Em países de câmbio fixo, dólar chega a custar até 136% mais
Países em desenvolvimento que adotam câmbio fixo têm dificuldade em diminuir o controle sobre a própria moeda
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 19h42.
Apenas nas ruas de cidades como Cairo, Abuja ou Tashkent é possível medir a pressão sofrida pelos países em desenvolvimento para diminuir os controles sobre suas moedas.
Indivíduos e empresas de cinco países da Ásia Central, do Oriente Médio e da África estão pagando de 4 por cento a 136 por cento além das taxas de câmbio oficiais para conseguir dólares , segundo uma pesquisa da Bloomberg.
Os chamados mercados negros prosperam quando há escassez de dólares e são um indicador do quanto uma moeda deveria poder ser desvalorizada para que atinja seu valor justo.
Os bancos centrais que mantêm controles cambiais estão sob pressão depois que a queda dos preços das commodities e a desaceleração do crescimento global enfraqueceram moedas de países como Brasil e Rússia em pelo menos 18 por cento nos últimos 12 meses.
Nos quatro meses posteriores ao choque de desvalorização do yuan promovido pela China em agosto, o Cazaquistão, a Argentina e o Azerbaijão abandonaram os controles de suas taxas de câmbio com o objetivo de aumentar a competitividade e evitar o esgotamento de suas reservas.
“Há uma enorme pressão sobre alguns controles cambiais nos mercados emergentes, com a taxa não oficial divergindo significativamente da taxa oficial”, disse Bernd Berg, estrategista de mercados emergentes do Société Générale em Londres.
“Países como a Nigéria mantêm taxas de câmbio fixas que são insustentáveis. Quando os controles são retirados, aqueles que investem na moeda local enfrentam prejuízos significativos”.
No caso da Argentina, a mudança para a livre flutuação, em dezembro, eliminou a diferença de 4,2 pesos entre a taxa oficial e a do mercado negro. Nos meses anteriores à mudança, a moeda chegou a custar nas ruas 50 por cento a mais que a taxa do banco central.
Custo pelo mundo
Essa diferença é semelhante à que os cambistas de Abuja, capital da Nigéria, estão cobrando pelos dólares atualmente. Os vendedores de Tashkent estão exigindo mais que o dobro para a conversão do som, a moeda do Usbequistão.
O custo para comprar a moeda americana em uma negociação oficiosa no Egito continua aumentando mesmo após o banco central ter desvalorizado a libra egípcia três vezes no ano passado.
A taxa cobrada nas ruas “reflete melhor onde a taxa baseada no mercado deveria estar”, disse Simon Quijano-Evans, estrategista-chefe para mercados emergentes do Commerzbank em Londres.
Ela mostra “como os participantes e indivíduos do país realmente se sentem em relação a suas moedas”, disse ele.
A existência de um mercado negro não é o único indicador de que um país pode estar perto de mudar sua política cambial.
Não havia uma taxa paralela no Cazaquistão quando o país abandonou o controle do tenge para aumentar a competitividade por seus produtos nas vizinhas China e Rússia.
Apenas nas ruas de cidades como Cairo, Abuja ou Tashkent é possível medir a pressão sofrida pelos países em desenvolvimento para diminuir os controles sobre suas moedas.
Indivíduos e empresas de cinco países da Ásia Central, do Oriente Médio e da África estão pagando de 4 por cento a 136 por cento além das taxas de câmbio oficiais para conseguir dólares , segundo uma pesquisa da Bloomberg.
Os chamados mercados negros prosperam quando há escassez de dólares e são um indicador do quanto uma moeda deveria poder ser desvalorizada para que atinja seu valor justo.
Os bancos centrais que mantêm controles cambiais estão sob pressão depois que a queda dos preços das commodities e a desaceleração do crescimento global enfraqueceram moedas de países como Brasil e Rússia em pelo menos 18 por cento nos últimos 12 meses.
Nos quatro meses posteriores ao choque de desvalorização do yuan promovido pela China em agosto, o Cazaquistão, a Argentina e o Azerbaijão abandonaram os controles de suas taxas de câmbio com o objetivo de aumentar a competitividade e evitar o esgotamento de suas reservas.
“Há uma enorme pressão sobre alguns controles cambiais nos mercados emergentes, com a taxa não oficial divergindo significativamente da taxa oficial”, disse Bernd Berg, estrategista de mercados emergentes do Société Générale em Londres.
“Países como a Nigéria mantêm taxas de câmbio fixas que são insustentáveis. Quando os controles são retirados, aqueles que investem na moeda local enfrentam prejuízos significativos”.
No caso da Argentina, a mudança para a livre flutuação, em dezembro, eliminou a diferença de 4,2 pesos entre a taxa oficial e a do mercado negro. Nos meses anteriores à mudança, a moeda chegou a custar nas ruas 50 por cento a mais que a taxa do banco central.
Custo pelo mundo
Essa diferença é semelhante à que os cambistas de Abuja, capital da Nigéria, estão cobrando pelos dólares atualmente. Os vendedores de Tashkent estão exigindo mais que o dobro para a conversão do som, a moeda do Usbequistão.
O custo para comprar a moeda americana em uma negociação oficiosa no Egito continua aumentando mesmo após o banco central ter desvalorizado a libra egípcia três vezes no ano passado.
A taxa cobrada nas ruas “reflete melhor onde a taxa baseada no mercado deveria estar”, disse Simon Quijano-Evans, estrategista-chefe para mercados emergentes do Commerzbank em Londres.
Ela mostra “como os participantes e indivíduos do país realmente se sentem em relação a suas moedas”, disse ele.
A existência de um mercado negro não é o único indicador de que um país pode estar perto de mudar sua política cambial.
Não havia uma taxa paralela no Cazaquistão quando o país abandonou o controle do tenge para aumentar a competitividade por seus produtos nas vizinhas China e Rússia.