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Nos EUA, formadores de mercado desistem de injetar capital em ETF

Os exchange-traded funds atraíram mais de US$ 3 trilhões nos EUA ao oferecer às massas uma forma transparente e de baixo custo de acompanhar um índice

ETFs: fundos de índices são negociados em bolsa, como se fossem ações de uma empresa (Lucas Jackson/Reuters)

ETFs: fundos de índices são negociados em bolsa, como se fossem ações de uma empresa (Lucas Jackson/Reuters)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 23 de outubro de 2017 às 14h39.

Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 14h44.

Para os ETFs, encontrar aquele primeiro grande investidor é questão de vida ou morte. Ultimamente está mais difícil encontrar essa ajuda nos EUA.

Os exchange-traded funds ou ETFs atraíram mais de US$ 3 trilhões nos EUA ao oferecer às massas uma forma transparente e de baixo custo de acompanhar um índice. No passado, não tiveram dificuldade para obter dinheiro para decolar. A enxurrada de dólares na direção de produtos de investimento de perfil passivo praticamente garantia retorno aos primeiros que apoiassem o fundo.

Porém, diante de regulamentos mais rígidos e custos maiores, os formadores de mercado que costumavam agir como investidores iniciais andam relutantes em liberar capital para os emissores. Por sua vez, os emissores encontraram maneiras mais criativas de obter aquela primeira injeção de dinheiro em seus fundos.

“Temos que pensar bem sobre como lançamos produtos”, disse Nick Cherney, responsável por produtos negociados em bolsa da Janus Henderson Group, que tem US$ 323 milhões distribuídos em nove fundos. “A recepção não é mais tão calorosa quanto antes.”

Em vez de recorrer a seu principal formador de mercado para injetar capital inicial no Short Duration Income ETF, a Janus levantou mais de US$ 20 milhões junto ao JPMorgan Chase. O ETF em questão agora tem US$ 151 milhões em ativos.

Nos primeiros nove meses do ano, foram criados aproximadamente 150 fundos, praticamente a mesma quantia observada no mesmo período em 2015 e 2016, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Concorrência acirrada e volatilidade ínfima influenciam a redução dessa manada, mas as mudanças no modo de levantar o chamado capital semente talvez sejam o fator mais importante por trás da tendência de diminuição no número de ETFs.

Capital semente

O capital semente é essencial porque, antes de ser listado em uma bolsa de valores, o ETF precisa adquirir os instrumentos financeiros que compõem o índice que acompanha, o que permite que o preço do fundo seja alinhado ao valor de seus ativos subjacentes.

Tradicionalmente, esse dinheiro vinha dos principais formadores de mercado: bancos, corretoras e plataformas de negociação eletrônica que supervisionam as transações com ETFs. Depois de disponibilizarem o dinheiro, essas firmas então voltavam a seus papéis mais convencionais, garantindo a negociação ordenada do fundo, ao proporcionar o melhor preço de compra e venda do ETF.

Mas a formação de mercado para ETFs anda menos lucrativa. Novas regras exigindo maior quantia de capital separado para cobrir essas transações afastaram os bancos da atividade. Firmas mais ágeis tomaram o espaço, mas a maior complexidade para fornecer preços para mais de 2.000 ETFs tornou a formação de mercado mais cara e complicada.

Assim, muitos formadores de mercado levam os emissores a procurar dinheiro em outras paradas.

“Não há muitos fornecedores dispostos”

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