Dólar fecha em alta após saída de 2º ministro da Saúde em meio à pandemia
Depois de permanecer por menos de um mês no cargo, Nelson Teich pediu exoneração em um dos momentos mais críticos da crise do coronavírus no Brasil
Guilherme Guilherme
Publicado em 15 de maio de 2020 às 11h54.
Última atualização em 15 de maio de 2020 às 18h50.
O dólar fechou em alta nesta sexta-feira 15, após o pedido de exoneração do então ministro da Saúde Nelson Teich . Pela manhã, a moeda americana chegou a operar em baixa, com a aproximação entre o Executivo e o Legislativo, mas ganhou força logo após o pedido de demissão vir a público. Odólar comercial subiu 0,3% e encerrou cotado a 5,839 reais. O dólar turismo, com menos liquidez, terminou estável, a 6,15 reais.
Neson Teich, que assumiu o Ministério da Saúde depois da saída de Luiz Henrique Mandetta , não permaneceu sequer um mês no posto. A expectativa é a de que o general Eduardo Pazuello, que assumiu interinamente o cargo, seja efetivado.
Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, vê o pedido de demissão associado à tentativa de intromissão do presidente em questões técnicas do ministério. "O mercado não vê isso com bons olhos. Isso assusta", disse.
A saída do segundo ministro da Saúde em meio à pandemia, ocorre em um dos momentos mais críticos da doença no Brasil. De acordo com os últimos dados do ministério da Saúde, já são mais de 200 mil infectados confirmados e quase 14 mil mortos pelo vírus no país - e a curva de contaminação segue em ascensão.
No cenário externo, as moedas emergentes sofreram perdas contra o dólar, com a piora da relação entre China e Estados Unidos, após o governo dos Estados Unidos mudar as regras de exportação para bloquear o fornecimentos de semicondutores para a fabricante chinesa de smartphones Huawei.
A medida americana para minar o fornecimento de equipamentos para a Huawei é mais um capítulo da guerra comercial entre os dois países. Embora sua administração tenha confirmado, na última sexta-feira, a intenção de manter o acordo de janeiro, o presidente Donald Trump tem aumentado as agressões verbais à China, que ele julga ser responsável pelo coronavírus covid-19.
“Esse é um fator fundamental. Uma guerra comercial em um momento já delicado preocupa e muito o mercado”, avalia Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.
Na quinta-feira, a moeda chegou a tocar os 5,972 reais na máxima intradiária e o movimento de alta só resfriou quando o BC anunciou leilão de até 20 mil contratos de swap cambial. “Ontem, o sentimento foi de que ele atuou para não deixar subir para 6 reais. Esta é a marca psicológica bem importante. Se deixar romper, tem espaço para ir para 6,20 reais rapidamente. Tem muitas operações nesse nível”, disse Vanei.