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Dívida em dólar tem maior vantagem sobre Ibovespa em nove meses

O resultado reflete a aposta de investidores de que a desaceleração da economia fará com que a inflação perca força

No Brasil, a produção industrial caiu 2,1% em abril e a confiança do consumidor caiu em maio, aumentando as especulações sobre a queda da inflação (Laílson Santos/VEJA)

No Brasil, a produção industrial caiu 2,1% em abril e a confiança do consumidor caiu em maio, aumentando as especulações sobre a queda da inflação (Laílson Santos/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2011 às 11h23.

Nova York - Os títulos brasileiros denominados em dólar apresentam o melhor desempenho em nove meses na comparação com a renda variável. Essa vantagem reflete a aposta de investidores de que a inflação vai perder força com a desaceleração da economia.

A rentabilidade de 2,2 por cento dos títulos em maio se compara a uma perda de 2,9 por cento para o Ibovespa, a maior diferença desde agosto, de acordo com dados compilados pela Bloomberg e pelo JPMorgan Chase & Co. O rendimento médio da dívida brasileira em dólar caiu 17 pontos-base, ou 0,17 ponto percentual, no mês passado para 5,11 por cento. Para o Ibovespa, a estimativa de lucro dividida pelo preço da ação é 10,2 por cento.

A desaceleração do crescimento econômico em todo o mundo está reduzindo a demanda por ativos de maior rendimento. A alta inesperada do desemprego nos Estados Unidos, divulgada na semana passada, reforçou os sinais de que a expansão da maior economia do mundo está perdendo fôlego. No Brasil, a produção industrial caiu 2,1 por cento em abril, a maior queda mensal desde 2008, e a confiança do consumidor caiu em maio para o menor nível em mais de um ano, aumentando especulações de que a inflação vai recuar depois de ter atingido o maior patamar em seis anos.

“Os dados fracos estão vindo de toda parte -- Europa, Estados Unidos, e alguns mercados emergentes, incluindo o Brasil”, disse em entrevista por telefone Henry Stipp, que ajuda a administrar cerca de R$ 2,3 bilhões em ativos de renda fixa de mercados emergentes na Threadneedle Asset Management em Londres. “Os dados mais fracos não ajudam as bolsas; eles ajudam os mercados de títulos.”

A dívida brasileira em dólar avançou 4,7 por cento este ano, comparado a um ganho de 3,8 por cento para a dívida de mercados emergentes em geral, de acordo com o JPMorgan. O Ibovespa acumula queda de 1,9 por cento este ano. A dívida pública doméstica também está com desempenho melhor do que a bolsa, com ganho de 12,1 por cento em dólar.


Crescimento mais lento

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, subiu a taxa básica de juros em 125 pontos-base este ano para 12 por cento para segurar o avanço dos preços ao consumidor, que chegou a 6,51 por cento nos 12 meses até abril.

O Produto Interno Bruto se expandiu 4,2 por cento no primeiro trimestre em relação a um ano antes, segundo relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no Rio de Janeiro em 3 de junho. No quarto trimestre, a expansão do PIB foi de 5 por cento.

“Quanto à bolsa, a visão é basicamente que o governo teve de subir o juro básico e o juro real também subiu, e isso vai prejudicar o crescimento. Houve revisões pra baixo nas projeções de lucro, portanto as pessoas estão com uma visão menos pró- cíclica, menos pró-crescimento”, disse Frederick Searby, estrategista de renda variável para América Latina do Deutsche Bank AG, em entrevista por telefone de Nova York. “Há incerteza acerca da recuperação global, e é melhor estar na renda fixa quando o crescimento se desacelera.”

Nos EUA, o número de novos postos de trabalho cresceu no menor ritmo em oito meses e a taxa de desemprego teve uma alta inesperada para 9,1 por cento em maio.

‘Trechos de fraqueza’

As ações brasileiras vão se recuperar quando a economia global ganhar força mais adiante este ano, disse Alejandro Urbina, que ajuda a administrar cerca de US$ 800 milhões na Silva Capital Management LLC.

“Esses trechos que fraqueza são esperados”, disse Urbina em entrevista por telefone de Chicago. “Assim que a percepção sobre a recuperação global mudar novamente no sentido de que a tendência pode se reverter, as ações de mercados emergentes vão se beneficiar.”

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