"Efeito Bolsonaro" destrava IPOs de empresas brasileiras
Faltando dias para o segundo turno, o mercado já dá como certa a vitória de Jair Bolsonaro, que caiu no gosto dos investidores
Karla Mamona
Publicado em 25 de outubro de 2018 às 16h31.
Última atualização em 25 de outubro de 2018 às 19h48.
(Bloomberg) -- A última semana antes das eleições surpreendeu projeções de que 2018 estava quase perdido para as ofertas inicias de ações, com diversas empresas retomando planos depois de meses de paralisia.
Faltando dias para o segundo turno, o mercado já dá como certa a vitória de Jair Bolsonaro, que caiu no gosto dos investidores. A expectativa de um novo governo comprometido com a agenda de austeridade fiscal levou o Ibovespa a entrar em bull market e destravou as ofertas. Desde segunda-feira, a Tivit retomou os planos de negociar ações em bolsa, o BMG registrou um pedido IPO e a StoneCo, que abriu capital antecipou a precificação para quarta diante da forte demanda pelos papéis.
“A grande probabilidade do candidato com viés reformista ganhar a eleição já começou a aguçar o interesse de empresas”, disse Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset. “Com a confirmação de um cenário de retomada da economia, da confiança do empresário e dos consumidores, abre-se uma janela de oportunidades para captações no mercado de capitais, seja em ações ou renda fixa”, disse.
A expectativa de uma eleição complicada, com mais de 10 candidatos no primeiro turno e incertezas sobre a força da candidatura do PT, deixou os mercados em compasso de espera. No final de agosto, havia pelo menos US$ 33 bilhões em fusões, aquisições, emissão de ações e títulos de dívida parados, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Bolsonaro lidera as pesquisas com ampla margem de 14 pontos à frente do candidato do PT, Fernando Haddad, segundo a última pesquisa Ibope. O segundo turno das eleições brasileiras está marcado para dia 28 de outubro.
“O nome do presidente já está precificado e próximos drivers para movimentação do mercado serão o anúncio de medidas concretas como reformas e corte de gastos, além da definição da equipe econômica, do presidente do BC, do BNDES”, disse Sergio Goldman, estrategista da Magliano Corretora. Nesse cenário “faz todo sentido termos uma destravada no mercado de capitais ainda esse ano”.