Fed: após CPI de agosto, mercado vê espaço para alta de 1 p.p. na próxima reunião
Investidores precificam possibilidade de alta de juros ainda mais agressiva em decisão da semana que vem
Guilherme Guilherme
Publicado em 13 de setembro de 2022 às 11h28.
Última atualização em 13 de setembro de 2022 às 11h59.
O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de agosto divulgado nesta terça-feira nos Estados Unidos levou investidores a precificarem a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) elevar a taxa de juro americana em 1 ponto percentual na decisão da próxima semana. A alta, se confirmada, levaria a taxa de juro do Fed para entre 3% e 3,25%.
A chance, que estava em 0% antes dos números da inflação de agosto, saltou para 20% após os dados, segundo monitor de probabilidades do CME Group. Já as chances de uma elevação de 0,50 p.p., mais branda em relação ao ajuste anterior, foi reduzida a 0%. O cenário mais provável, para os investidores, ainda é de que o Fed suba a taxa em 0,75 ponto percentual pela terceira vez consecutiva.
"O dado hoje mostra que ainda temos um cenário de muita incerteza e a inflação ainda é um problema que requer taxas de juro maiores nos países desenvolvidos", disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.
O CPI ficou acima do previsto o mês de agosto, com alta mensal de 0,1%. O consenso de economistas era de deflação de 0,1% para o período e redução do CPI anual de 8,5% para 8,1%. Mas a queda foi menor que a esperada, para 8,3%.
A reação aos dados de inflação também é forte nas bolsas de valores. As perdas superam 2% em Wall Street, com destaque para o índice Nasdaq, que recua mais de 3%.
A maior aversão ao risco respinga no mercado brasileiro, com o Ibovespa quebrando a sequência de três altas seguidas. O dólar, por outro lado, salta mais de 1%, seguindo sua valorização no exterior.
"Como a inflação veio acima do esperado, os juros dos títulos do Tesouro americano estão subindo bastante. Com isso, o fluxo de investimentos sai de economias emergentes vai para os Estados Unidos. O real quase sempre sofre mais com esse movimento, porque é uma das moedas mais líquidas", afirmou Cristiane Quartaroli economista do Banco Ourinvest.