Espanha busca tranquilizar mercados após rebaixamento da S&P
A agência rebaixou a nota do país de BBB+ a BBB-, a mais baixa para investimentos confiáveis
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2012 às 14h04.
Madri - O governo espanhol tentou nesta quinta-feira tranquilizar os mercados um dia após uma nova sanção por parte da agência de classificação de crédito Standard & Poor's, que age de acordo com os mercados, impacientes para ver o país pedir seu resgate financeiro.
Enquanto a S&P, como sua concorrente Moody's, ameaça sancionar a Espanha colocando-a na categoria de investimento especulativo, "o que nós queremos (...) é desmentir estas projeções", afirmou o secretário de Estado para Assuntos Europeus, Iñigo Méndez de Vigo, à rádio pública.
"Acredito que esta agência de rating está fazendo projeções" sobre as perspectivas econômicas da Espanha, contra as quais "vamos lutar para que esta realidade não se cumpra", disse Méndez, após afirmar que será preciso ver se as previsões da S&P se tornarão reais.
Lutar contra o pessimismo dos mercados e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que preveem uma forte recessão até 2013, é o slogan do governo conservador de Mariano Rajoy, que também quer contrabalançar a imagem da Espanha no exterior, de um país superado pela crise, além de lutar contra a pressão dos investidores para que peça a ajuda europeia o quanto antes.
Mas sua indecisão começa a irritar e na quarta-feira à tarde a S&P rebaixou a nota da Espanha de BBB+ a BBB-, a mais baixa para investimentos confiáveis, acrescentando uma "perspectiva negativa", sinal de que pode levá-la ao bônus lixo no médio prazo.
A mesma ameaça está presente desde junho por parte da Moody's, que deve se pronunciar até o fim de outubro.
Uma sanção da Moody's "é o perigo real", destaca Daniel Pingarrón, analista do IG Markets, e, se ocorrer, será "mais um empurrão, ou mais um passo para que a Espanha peça o resgate", disse.
"A Espanha tem que passar de alguma maneira por uma ajuda financeira", ressalta Marian Fernández, estrategista do banco Inversis.
O discurso da Espanha se parece agora com uma espécie de chantagem: Madri ainda não quer pedir a ajuda, hesitando sobre as condições que serão impostas em troca, e quer antes ver avançar a união bancária europeia, cujas bases foram estabelecidas na cúpula de junho.
"Espero (que estas medidas) sejam aplicadas nas próximas semanas para contribuir para um clima de confiança e credibilidade absolutamente necessário para reforçar os investimentos" e recuperar "confiança na Eurozona", defendeu nesta quinta-feira o secretário de Estado para Assuntos Europeus.
Mariano Rajoy fez na quarta-feira um chamado em tal sentido, pedindo em Paris, com o presidente francês François Hollande, decisões sobre a união bancária antes do fim do ano.
"A Espanha é o país mais interessado na união bancária": isto pode evitar que a ajuda da Eurozona acordada em junho aos seus bancos, por um máximo de 100 bilhões de euros, não aumente sua dívida pública, advertiu Daniel Pingarrón.