Ao meio dia, moeda americana avança e bate recorde (FreeImage)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2015 às 12h44.
São Paulo - O dólar ampliou a alta a mais de 1 por cento nesta terça-feira, acima de 3,40 reais pela primeira vez em mais de doze anos, em meio a preocupações com a situação fiscal brasileira e à expectativa de alta dos juros norte-americanos.
Às 12:05, o dólar avançava 1,17 por cento, a 3,4032 reais na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana atingiu 3,4058 reais, maior nível intradia desde 27 de março de 2003, quando foi a 3,4230 reais. Nas últimas quatro sessões, o dólar acumulou valorização de 6 por cento.
"Todos os motivos que têm pressionado o dólar nos últimos dias continuam valendo. Não dá para saber onde a moeda vai parar", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.
Investidores têm demonstrado preocupação com a possibilidade de o Brasil perder seu grau de investimento, após cortes nas metas fiscais do governo deste e dos próximos anos surpreenderem e decepcionarem os mercados financeiros.
O cenário político conturbado também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congresso --em pé de guerra com o Executivo-- para aprovar as medidas de ajustes fiscais. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo "para garantir a previsibilidade fiscal".
Outro fator importante para os próximos passos do dólar é a reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que termina na quarta-feira. Sinalizações de que o Fed caminha para elevar os juros ainda neste ano podem servir de gatilho para a moeda norte-americana dar mais um salto, afirmaram operadores, uma vez que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no Brasil.
"A verdade é que o dólar não tem motivo para cair. Qualquer queda vai ser um alívio temporário", disse a operadora de um banco nacional.
O atual momento do mercado de câmbio também fez investidores redobrarem a atenção sobre a intervenção do Banco Central, já que a valorização da moeda norte-americana tende a pressionar a inflação ao encarecer importados. O sinal mais imediato será o anúncio da rolagem dos swaps cambiais que vencem em setembro, equivalentes a venda futura de dólares.
Nos últimos meses, o BC tem feito rolagens parciais e caminha para repor cerca de 60 por cento do lote de agosto, equivalente a 10,675 bilhões de dólares. Operadores têm afirmado que, se mantiver essa proporção para o lote de setembro, o BC sinalizaria que está confortável com o avanço da moeda norte-americana.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais. Com isso, já rolou o equivalente a 5,684 bilhões de dólares, ou cerca de 53 por cento do lote que vence no início de agosto, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares.
Pela manhã, o dólar chegou a recuar 0,6 por cento sobre o real, em um movimento de ajuste após as altas recentes e em linha com os mercados externos, onde o dólar se desvalorizava em relação às principais moedas emergentes. No entanto, operadores já esperavam que a moeda dos EUA retomasse a trajetória de alta.
"A trajetória do dólar é de volatilidade no curto e no médio prazo", disse pela manhã o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa, já prevendo que a moeda dos EUA ultrapassaria 3,40 reais no curto prazo.