Dólar tem leve queda ante real antes da posse de Trump
A morte do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, também estava no radar
Reuters
Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 15h47.
São Paulo - O dólar operava com leve queda ante o real nesta sexta-feira, com a expectativa pela posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump , trazendo cautela aos investidores e enxugando um pouco o volume de negócios.
A morte do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, também estava no radar, diante das incertezas que cercam o futuro da operação.
Às 12:10, o dólar recuava 0,33 por cento, a 3,1897 reais na venda, depois de ter cedido 0,58 por cento na véspera. O dólar futuro tinha leve baixa de 0,25 por cento.
"O mercado, de um modo geral, estava bem calmo, mas não descarto algum movimento defensivo mais perto da hora da posse de Trump (15:00, horário de Brasília)", comentou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Tump está pronto para começar a implementar ações executivas no seu primeiro dia na Casa Branca, para avançar rapidamente com as suas promessas de reprimir imigração, construir um muro na fronteira entre Estados Unidos e México e reverter políticas do presidente Barack Obama.
O maior temor dos investidores é que Trump adote de fato uma política econômica inflacionária e protecionista, o que poderia obrigar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar ainda mais os juros.
Se isso se concretizar, recursos aplicados em outras praças, como a brasileira, podem migrar para os Estados Unidos em busca de rendimentos maiores.
No exterior, o dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas e algumas divisas de emergentes, como o rand sul-africano.
Internamente, a morte de Zavascki criou grandes incertezas sobre o futuro da operação Lava Jato, sobretudo no que se refere ao substituto que dará andamento à operação no STF.
A expectativa era de que o ministro decidisse em fevereiro se homologaria ou não o acordo de delação premiada de 77 executivos da Odebrecht.
O acordo é apontado como tendo potencial explosivo para boa parte da classe política que teve o nome citado pelos executivos da empreiteira.
"A leitura é de que traz um componente de especulação, pode alterar o rumo das investigações e isso não é bom para a credibilidade. Vai fazer preço nos ativos em algum momento", afirmou Silva.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente o lote de 15 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares-- ofertado em leilão desta sexta-feira para rolagem do vencimento de fevereiro.
Com este leilão, o BC já vendeu o equivalente a 2,7 bilhões de dólares para rolar o total de 6,431 bilhões de dólares que vencem em fevereiro.