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Gestora com retorno de 47% em 2020 defende renovação de auxílio

Paulo Gala, presidente da gestora do Fator, diz que fim do auxílio vai comprometer a retomada, mas que isso não impedirá a alta das ações

Paulo Gala: presidente da gestora da Fator Administração de Recursos (Fator Administração de Recursos/Divulgação)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 07h30.

Última atualização em 27 de janeiro de 2021 às 12h13.

Enquanto a maior parte do mercado brasileiro teme que a renovação do auxílio emergencial leve a economia brasileira para o precipício, Paulo Gala, presidente da gestora do banco Fator, pensa diferente. Para ele, sua extensão seria “importante” e “sem dúvidas” traria efeitos mais positivos do que negativos.

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“O mercado financeiro não vai gostar muito, mas o que importa é o que acontece com a economia. [O auxílio emergencial] certamente foi o que salvou a economia no ano passado”, afirmou em entrevista à EXAME Invest .

Em 2020, um de seus principais fundos, o Fator Sinergia FIA, gerido por Daniel Utsch , obteve retorno de 46,7%, contra alta de 2,9% do Ibovespa. Economista de formação, Gala é doutor em Economia pela FGV-SP, onde dá aulas desde 2002. No mercado, também foi gestor de renda fixa e multimercados.

Para 2021, Gala acredita que as melhores oportunidades estarão nos mercados de ações e em fundos de investimentos imobiliários (FII), segmento em que a Fator atua com o fundo Fator Verità (VRTA11).

“Essa estratégia (de FIIs) tem sido muito promissora em um mundo de juros zero.” Nesse cenário, diz o economista, a bolsa também deve se beneficiar, com migração de recursos para ações mid e small caps.

PIB nem tão positivo

Embora otimista para a bolsa, seu sentimento para a economia brasileira é outro. Enquanto as estimativas mais recentes do mercado que constam do boletim Focus apontam para uma alta de 3,5% do PIB em 2021, Gala projeta um crescimento de 2% a 2,5% neste ano. Segundo ele, o alto nível de desemprego no país e a “ negligência” do governo no combate à pandemia impedem uma forte retomada.

“O governo está vendo as pessoas morrerem e acha que não é com ele. Tudo isso pode levar a novos lockdowns e atrasar ainda mais a recuperação econômica. Mas para isso levar a bolsa a cair são outros quinhentos.Nesse cenário de juros real negativo existe uma migração muito forte de recursos para a renda variável ”, diz.

Selic e inflação

Apesar do baixo crescimento esperado para este ano, Gala vê como inevitável a elevação da taxa de juros depois de quase cinco anos de queda.

“O Banco Central enfrenta um grande dilema. Não deveria subir os juros porque atividade econômica está uma catástrofe, mas deveria porque a inflação superou a meta e está em trajetória complicada.Na nossa visão, a Selic vai caminhar para 3,5% e a inflação irá convergir para 3,5%, com juro real ficando estacionado em zero”, comenta.

A expectativa de menor inflação em relação ao patamar de 4,52% verificado em 2020, diz Gala, é reflexo do desemprego. “A inflação de serviços, que está em 1,8% ao ano, tem a ver com o mercado de trabalho completamente morto. Na época da Dilma, quando havia pleno emprego, essa inflação estava em 8%.”

Cenário externo

Para Gala, a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais americanas foi uma “ótima notícia”. “Agora os três grandes continentes [América do Norte, Europa e Ásia] estão engajados com a política de estímulos.”

De acordo com ele, o fim do apoio monetário e fiscal nos Estados Unidos deve ocorrer somente se a inflação superar os 3% no país. “Mas não vejo isso no radar, porque os Estados Unidos estão com 7 milhões de empregos a menos em relação ao nível pré-covid”, afirma.

Apesar de maiores estímulos, Gala também espera que o governo Biden aumente a tributação sobre empresas. Em 2017, o corte de impostos corporativos de 34% para 15% promovido por Donald Trump foi bastante comemorado pelo mercado e sua volta é um dos maiores temores dos investidores.

“Tem grande chance de acontecer uma tributação mais progressiva e voltar tudo que o Trump tirou.” Mas, de acordo com o economista, os efeitos nas bolsas devem ser limitados. “Vai dar uma chacoalhada, mas nada que mude a trajetória.”

O maior perigo para o mercado, conta, seria o fim da política de estímulo do Federal Reserve (Fed). “Foi o que aconteceu em 2017 e 2018. O Fed tentou subir os juros e causou um pânico geral. Mas isso é conversa para 2022. [Até lá] minha previsão é mais de viés de alta do que de baixa.”

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