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CVC (CVCB3) lança programa de fidelidade para ser 'gerador de caixa'

Empresa diz ser cedo para mensurar tamanho do Clube CVC, mas espera ganhar recorrência e aumento de faturamento conforme o cliente troca pontos por descontos

CVC (CVCB3): programa de fidelidade terá distribuição em mais de 1,1 mil lojas (CVC/Divulgação)

CVC (CVCB3): programa de fidelidade terá distribuição em mais de 1,1 mil lojas (CVC/Divulgação)

A empresa de turismo CVC lançou nesta segunda-feira, 17,  seu programa de fidelidade Clube CVC, que visa o acúmulo de pontos pelos clientes, que poderão utilizá-los no resgate de produtos e benefícios dentro do portfólio da companhia. Anunciado em março, o programa já era esperado pelo mercado, mas a ação reagiu bem ao lançamento e subia quase 9% no meio da tarde de segunda-feira. 

O programa de fidelidade da companhia surge como uma unidade de negócios. "Vamos ser a primeira empresa omnichannel ["multicanal"] do setor de turismo no Brasil. Programa de fidelidade vem para complementar nosso portfólio e o nosso negócio", disse o CEO da CVC, Leonel Andrade, em coletiva de imprensa para lançamento. Antes da companhia, Andrade comandou a Smiles, empresas de milhagem da companhia aérea Gol.

O objetivo da companhia é que o programa seja distribuído em mais de 1,1 mil lojas que a CVC tem atualmente em todo o Brasil. Neste primeiro momento, o piloto tem início no site e no aplicativo na operadora, chegando às lojas no primeiro trimestre de 2023.

Como vai funcionar?

O Clube CVC é de adesão gratuita. O consumidor pode se cadastrar ou, ao comprar um pacote de viagem pelos canais online (site e app), aceitar participar do programa, de forma que, automaticamente, seus dados são cadastrados para acúmulo de pontos.

A empresa também está lançando uma versão de assinatura, o Clube CVC Super 1.000, com valor mensal de R$ 37,90, em que os pontos nunca expiram e o cliente acumula mil pontos todos os meses, mesmo sem fazer compras. O objetivo, conta Tulio Oliveira, diretor-executivo de tecnologia e novos negócios, é lançar outras faixas de preço para o programa com assinatura.

Nesta primeira fase, o cliente pode utilizar qualquer quantidade de pontos somada a valores em dinheiro para o resgate, exclusivamente, em pacotes de viagem (aéreo + hotel), sejam nacionais ou internacionais, por meio do site e do aplicativo da operadora.

Por contar com diversos parceiros, o cliente pode resgatar os pontos comprando passagens aéreas ou hospedagens de qualquer companhia ou rede hoteleira. Além disso, todos os pontos da viagem adquirida são acumulados na conta do comprador, independentemente do número de viajantes.

Quem já tinha o cartão de crédito CVC, lançado em 2021 em parceria com Itaú e Visa, passa a fazer parte do programa de fidelidade e os pontos acumulados até aqui migram automaticamente para serem somados aos que forem adquiridos de agora em diante.

Para o lançamento do Clube CVC, a companhia criou uma promoção válida até 31 de outubro, em que haverá conversão a cada R$ 1 gasto nas compras de pacotes para 1 ponto acumulado. Além disso até 21/10, serão dados mil pontos automaticamente a todos os clientes que aderirem ao Clube CVC no período. Para quem se inscrever até dia 21 no Clube CVC Super 1.000, serão 7 mil pontos bônus e 9 mil pontos bônus para quem pagar com o cartão CVC. 

Potencial de negócio

"O programa é tido como um grande gerador de caixa", acrescentou Oliveira. A ambição da companhia é aproveitar ao máximo a base de clientes que já tem cadastrada. Hoje, são 30 milhões, número que tem crescido na casa de 500 mil ao mês e deve chegar e se estabilizar em cerca de 40 milhões, segundo o CEO. "Em dois três anos metade do nosso público pode estar cadastrada. "Nossa prioridade é lançar um programa para competir com os principais programas de fidelidade", diz. 

Andrade, no entanto, acredita ser cedo para ver o impacto do programa de fidelidade nos números do balanço da companhia. "Um programa de fidelidade não é algo que nasce grande ou gigante. Vai ter pouco impacto nos primeiros dois ou três anos."No primeiro semestre deste ano, as reservas confirmadas mais do que dobraram (+118%), para R$ 6,56 bilhões, com avanço de 57% no B2C (vendas para clientes finais). A CVC, no entanto, ainda registrou um prejuízo de R$ 261,6 milhões no período, acima da perda líquida de R$ 257,1 milhões do primeiro semestre de 2021.

O programa é exclusivo da marca CVC (a empresa também é dona do site de vendas Submarino Viagens, que, em breve, será consolidado sob a marca CVC) e será apenas para os consumidores pessoa física, mas o executivo não descarta desenvolver um programa de fidelidade B2B para as agências parceiras.

Investimento em tecnologia

O Clube CVC faz parte dos investimentos da companhia em tecnologia no primeiro semestre, que somou R$ 104 milhões. Desse montante, cerca de 10% foram para o desenvolvimento do programa, mas a projeção, diz Andrade, é de que esse seja o novo destino de investimentos daqui para a frente, por causa das ativações de marketing. Além do programa, a CVC está lançando no mês de outubro a plataforma digital Atlas, que vai concentrar as vendas de todos os canais da empresa: aplicativo, site e lojas. "Seguramente a empresa vai terminar o ano mais digital e moderna", argumentou Andrade.

Qual o tamanho do mercado de fidelidade?

O setor de varejo olha cada vez mais para os programas de fidelidade como um canal importante de receita extra e, mais do que tudo, recorrência. Além do Clube CVC lançado nesta segunda-feira, outros lançamentos recentes foram anunciados. A varejista Renner há menos de 10 dias apresentou a Estilo Orbi, uma plataforma com cashback e ofertas exclusivas das marcas do grupo. Já o Mercado Livre criou em agosto a criptomoeda Mercado Coin, que vai funcionar como cashback a fim de fidelizar os clientes.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), no primeiro semestre desse ano, o setor cresceu 9% ante 2021 em número de cadastros, para 185,7 milhões. Já o faturamento do setor saltou 75,8%, para R$ 4,40 bilhões. O principal destinos dos pontos trocados continuou sendo as passagens aéreas, com 83% das trocas.

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