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Ibovespa cai com realização de lucros e cautela antes de fim de semana

Vale e siderúrgicas se valorizam após minério de ferro voltar a subir forte na China e bater maior patamar em mais de três semanas

Painel de cotações | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 11 de junho de 2021 às 10h32.

Última atualização em 11 de junho de 2021 às 16h59.

O Ibovespa cai nesta sexta-feira, 11, com investidores realizando lucros, após o forte movimento de alta registrado desde a semana passada -- o índice subiu em 11 de 12 pregões. Às 16h40, o Ibovespa recuava 0,53% para 129.384 pontos, após ter operado em alta nos primeiros negócios do dia.

O índice aprofundou as perdas acompanhando o mercado americano, que perdeu força após a alta da véspera. Por lá, investidores seguem divididos quanto à duração das pressões inflacionárias e operam cautelosos antes de entender como o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá reagir ao cenário.

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Na véspera, os dados da inflação americana divulgados com o índice ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) vieram acima do esperado. No acumulado de 12 meses, a inflação bateu 5%. Ainda assim, as bolsas subiram, com o entendimento de que deve haver uma normalização até o fim do ano, quando o choque das reaberturas já terá passado.

"Ao analisar o dado de perto, é possível notar que o consumo mesmo não cresceu tanto e que a economia americana não está tão forte como se imaginava. Então, o mercado passa a pensar que o Federal Reserve [Fed, banco central americano] não estava errado em ser paciente em não subir juros", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe e sócio-proprietário do Grupo Laatus.

Hoje, no entanto, a cautela voltou a tomar conta dos mercados. Entre os principais índices da bolsa americana, o Dow Jones opera em baixa de 0,13%, enquanto o S&P 500 fica próximo à estabilidade, em leve alta de 0,01%. Já o índice de tecnologia Nasdaq avança 0,16%.

As preocupações se justificam porque o cenário pode mudar já na próxima semana com a Super Quarta, data em que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil divulgam suas políticas monetárias. O temor é que o Fed reveja suas diretrizes de estímulos e de juros próximos a zero que vêm sendo adotadas desde o início da pandemia.

“O Fed deve sinalizar na reunião da semana que vem que está se aproximando mais da discussão da redução dos estímulos, mas sem nenhuma mudança relevante ainda”, afirma Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.

No Brasil, a inflação também avança e analistas projetam uma nova alta na taxa de juros. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial no país, subiu 0,83% em maio, na maior taxa para o mês desde 1996.

“Para o Copom, nossa expectativa é de alta de 0,75 ponto percentual na reunião de quarta-feira. Acreditamos que o Banco Central vai retirar do discurso uma normalização parcial dos juros e buscar um grau maior de liberdade, até em função do IPCA desta semana, que veio bem acima do esperado, com consequente reprecificação na curva de juros”, compelta Zanini.

Nesta sexta-feira, os dados de inflação dividem holofotes com a retomada econômica. O crescimento do setor de serviços de abril, divulgado nesta manhã pelo IBGE, deu novos sinais de recuperação da economia local, ficando em 19,8% na comparação anual. O número surpreendeu os investidores, que esperavam por uma alta de 18,2%.

Destaques

As ações do setor financeiro, com grande presença no Ibovespa, puxam o índice para baixo. Principal componente do setor, os papéis do Itaú (ITUB4) caem mais de 1,5%.

Para Laatus, os investidores estão realizando lucros, uma vez que as ações do setor vinham se valorizando muito nos últimos pregões. O movimento, contudo, pode ser revertido em breve.

“Na próxima semana, o Banco Central deve elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual e, talvez, sinalizar uma nova alta de 0,75 p.p. em agosto. Isso é positivo para os bancos", diz.

Por outro lado, as ações da Vale (VALE3), com a maior participação no Ibovespa, ajudam a sustentar o índice próximo de seu patamar recorde. Nesta sexta-feira, os papéis da mineradora avançam mais de 2% impulsionados pela forte valorização do minério de ferro registrada nesta madrugada, na China. Em Dalian, o metal bateu o maior patamar em mais de três semanas, voltando a se aproximar da marca dos 200 dólares por tonelada. Além da mineradora, ações de siderúrgicas se beneficiam da alta da commodity e são negociadas no campo positivo.

Entre as maiores valorização do Ibovespa figuram novamente as ações Embraer (EMBR3), que sobem 4,75%. No último pregão, os papéis dispararam 15%, com o anúncio de que sua subsidiária Eve negocia fusão com a americana Zanite. Dentro da Embraer, a Eve é responsável por projetos do eVTOL, uma espécie de "carro voador”.

No início do pregão, quem roubou a cena foram as ações da BRF (BRFS3), que chegaram a subir quase 15%, com rumores de que a JBS (JBSS3) estaria preparada para disputar o ativo com a Marfrig (MRFG3). Recentemente, a Marfrig aumentou sua participação na BRF para 31,6%. Após os primeiros negócios, a alta esfriou para pouco mais de 4%, mas ainda lideram as altas do dia. O movimento ocorre na contramão de outros papéis do setor, que são negociados em queda.

Nas maiores quedas do dia, aparecem ações de administradoras de shoppings centers, como BrMalls(BRML3), Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTA3), que chegam a se desvalorizar quase 4%. As varejistas Via (VVAR3) e Lojas Renner (LREN3) caem mais de 2%.

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