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Dólar fecha em alta à espera de corte de juros

Mercado passa a considerar redução de até 0,75 p.p., após dados fracos sobre a produção industrial brasileira

Dólar: moeda sobe 1,2% e encerra cotada a 5,59 reais (halduns/Getty Images)

Dólar: moeda sobe 1,2% e encerra cotada a 5,59 reais (halduns/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 5 de maio de 2020 às 17h10.

Última atualização em 6 de maio de 2020 às 09h02.

Depois de abrir o pregão desta terça-feira, 5, em queda contra o real, o dólar mudou de direção, com a expectativa de que o corte da taxa básica de juros Selic seja ainda mais intenso, e fechou em alta. A valorização do dólar ocorreu mesmo com o bom humor dos investidores internacionais, otimistas com a reabertura de algumas da principais economias do mundo. Por aqui, o dólar comercial subiu 1,2% e encerrou cotado a 5,590 reais, enquanto o dólar turismo se apreciou 2,8%, a 5,91 reais.

Pela manhã, a queda da Selic em 0,5 ponto percentual era dada como certa. Mas, após a divulgação da produção industrial brasileira de março, que despencou 9,1%, a possibilidade de uma redução de 0,75 ponto percentual ganhou força. A especulação sobre de quanto será o corte ocorre a um dia da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

"Os juros futuros estão afundando, com os dados mostrando um impacto forte do coronavírus na economia brasileira", comentou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset.

Embora o corte de juros possa contribuir para a aceleração da atividade econômica, a tendência é a de que o real se desvalorize, uma vez que os títulos públicos ficam menos atrativos para estrangeiros, resultando em uma menor entrada de dólares no país. Para Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti, o dólar deve voltar a subir se o corte se concretizar.

Segundo Spyer, o ISM americano, que apresentou uma severa contração da atividade não-manufatureira dos Estados Unidos, ajudou a fortalecer a moeda americana frente aos pares desenvolvidos. Embora pouco acima das expectativas do mercado, o ISM caiu para as mínimas de 2009. "Depois que saiu o resultado, o dólar ganhou força no mundo inteiro." O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana contra as principais divisas do mundo sobe 0,3%.

O cenário político também voltou ao foco, após se tornar público o depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro prestado na Polícia Federal, no fim de semana. "É bem provável que agrave a crise política", afirmou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Segundo ele, o conteúdo do depoimento é "aparentemente grave" e pode endossar o discurso de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Lá fora, os mercados seguiram a tendência positiva com o achatamento das curvas de contágio do coronavírus nos principais polos da doença. Nos Estados Unidos, epicentro do coronavírus, 31 dos 50 estados devem iniciar algum tipo de afrouxamento da quarentena até o fim desta semana. Na Europa, os países também começam a reabrir os negócios, como é caso da Alemanha, Itália, Espanha, Grécia e Portugal.

Com a melhora do cenário macroeconômico, algumas das principais divisas emergentes, como peso mexicano e o rublo russo, ganharam força contra a moeda americana.

“É um sentimento de alívio depois de um longo período fechado”, disse Jefferson Rugik.

Rugik também avalia que a alta do barril de petróleo ajudou a valorizar moedas relacionadas à commodity. Nesta terça, o petróleo subiu 20%, com a expectativa de que a reabertura das economias aumente sua demanda e com anúncio de corte de produção do estado americano do Texas.

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