Dólar cai quase 1% e volta à casa dos R$3,35
Movimento de queda vinha mesmo após o Banco Central reduzir sua atuação no mercado de câmbio
Reuters
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 10h51.
São Paulo - O dólar operava em queda de quase 1 por cento ante o real nesta segunda-feira, acompanhando o movimento da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, mas com os investidores atentos aos desdobramentos políticos brasileiros.
O movimento de queda vinha mesmo após o Banco Central reduzir sua atuação no mercado de câmbio.
Às 10:31, o dólar recuava 0,92 por cento, a 3,3557 reais na venda, depois de bater 3,3476 reais na mínima do dia. O dólar futuro cedia 0,85 por cento.
"Mesmo sem o BC, o dia começou mais calmo com o exterior", comentou o diretor de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa. "Mas a autoridade pode voltar a atuar mais firmemente a partir do momento que tiver pressão compradora mais forte e até para conter a inflação", completou.
Lá fora, o dólar caía ante o rand sul-africano e os pesos chileno e mexicano.
O momento de alívio veio depois da forte onda de aversão ao risco, que levou o dólar às máximas em anos, causada pela surpreendente eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que alimentou o temor entre os investidores de que a política econômica norte-americana pode se tornar inflacionária e pressionar o Federal Reserve, banco central do país, a elevar ainda mais os juros.
A pesquisa Focus do BC, que ouve uma centena de economistas toda semana, mostrou maior previsão para o dólar no fim de 2016, a 3,30 reais, ante 3,22 reais, após a vitória de Trump.
Diante do cenário de menor pressão, o BC brasileiro indicou que fará menos intervenções ao anunciar na noite de sexta-feira apenas a rolagem dos contratos de swaps cambiais tradicionais que vencem no início de dezembro.
O BC anunciou que irá ofertar nesta sessão até 20 mil contratos de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- com vencimento em 1º de fevereiro de 2017 e 1º de março de 2017.
"Sem os leilões novos do BC, o dólar está totalmente livre para seguir seus pares", comentou um profissional da mesa de câmbio de uma operadora.
Na semana passada, o BC intensificou sua atuação no mercado de câmbio devido ao salto do dólar frente ao real, ao mesmo tempo em que o Tesouro também agiu no mercado de títulos públicos. As ações trouxeram mais equilíbrio aos mercados financeiros, com a moeda norte-americana fechando a última semana com queda acumulada de 0,16 por cento, depois de ir acima de 3,50 reais no intradia.
"Não acho improvável o dólar voltar a acelerar ante o real, mas de modo mais suave. Não deve acontecer novamente o efeito manada que se seguiu às eleições nos EUA", comentou Correa, da Multi-Money. "O mercado já vem se acomodando", emendou.
O que pode influenciar nos preços é o novo revés político do governo do presidente Michel Temer, com a saída do então ministro da Cultura Marcelo Calero, que acusou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo para liberar um empreendimento embargado em Salvador.
"O desenrolar desse caso está no radar do mercado", comentou um profissional da mesa de renda fixa de uma corretora.
Na cena política e econômica, também pesava sobre os investidores a atual situação financeira dos Estados e novas prisões de político influentes. O temor é que esse cenário possa atrapalhar a votação de medidas importantes para o governo no Congresso Nacional.