(Andrew Harrer/Bloomberg)
Rita Azevedo
Publicado em 26 de março de 2018 às 14h51.
Última atualização em 26 de março de 2018 às 14h55.
São Paulo -- O escândalo envolvendo o vazamento de dados de usuários fez o Facebook perder, só na semana passada, 74,6 bilhões de dólares em valor de mercado.
Para efeitos de comparação, o montante é pouco superior ao valor atual do Bradesco, que atualmente ronda os 70 bilhões de dólares, segundo cálculos da Economatica.
As ações do Facebook caíram 14% no período, a medida em que as críticas contra a rede social ganharam força entre investidores, políticos e usuários.
A grande dúvida dos analistas é quanto toda essa história irá custar para a companhia, que terá custos extras para sustentar a sua reputação nos próximos meses.
Na última quinta-feira, o presidente-executivo da empresa Mark Zuckerberg tentou acalmar o mercado com um pedido formal de desculpas, mas a medida não foi suficiente para acalmar os nervos de Wall Street.
Ontem, após a publicação de pesquisas nos Estados Unidos e na Alemanha que indicaram que a maioria do público está perdendo a confiança na rede social, o Facebook usou os jornais para se redimir sobre o caso.
Mais uma vez, os esforços parecem não surtirem efeito -- pelo menos entre os investidores. Por volta das 14h45, as ações da companhia caíam em torno de 3%.
No último dia 17, a mídia norte-americana e londrina noticiou que informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook acabaram indevidamente nas mãos da empresa de análise de dados britânica Cambridge Analytica, que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump.
As informações foram utilizadas para construir um programa destinado a prever as decisões dos eleitores e influenciá-las, segundo revelaram os jornais “The London Observer” e “The New York Times”.
“Estamos realizando uma revisão integral, interna e externa, para determinar se são certas as informações de que os dados em questão (roubados) do Facebook ainda existem”, disse em comunicado Paul Grewal, vice-presidente e membro da equipe legal do Facebook.
Segundo a rede social, Aleksandr Kogan, um professor de psicologia russo-americano da Universidade de Cambridge, acessou os perfis de milhões de usuários que baixaram um aplicativo para o Facebook chamado “thisisyourdigitallife” e que oferecia um serviço de prognóstico da personalidade.
Depois proporcionou mais de 50 milhões de perfis a Cambridge Analytica, sendo que 30 milhões deles tinham informações suficientes para serem exploradas com fins políticos, apesar de apenas 270.000 usuários terem dado seu consentimento para que o aplicativo acessasse sua informação pessoal, segundo o “NYT”.
Ao compartilhar esses dados com a empresa e com um dos seus fundadores, Christopher Wylie, Kogan violou as regras do Facebook, razão pela qual essa rede social eliminou em 2015 o aplicativo e exigiu a todos os envolvidos que destruíssem os dados coletados.
“Há vários dias, recebemos informes que nem todos os dados foram apagados”, indicou o Facebook na sexta-feira, advertindo que estava disposto a ir aos tribunais para resolver o tema.
Entre os investidores na Cambridge Analytica estão o ex-estrategista-chefe de Trump e ex-chefe da sua campanha eleitoral em 2016, Steve Bannon, e um destacado doador republicano, Robert Mercer.
A campanha eleitoral de Trump contratou a Cambridge Analytica em junho de 2016 e lhe pagou mais de 6 milhões de dólares, segundo registros oficiais.
Além da apuração no Congresso americano e no parlamento britânico, o caso poderia gerar uma multa multimilionária para o Facebook, pela sua possível violação de uma regulação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) para proteger a privacidade dos usuários de redes sociais.
Com agências de notícias