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Cruzeiro do Sul lidera perdas na renda fixa com receio com crise

Investidores estão descartando títulos de bancos médios, diante de receios de que a venda de ativos em todo o mundo leve a um aperto nos mercados de crédito

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2011 às 11h56.

São Paulo e Nova York - Os títulos internacionais do Banco Cruzeiro do Sul SA e do Banco Industrial e Comercial SA registram as maiores quedas entre os papéis de instituições financeiras do país. Investidores estão descartando títulos de bancos médios, diante de receios de que a venda de ativos em todo o mundo leve a um aperto nos mercados de crédito.

O rendimento dos papéis em dólar do BicBanco com vencimento em 2013, disparou 99 pontos-base, ou 0,99 ponto percentual, ontem para 5,42 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A taxa dos títulos do Cruzeiro do Sul que vencem em 2012 deu um salto de 96 pontos-base.

O rendimento médio da dívida de bancos brasileiros com patrimônio inferior a R$ 2,5 bilhões saltou 29 pontos-base para 7,22 por cento. Já os títulos de bancos na Europa estão sendo negociados com a maior percepção de risco até hoje, segundo a movimentação do mercado de contratos de proteção contra calote, os chamados credit-default swaps, ou CDS.

Investidores estão rejeitando bônus vendidos por bancos brasileiros médios, com temores de que a queda na demanda por ativos de maior retorno deixe essas instituições fora do mercado internacional de títulos, que é fonte de financiamento de longo prazo para os bancos. A venda de dívida corporativa em todo o mundo caiu para o ritmo mais lento do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O Cruzeiro do Sul acessou o mercado externo de títulos cinco vezes desde o início de 2010, mais do que qualquer outro banco brasileiro de médio porte.

“O Cruzeiro é um dos bancos com mais financiamento externo, e vem acessando o mercado com bastante frequência”, disse Natalia Corfield, analista de bônus corporativos do ING Groep NV em Nova York, em entrevista por telefone. “O mercado está com certo sentimento de pânico. Os bancos maiores são vistos como mais seguros.”


‘Pânico’

As bolsas americanas sofreram a maior baixa desde dezembro de 2008, os títulos do Tesouro dispararam e a cotação do ouro bateu recorde, depois que o rebaixamento da classificação de risco dos Estados Unidos pela Standard & Poor’s aumentou temores de aprofundamento da desaceleração da economia. O índice Dow Jones desabou 634,76 pontos e aproximadamente US$ 2,5 trilhões em valor de mercado foram eliminados das bolsas mundiais.

“Hoje é dia de pânico, não dá para fazer uma avaliação de comportamento do mercado daqui para frente”, disse Fausto Guimarães, superintendente de relações com investidores do Cruzeiro do Sul, em entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Vínhamos percebendo que o mercado estava pedindo taxas muito altas para os títulos. Agora temos que monitorar e ver como fica.”

O rendimento dos títulos do Banco Fibra SA, sediado em São Paulo, com vencimento em 2013 subiu 43 pontos-base ontem para 5,2 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O Banco Fibra não quis fazer comentários, segundo sua assessoria de imprensa.

A assessoria do BicBanco não respondeu a uma ligação e a um e-mail, após o horário comercial. O BicBanco foi ao mercado internacional de dívida três vezes em 2010.

‘Pode piorar’

Bancos brasileiros de médio porte captaram US$ 7,3 bilhões em títulos desde o fim de 2009, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Empresas do País levantaram US$ 2,45 bilhões no mercado internacional e dívida em junho e julho, o ritmo mais fraco para o período desde junho de 2010, mostram os dados da Bloomberg.

“Nos últimos anos os bancos brasileiros aumentaram muito a sua posição ao exterior”, disse Guilherme Lagnado, analista da Orey Financial Brasil SA, que supervisiona R$ 400 milhões em ativos, em entrevista por telefone de São Paulo. “Com essa crise no exterior, pode piorar a situação.”

Ofertas de títulos dos EUA, Europa e Ásia caíram 44 por cento em relação a uma semana antes para US$ 21,9 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Os custos de financiamento dos maiores bancos brasileiros avançaram menos do para as instituições de porte médio. O rendimento dos títulos com vencimento em 2015 do Banco Bradesco SA, segundo maior do País por valor de mercado, subiu 23 pontos- base ontem para 3,98 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento das notas com vencimento em 2020 do Banco Itaú Unibanco SA, maior da América Latina por valor de mercado, aumentou 26 pontos-base para 6 por cento.

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