Cyrela, MRV e Plano&Plano divulgam prévias do 2º tri: vale investir?
Analistas avaliam como positivos os números preliminares das construtoras, mesmo em cenário de alta de juros e inflação
Beatriz Quesada
Publicado em 14 de julho de 2022 às 17h36.
Última atualização em 27 de julho de 2022 às 15h33.
O setor de construção pode voltar a ser atrativo depois de ser um dos mais prejudicados com o avanço da inflação e da taxa básica de juros no Brasil.
Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3), Plano&Plano (PLPL3) e Iguatemi (IGTI3) divulgaram nesta semana suas prévias operacionais, e os resultados agradaram os analistas, com a maioria das casas recomendando a compra dos papéis.
Cyrela (CYRE3) pode subir até 111%
A Cyrela (CYRE3), construtora e incorporadora de imóveis residenciais, surpreendeu positivamente na velocidade e força do setor de vendas, mesmo com um cenário macroeconômico mais desafiador. A companhia lançou 13 projetos no segundo trimestre, com valor geral de vendas de R$ 2,33 bilhões, alta de 23% frente à mesma janela do ano anterior.
A receita líquida atingiu R$ 1,62 bilhão, aumento anual de 4%, enquanto as vendas cresceram em 17%.
“O cenário macro piorou com a alta de inflação e juros, mas a cia manteve operações e balanço fortes, enquanto as ações negociam a um valuation atrativo de 0,85x P/TBV [preço de mercado da ação em relação ao patrimônio líquido divulgado no balanço da empresa]”, avaliam, em nota, os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
O BTG tem um dos preços-alvo mais altos para a ação, de R$ 27, o que implica em um potencial de valorização (upside) de 111%. O valor usa como base de comparação o último fechamento da ação da Cyrela, a R$ 12,74.
Bank of America e Credit Suisse tem preço-alvo mais conservador para a ação, de R$ 18 – um upside de 41%. BofA recomenda a compra das ações, enquanto Credit tem recomendação neutra.
MRV (MRVE3) pode avançar até 147%
A MRV, também voltada para o segmento residencial, lançou R$ 2,12 bilhões em projetos, uma alta de 16% na comparação ano a ano. Um dos destaques foi a geração de caixa de R$ 317 milhões, impulsionada pela subsidiária norte-americana Resia, que foi responsável por uma fatia de R$ 309 milhões desse montante. No Brasil, a operação principal da empresa, sob a marca MRV, ficou no negativo, queimando R$ 76,9 milhões em caixa.
A expectativa dos analistas, no entanto, é que a operação voltada para baixa renda se recupere na MRV, abrindo espaço para resultados melhores. “Acreditamos que boa parte dessa queima de caixa pode, eventualmente, voltar para o campo positivo. Reconhecemos, no entanto, que esta inversão está demorando mais do que esperávamos inicialmente”, avaliam, em relatório, os analistas do Bradesco BBI.
O BBI mantém recomendação de compra para MRV, com preço-alvo de R$ 17 e upside de 82% considerando a última cotação da ação, de R$ 9,29. O BTG tem um dos maiores preços-alvo para o papel, de R$ 23. Neste caso, o upside seria de até 147%.
Plano&Plano (PLPL3): ação ainda pode subir 446%
Controlada da Cyrela voltada ao programa Casa Verde Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida), a Plano & Plano (PLPL3) tem sofrido na bolsa e já recuou mais de 70% desde seu IPO em 2020. O setor de baixa renda é especialmente afetado pela alta dos juros e da inflação, mas analistas enxergam resiliência no setor.
Um dos motivos destacados pelo BTG são os recentes ajustes do governo no programa Casa Verde Amarela, que elevou as faixas de rendas dos beneficiários.
“Os ajustes recentes no programa são uma notícia positiva, uma vez que as construtoras de baixa renda devem conseguir aumentar os preços de venda e recuperar a lucratividade. Mantemos recomendação de compra, com a ação negociado a um valuation extremamente atrativo de 4x preço/lucro”, afirmam os analistas do BTG em relatório.
As vendas brutas da Plano&Plano foram de R$ 405 milhões, alta de 1% na comparação ano a ano, levando a vendas líquidas de R$ 380 milhões – alta de 5% na comparação anual. Foram cinco projetos lançados no trimestre, com valor geral de vendas de R$ 394 milhões, alta de 11% frente ao mesmo período do ano passado.
O BTG tem preço-alvo de R$ 13 para o papel, que encerrou o último pregão cotado a R$ 2,38. O potencial de valorização é de 446%. Já o Bradesco BBI, que também recomenda compra da ação, estima um preço-alvo de R$ 7 – upside de 194%.
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