundo em meio a estímulos de bancos centrais e à mudança de governo nos Estados Unidos.

No radar

Por aqui, a expectativa é de que o Congresso retome a agenda de reformas e discussões fiscais após o segundo turno das eleições municipais. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje que já tem apoio suficiente para se aprovar a reforma tributária na Câmara. Segundo ele, já há 320 votos favoráveis à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45, mesmo sem contar com a ajuda dos partidos da base do governo.

Maia tem defendido o texto como prioridade na pauta de recuperação econômica do País. "Não vamos resolver o problema do Brasil apenas cortando despesas", disse Maia em entrevista ao UOL. "Precisamos de uma macro reforma que é a tributária", afirmou.

Segundo ele, o relator da proposta, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), deve apresentar seu parecer para partidos e governo nesta semana e, se houver consenso, irá colocar o texto em votação. A PEC precisa ser aprovada em dois turnos. "Se não tiver consenso, ficará para o próximo presidente da Câmara pautar, ela estará pronta para votação", disse. Maia também reclamou das vaidades na política e disse que pessoas vaidosas no Executivo e Legislativo atrasaram a votação de projetos importantes.

Nos Estados Unidos, o presidente eleito Joe Biden anunciou a ex-presidente do Federal Reserve Janet Yellen como sua futura secretária do Tesouro. O anúncio foi bem recebido pelo mercado devido ao perfil mais favorável a novos estímulos econômicos de Yellen, no entanto, a confirmação do seu nome já era esperada desde a semana passada.

Outro ponto de atenção dos mercados foram os índices de gerente de compras (PMIs), que saíram acima das expectativas na China. Em mais uma demonstração da forte recuperação chinesa, o PMI industrial ficou em 52,1 pontos, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade e maior que a projeção de 51,5 pontos. O PMI composto e o de não-manufatura ficaram em 55,7 pontos e 56,4 pontos, respectivamente.

(Com Reuters)

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