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Dólar sobe e encosta em R$ 3,25 com cenário político local

A moeda avançou 0,50%, a R$ 3,2473 na venda, depois de atingir a máxima de R$ 3,2691, no maior patamar em mais de quatro meses

Dólar: investidores entendem que o forte desempenho do dólar é momentâneo (iStock/Getty Images)

Dólar: investidores entendem que o forte desempenho do dólar é momentâneo (iStock/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 24 de outubro de 2017 às 17h44.

São Paulo - O dólar fechou esta terça-feira em alta, pelo quarto pregão seguido e encostando no patamar de 3,25 reais, diante de expectativas sobre os juros maiores nos Estados Unidos e com temores sobre a força política que o governo do presidente Michel Temer terá para dar sequência a importantes reformas, em especial a da Previdência.

O dólar avançou 0,50 por cento, a 3,2473 reais na venda, depois de atingir a máxima de 3,2691 reais, novamente no maior patamar em mais de quatro meses. Em quatro sessões, acumulou alta de 2,60 por cento.

O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,20 por cento no final da tarde.

"O mercado parece estar se preparando para aprovação da reforma tributária nos Estados Unidos", afirmou o operador da corretora H. Commcor, Cleber Alessie Machado.

A expectativa de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa elevar mais os juros tem sido alimentada depois que o Senado dos Estados Unidos aprovou esboço do orçamento que abre caminho para o plano de redução de impostos de Trump, o que pode dar gerar mais pressão inflacionária.

A esse cenário soma-se a sucessão do comando do Fed. Trump tem dito que ainda avaliava pelo menos três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual chair do Fed, Janet Yellen.

"A escolha de Taylor deixaria os mercados descontentes porque ele tem um perfil mais conservador e tende a subir os juros. O mercado fica mais confortável com a escolha de Powell ou Yellen", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Mais juros dos Estados Unidos tende a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.

A cena política doméstica também continuou no radar. No dia seguinte, o plenário da Câmara dos Deputados começa a votar a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, dessa vez por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.

O Palácio do Planalto concentrava seus esforços para assegurar os mesmos 263 de votos da primeira denúncia, e avisou aos parlamentares que, desta vez, as consequências de votar contra o presidente serão mais duras.

O placar, para o mercado, é importante por sinalizar o apoio que o governo tem no Legislativo para dar continuidade a importantes medidas econômicas, com destaque para a reforma da Previdência.

"Há cautela antes da votação (da denúncia contra Temer). Se os votos ficarem muito abaixo dos 263 da votação anterior, os mercados vão ficar tensos, pois nesse ambiente desfavorável a reforma da Previdência não passa nem com formato mais enxuto", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Apesar do salto nos últimos dias, os investidores entendem que o forte desempenho do dólar é momentâneo.

"Tenho a impressão que se Temer tiver 270 deputados para barrar a denuncia, isso dará um ânimo e esse mercado deve voltar gradativamente aos níveis da semana passada (entre 3,17 e 3,18 reais)", afirmou o superintendente da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva.

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