Mercados

Gafisa tenta afastar a sombra da Tenda, mas ações despencam

Mercado avalia os primeiros efeitos da mudança estratégica da empresa

A problemática Tenda está perdendo espaço dentro da Gafisa
 (Divulgação)

A problemática Tenda está perdendo espaço dentro da Gafisa (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2011 às 11h35.

São Paulo - As ações da Gafisa (GFSA3) são o destaque de queda da bolsa brasileira nesta quarta-feira. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 6,86%. O desempenho é reflexo do anúncio dos resultados do terceiro trimestre. No ano, a desvalorização já chega a 50%.

A incorporadora registrou uma queda superior a 50% no lucro líquido na comparação com o mesmo período do ano passado, para 46,2 milhões de reais.O valor ficou abaixo dos 101,2 milhões de reais esperados pelo mercado, segundo uma pesquisa da agência Reuters. A receita líquida subiu 5%, para 1 bilhão de reais. A queima de caixa reduziu para 56 milhões de reais, contra 148 milhões de reais no segundo trimestre. 

"Embora compreendamos que existam inúmeros projetos da Tenda ainda a serem transferidos e recebíveis que devem ser securitizados, acreditamos que uma redução significativa da alavancagem só será vista em meados de 2012", avaliam os analistas do HSBC, Felipe Rodrigues e Leonardo Martins, em relatório.

Sombra da Tenda 

Apesar dos números abaixo do esperado, o resultado reafirma a nova estratégia da empresa. Um dos principais reflexos da recente postura foi o grande crescimento da margem bruta (Lucro Bruto sobre a Receita Operacional Líquida). O indicador saltou 850 pontos-base, para 29,5%. Segundo a empresa, o avanço é reflexo de uma maior concentração de projetos da AlphaVille, segmento que deverá seguir tendência de aumento de contribuição dos lançamentos futuros.

Ou seja, a problemática Tenda está perdendo espaço. “O nível de lançamentos consolidado estável, de R$1 bilhão, comparado ao mesmo período do ano passado, reflete a nossa decisão de reduzir a expansão da Tenda e focar nos projetos com potencial de contribuição imediata para a geração de fluxo de caixa para a companhia”, ressalta Duilio Calciolari, CEO da Gafisa em comentários publicados no release de resultados.

“O novo plano estratégico da Gafisa engloba uma empresa menor no curto prazo em uma tentativa de se tornar mais rentável no longo prazo”, explicam Paulo Renelli Neto e Matheus Corradi, analistas do Banco J. Safra, em relatório. “Compreendemos perfeitamente que esta estratégia pode afetar o tamanho da nossa empresa nos próximos anos”, completa Calciolari.

Estimativas

A Gafisa também revisou para baixo a estimativa de lançamentos para 2011 de uma faixa entre 5 a 5,6 bilhões de reais para 3,5 a 4 bilhões de reais. A expectativa é de um fluxo de caixa positivo durante os próximos trimestres e uma dívida líquida sobre patrimônio líquido abaixo de 60%.

“Vemos essa notícia de maneira positiva, como uma indicação de que a Gafisa não fará “loucuras” para entregar os números esperados anteriormente, pois o cenário de 2011 se mostrou mais desafiador do que esperávamos”, afirma o analista Marco Aurélio Barbosa, da Coinvalores.

Acompanhe tudo sobre:Análises fundamentalistasConstrução civilEmpresasGafisaMercado financeiro

Mais de Mercados

Megafusão de Honda e Nissan: um 'casamento' de conveniência sob intensa pressão

Bolsas de NY vivem pregão pressionado e Ibovespa cai; dólar volta aos R$ 6,19

Embraer assina contrato para vender 2 unidades do C-390 Millennium para cliente não revelado

Crise das emendas, IPCA-15 e dados de emprego: o que move o mercado