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Emissões de debêntures disparam com fusões e investimentos

Soma das fusões com participação de empresas brasileiras soma US$ 84 bilhões em 2010; entre os Brics só a China soma mais

A aquisição da Net pela Embratel de Carlos Slim foi uma das principais aquisições do ano   (Mario Tama/Getty Images)

A aquisição da Net pela Embratel de Carlos Slim foi uma das principais aquisições do ano (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2010 às 11h00.

São Paulo - Empresas brasileiras estão emitindo o maior volume de debêntures desde abril para financiar aquisições e investimentos em meio à maior expansão econômica em duas décadas.

Nas duas primeiras semanas de outubro foram emitidos R$ 5,25 bilhões em debêntures, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima. O volume emitido saltou com a venda de R$ 3,15 bilhões pela Embratel Participações SA, unidade da América Móvil SAB de C.V., do bilionário mexicano Carlos Slim, na maior emissão por uma empresa não-financeira no País desde 2006, para pagar pelo aumento de participação na Net Serviços de Comunicação SA.

As empresas estão se voltando para o mercado local de dívida para financiar a expansão em meio à expectativa de analistas de que a maior economia da América Latina vai crescer 7,1 por cento este ano. O valor dos acordos nos quais empresas brasileiras foram alvo de aquisição subiu para US$ 84 bilhões no ano até ontem, mais do que em qualquer ano inteiro desde pelo menos 1998, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 2009, o valor ficou em US$ 61 bilhões. Esse volume se compara a US$ 32 bilhões em aquisições de empresas Russas, US$ 34 bilhões na Índia e US$ 87 bilhões na China, segundo os dados.

“O mercado local está ganhando profundidade”, disse Ricardo Kovacs, analista sênior da Moody’s Investors Service em São Paulo, disse numa entrevista por telefone. “As emissões mostram a evolução do mercado de capitais brasileiro. Ainda que com prazos menores do que no mercado internacional, é uma boa opção para empresas com receita exclusivamente em moeda local.”

A Embratel, com sede no Rio de Janeiro, emitiu debêntures de três anos atreladas ao Certificado de Depósito Interfinanceiro em 8 de outubro. Com o CDI a 10,64 por cento ontem, os títulos rendem cerca de 11 por cento. Em comparação, os papéis do Tesouro com vencimento em 2013 pagam taxas em linha com o CDI, enquanto os prefixados rendem 11,82 por cento, de acordo com dados da Bloomberg.

"Regra rápida"

As emissões de debêntures somaram R$ 35,7 bilhões este ano, um acréscimo de 86 por cento em relação ao total dos primeiros 10 meses do ano passado, segundo dados da Anbima. E as empresas aguardam autorização para mais R$ 3,1 bilhões em ofertas.

Todas as emissões deste mês foram feitas pela Instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários, que restringe a venda dos títulos para até 20 investidores.

“Estamos vendo um avanço no crédito com debêntures pela regra rápida”, disse Gustavo Dezouzart, sócio da Oliveira Trust, agente fiduciário para R$ 6,5 bilhões em acordos este ano, numa entrevista por telefone de São Paulo.

O vencimento médio das debêntures emitidas no Brasil aumentou de 3,8 anos em 2009 para 5 anos. Na última emissão realizada este mês, a Votorantim Cimentos levantou R$ 1 bilhão com papéis de 10 anos. O alongamento dos vencimentos está permitindo que empresas de infraestrutura, serviços públicos e construtoras financiem seus investimentos de longo prazo, disse Rubens Cardoso, gerente executivo de mercado de capitais do Banco do Brasil, numa entrevista por telefone de São Paulo.

“Estamos vendo níveis recordes de emissão para sustentar o crescente investimento”, disse ele.

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