Efeito Bolsonaro some no câmbio
Um dos motivos para o comportamento do câmbio é o aumento da volatilidade externa
Karla Mamona
Publicado em 27 de novembro de 2018 às 10h21.
Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 10h28.
(Bloomberg) -- Apesar dos elogios rasgados à equipe econômica do futuro governo, repleta de Chicago boys, o efeito da eleição de Jair Bolsonaro sobre o mercado, especialmente no câmbio, se esgotou. O dólar vem operando em alta nas últimas quatro semanas e já está acima do nível anterior ao primeiro turno, de R$ 3,83. O Ibovespa ainda se mantém acima do nível pré-eleição, mas se distanciou do recorde. O mercado de juros é o onde o otimismo está mais resiste, graças ao recuo da inflação.
Um dos motivos para o comportamento do câmbio é o aumento da volatilidade externa, com a combinação de riscos como o de alta dos juros americanos, da guerra comercial entre EUA e China e, mais recentemente, a queda livre do petróleo.
Além do petróleo, o recuo do minério de ferro, uma das principais commodities da pauta de exportações do país, é negativo para grandes produtores como o Brasil e Austrália, diz Win Thin, da Brown Brothers Harriman.
Nesta segunda, especificamente, o real tem desempenho pior que outros ativos também diante das incertezas sobre a relação entre Bolsonaro e o Congresso, que poderiam prejudicar a votação das reformas, diz o estrategista.
O efeito Bolsonaro nos ativos financeiros locais "está sumindo", diz Danny Fang, estrategista de câmbio do BBVA. De acordo com Fang, politicamente os obstáculos são altos e muitos investidores continuam não convencidos de que muitas das políticas do novo governo poderão ser aprovadas pelo Congresso.
A perda de fôlego da moeda brasileira ocorre justamente num momento em que os efeitos da eleição começam a despontar na economia real. A confiança do consumidor subiu para 93,2 em novembro, no maior nível desde julho de 2014, segundo a Fundação Getúlio Vargas. “A retirada da incerteza eleitoral e redução da pressão financeira nos mercados está dando ânimo ao consumidor”, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.