Lá fora, as moedas de maior risco beneficiaram-se do noticiário do final de semana (Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2012 às 18h00.
São Paulo - O comportamento do mercado doméstico de câmbio descolou-se do exterior nesta segunda-feira. Enquanto lá fora os investidores experimentaram um momento de alívio na aversão ao risco, que beneficiou a maioria das moedas em detrimento do dólar, o real seguiu em queda. A pressão partiu do mercado de derivativos, e a percepção dos operadores é de que continua o movimento de zeragem detonado depois que o dólar atingiu a marca de R$ 2,00.
No mercado à vista de balcão, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,042, com alta de 1,09%. Esse é o maior valor desde 18 de maio de 2009, quando a moeda ficou em R$ 2,0760. Na BM&F, o dólar à vista fechou em R$ 2,449 (+1,23%) e o dólar junho valia R$ 2,054 (+1,33%) no final da tarde. Quanto ao volume de negócios, a percepção dos operadores é de que não houve destaques.
Durante todo o pregão, a sustentação da trajetória de alta do dólar ante o real, na contramão do exterior, alimentou expectativas de que o Banco Central voltasse a intervir nos negócios. Na sexta-feira, o BC ofertou 13 mil contratos de swap cambial - que representa venda futura de dólares - num montante equivalente a US$ 654,3 milhões. Com isso, o BC anulou o vencimento de swaps cambiais reversos - compra - do próximo dia 1º de junho. Vale lembrar que, em 1º de julho, há um novo vencimento de swaps cambiais reversos - que equivalem a compra de dólares. São 49.400 contratos, num total de cerca de US$ 2,4 bilhões.
Além de comentários sobre a possibilidade de um novo leilão de swap tradicional, o mercado discutiu uma eventual retirada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas posições vendidas em derivativos superiores a US$ 10 milhões. Nesta segunda-feira o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reforçou a ideia de que as atuações do BC se darão para manter o mercado dentro da normalidade. Durante uma palestra, em São Paulo, Tombini avaliou que a valorização recente do dólar é generalizada e que o real tem uma desvalorização em linha com as demais moedas.
Lá fora, as moedas de maior risco beneficiaram-se do noticiário do final de semana, principalmente da preocupação que o G-8 demonstrou em buscar a retomada do crescimento. A China também foi motivo de alívio. O primeiro-ministro do país, Wen Jiabao, disse que existe a necessidade de se evitar que a economia chinesa se desacelere rapidamente, aliviando os temores de pouso brusco na segunda maior economia do planeta. Além disso, houve melhora no cenário político grego.