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Desamparada por China e EUA, Ibovespa abre em queda

A criação de apenas 120 mil empregos nos EUA e a aceleração da inflação ao consumidor na China deixaram a Páscoa mais amarga para os investidores

O Ibovespa abriu em queda de 0,99% e, às 10h06, já atingia queda de 1,38%, abaixo dos 63 mil pontos (Germano Luders)

O Ibovespa abriu em queda de 0,99% e, às 10h06, já atingia queda de 1,38%, abaixo dos 63 mil pontos (Germano Luders)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2012 às 10h12.

São Paulo - As duas maiores economias do mundo deixaram a Páscoa mais amarga e os investidores voltam do feriado queimando um pouco mais da gordura acumulada pela Bovespa desde o começo do ano. A criação de apenas 120 mil empregos nos EUA e a aceleração da inflação ao consumidor na China, ambos em março, turvam o horizonte sobre a recuperação econômica global e dão continuidade à correção já vigente nos ativos de risco. As ações brasileiras tidas como as mais líquidas devem ficar na linha de frente, intensificando a queda livre dos negócios locais desde a abertura. O Ibovespa abriu em queda de 0,99% e, às 10h06, já atingia queda de 1,38%, abaixo dos 63 mil pontos.

Anunciado em plena Sexta-feira da Paixão, a economia norte-americana criou 120 mil postos de trabalho no mês passado, metade do total verificado em fevereiro e também abaixo da previsão de abertura de 203 mil vagas. Foi a primeira vez desde novembro que o número de vagas criadas ficou abaixo de 200 mil. Já a taxa de desemprego recuou para 8,2%, na mesma base de comparação, mas a queda deveu-se, em parte, ao fato de menos norte-americanos estarem procurando emprego no período.

Desde o fim da semana passada, os índices futuros das Bolsas de Nova York sinalizam queda acentuada para o primeiro pregão em Wall Street a reagir ao dado decepcionante sobre emprego nos EUA.

Do outro lado do mundo, a China iniciou a semana informando que a inflação ao consumidor (CPI) subiu 3,6% em março, em relação a um ano antes, em um ritmo mais acelerado que o ganho de 3,2% em fevereiro, na mesma base de comparação. O aumento excedeu a alta de 3,3% esperada pelos economistas. Ao longo da semana, o país emergente anunciará números sobre a balança comercial, a produção industrial, as vendas no varejo e o PIB no primeiro trimestre deste ano.

O dado divulgado na noite deste domingo ocasionou uma queda de 0,9% da Bolsa de Xangai hoje, penalizando os demais mercados da Ásia que tiveram negócios. As principais commodities industriais também operam em baixa, pressionadas tanto pelos dados da China quanto os dos EUA. Já na Europa, muitos países ainda celebram feriado hoje, embora as preocupações sobre Espanha, Grécia e Portugal persistam.

O gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, não vê muita trégua para a Bovespa hoje. "O cenário externo preocupa", avalia. Para ele, os números sobre o cenário de preços na China afasta a possibilidade de adoção de medidas de alívio monetário por Pequim, ao mesmo tempo que eleva as preocupações sobre o ritmo da desaceleração econômica no gigante emergente.

Já o payroll, cita Casotti, decepciona pela primeira vez em muitos meses. "Foi a melhora do mercado de trabalho nos EUA que gerou o recente otimismo nos negócios", lembra. O profissional pondera, porém, que os números justificam a visão mais cautelosa do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, que disse, recentemente, que a maior parte da melhora do mercado de trabalho já foi. Agora, acrescenta Casotti, fica a dúvida do que é preciso acontecer com a economia dos EUA para que um novo pacote de afrouxamento quantitativo, o chamado QE3, seja adotado.

Em meio a essas incertezas, o noticiário interno fica em segundo plano. Ainda assim, chama a atenção que, na primeira pesquisa Focus realizada pelo BC após a divulgação do IPCA mais suave em março, a projeção do mercado financeiro para a inflação oficial no País caiu de 5,27% para 5,06% em 2012. No grupo dos analistas que mais acertam as projeções na pesquisa do BC, o chamando top 5, a previsão para o IPCA em 2012 teve queda ainda mais forte e recuou de 5,27% para 4,82%.

Porém, a projeção para a Selic em abril continuou em 9%, o que indica um corte de 0,75 ponto porcentual no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) marcado para a próxima semana, situando a taxa básica de juros neste patamar até o fim do ano.

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