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Crescem apostas de que juro básico terá alta maior em 2013

Operadores projetam queda na taxa Selic para 7,75% neste ano, e também aumento de 164 pontos-base até o fim do ano que vem

O BC reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto, maior corte entre os países do Grupo dos 20 (Divulgação/Banco Central)

O BC reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto, maior corte entre os países do Grupo dos 20 (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2012 às 08h39.

Bogotá/São Paulo - Com a expectativa em torno dos efeitos dos estímulos para a economia crescem as apostas no mercado futuro de que o Banco Central terá de promover um aumento maior na taxa básica de juros em 2013.

No mercado de juros futuros, operadores projetam queda na taxa Selic para 7,75 por cento neste ano, e também aumento de 164 pontos-base até o fim de 2013. Um dia antes do último corte do juro para a mínima histórica de 8,5 por cento, operadores previam queda de mais 0,5 ponto percentual neste ano e elevação de 142 pontos-base em 2013. Contratos similares mostram que o México deixará sua taxa de referência inalterada até o fim de 2013, Segundo dados compilados pela Bloomberg.

A aposta em uma reversão mais aguda na trajetória da Selic se dá em meio a sinais de que a presidente Dilma Rousseff estaria disposta a aceitar inflação mais alta para garantir recuperação econômica mais acelerada num momento em que a crise da dívida europeia se agrava. O BC reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto, maior corte entre os países do Grupo dos 20. Ainda que a inflação tenha desacelerado para 4,99 por cento em maio, nível mais baixo em 20 meses, os preços de títulos de dívida mostram que os investidores ainda esperam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo vá superar a meta do governo nos próximos cinco anos.

“A inflação está baixa agora pelo efeito da atividade econômica fraca desde o terceiro trimestre do ano passado”, disse Diego Donadio, analista sênior para a América Latina do BNP Paribas Brasil SA. “Não consigo imaginar que todo esse estímulo que está sendo jogado na economia não vá se traduzir em mais atividade. Está se colocando mais lenha nessa fogueira da demanda doméstica e, daqui a seis meses, vamos ver uma atividade mais forte e isso vai acelerar a inflacão.”

"Boas notícias"

A inflação implícita medida pela diferença de taxas entre as Notas do Tesouro Nacional série B com vencimento em agosto de 2014 e os contratos de juros futuros de prazo similar caiu para 4,64 pontos percentuais ontem, o menor patamar desde maio de 2009, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 rendem 10,35 por cento, ou 457 pontos-base mais do que os títulos de prazo similar do México e 870 pontos-base acima dos papéis do Tesouro americano de 10 anos.

A inflação anualizada vai ficar em média em 5,46 por cento até 2017, segundo mostram os negócios com contratos de juros futuros e títulos atrelados à inflação de prazo mais longo. A meta de inflação é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Tombini disse ontem a senadores em Brasília que há “boas notícias” sobre a inflação e que o crescimento vai se acelerar no segundo semestre.


"Bastante gradual"

O BC também sinalizou que vai baixar a taxa básica de juros pela oitava reunião consecutiva em julho, após afirmar que a economia está se recuperando em ritmo “bastante gradual”, de acordo com a ata da reunião de política monetária realizada nos dias 29 e 30 de maio e divulgada em 8 de junho.

O BC se recusou a fazer comentários para esta reportagem, em comunicado enviado por e-mail.

A economia cresceu 0,2 por cento no primeiro trimestre, menos da metade da projeção de analistas em sondagem da Bloomberg. O resultado levou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a abandonar a meta de crescimento de 4,5 por cento para este ano. Mantega disse que o governo ficaria satisfeito se a expansão de 2012 superasse a taxa de 2,7 por cento registrada no ano passado, que marcou o segundo pior desempenho desde 2003. O País cresceu 7,5 por cento em 2010.

Estimular crescimento

O governo também cortou impostos sobre bens de consumo e industriais e impulsionou os empréstimos subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social com o objetivo de estimular o crescimento. Dilma deu ordens para que os bancos estatais diminuíssem suas taxas de financiamento, a fim de induzir instituições privadas a disponibilizar mais crédito.

“Este ano tivemos notícias positivas para a inflação que podem não se repetir” no ano que vem, disse Thiago Carlos, economista da Link SA CCTVM, em entrevista por telefone de São Paulo. “Houve o cenário externo e a própria desaceleração maior que a esperada da economia brasileira.”

Ontem o dia foi de recuperação nas bolsas mundiais por conta da especulação que autoridades monetárias podem adotar mais medidas para estimular a economia e blindar bancos europeus.

A principal agência de planejamento econômico chinesa, a Comissão de Desenvolvimento e Reforma Nacional, está acelerando a aprovação de investimentos após a economia local crescer 8,1 por cento no primeiro trimestre na comparação anual, o menor ritmo em quase três anos.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco J. Safra SA, mesmo que o BC diminua a Selic para 7 por cento neste ano, dificilmente vai trará a taxa para acima de 8 por cento em 2013.

“Cada vez mais estamos vendo a possibilidade de uma Selic abaixo de 8 por cento”, disse Kawall em entrevista por telefone de São Paulo. “Essa ideia de Selic menor está ligada aos dados que mostram uma recuperação menos vigorosa da economia.”

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