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Cresce procura de empresas por assembleias via internet

Está crescendo o número de empresas que procuram por serviços de montagem de estruturas para assembleias e reuniões de conselhos online

Demanda de empresas por serviços ligados à governança corporativa está impulsionando os negócios nesse segmento (Spencer Platt/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2013 às 12h09.

São Paulo - Enquanto algumas empresas não cumprem sequer as exigências mínimas de transparência e informações para os investidores, algumas recorrem a consultorias especializadas e alta tecnologia para suas áreas de relações com acionistas (RI). Segundo Arleo Anhalt, presidente da Financial Investor Relations Brasil (FIRB), pelo menos 20% das companhias abertas sequer possuem um site de informações para os investidores, como exige a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ao mesmo tempo, cresce a procura por serviços de montagem de estruturas para assembleias e reuniões de conselhos online.

A demanda de empresas por serviços ligados à governança corporativa está impulsionando os negócios nesse segmento. Este ano a FIRB se juntou à RIWeb de olho na maior procura por serviços e infraestrutura de RI para as empresas.

Anhalt destaca a volta das ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e a melhora da situação das empresas como fatores que incentivam a busca por mais instrumentos que facilitem o relacionamento com os clientes. “Viemos de um período difícil depois de 2008 com a redução drástica dos IPOs e muitas empresas reduzindo suas estruturas de relações com investidores pelas dificuldades financeiras”, diz.

Assim, medidas mais estratégicas de aproximação com os investidores ficaram para depois. As empresas se concentraram em produtos indispensáveis e ligados à tecnologia, de menor custo, como os sites de RI. Isso agora está mudando com a melhora de vários setores.

Apesar de animado, Anhalt diz que não há uma euforia. “A economia brasileira não vai tão bem assim como se falava há um ano”, diz. Um dos efeitos do cenário de crescimento menor, inflação e juros mais altos, deve ser um número menor de IPOs que o esperado. “Não devemos chegar aos 50 IPOs que se fala, pois o mercado brasileiro está péssimo e a bolsa caindo, apesar do mercado americano em alta”, diz. “Mas podemos ter mais empresas do Bovespa Mais, o mercado de acesso, que serve para preparar as empresas para o mercado de capitais.”

Assembleias via internet

Mas não são só empresas abrindo capital que demandam mais serviços de RI. Companhias que já estão na bolsa também precisam renovar seus mecanismos de relacionamento com os acionistas. É o caso, por exemplo, das assembleias eletrônicas, que a CVM deve regulamentar este ano. “A lei permitido as assembleias via internet foi aprovada no fim de 2011, mas ainda não foi regulamentada”, lembra Anhalt.


A FIRB já organizou as assembleias via internet de três empresas, Natura, Eternit e Itaú. “Já fazemos assembleias via internet da Natura há três anos, criamos todo o ambiente para as apresentações e participação dos investidores, e depois é feita outra reunião apenas para os votos por procuração ou pessoalmente, como exige a lei”, explica Anhalt.

Ele espera que, com a regulamentação, a assembleia eletrônica ocorra ao mesmo tempo que a presencial, com os acionistas acompanhado via internet e votando também. “Isso pode reduzir o custo das assembleias e permitir uma participação muito maior”, afirma Anhalt. Será preciso, porém, usar sistemas que garantam a segurança das informações e dos votos dos acionistas.

Fundos de investimento

O sistema poderá ser muito usado também por fundos de investimento ou imobiliários, que reúnem um grande número de investidores e precisam fazer assembleias todo ano também.

Esse tipo de mudança, porém, deve demorar, já que a safra de assembleias anuais se encerra em abril. “Vai ficar para o ano que vem, provavelmente começando com empresas com governança mais desenvolvida”, diz.

Portais para conselhos de administração

Outro serviço que deve ganhar espaço nas empresas é o de portais para conselhos de administração e colegiados, que podem organizar todo o funcionamento dos conselhos. “Algumas empresas já usam, todos os conselheiros acessam remotamente ou enviam os documentos de desempenho ou participam de reuniões online em um ambiente seguro”, explica Anhalt. “Hoje isso é feito de maneira amadora, por procuração ou mandando e-mails que podem acabar vazando”, diz. Segundo o executivo, já há seis empresas interessadas em adotar esse sistema de portal para o conselho.


Empresas sem site

Antes dessas ferramentas mais especializadas, porém, há um grande número de empresas que nem sequer têm o básico em termos de comunicação com os investidores. “De 20% a 30% das companhias abertas não cumprem a legislação de oferecer informações por meio de um site”, diz Anhalt.

O executivo lembra que a CVM determina que as companhias abertas tenham um site com informações divulgadas ao mercado nos três últimos anos. “Algumas nem site exclusivo de RI tem”, afirma. A situação mostra a discrepância entre o mercado brasileiro, um dos mais avançados do mundo, e o atraso de muitas empresas em termos de governança. “E o caminho para esse avanço hoje é digital”, diz.

Hoje, a FIRB tem cerca de 40 clientes. “Montamos a estrutura e, depois de dois ou três anos, a empresa passa a tocar os serviços de RI sozinha”, diz Anhalt. Já a RIWeb, mais especializada em ferramentas tecnológicas, tem 90 clientes que usam seus serviços de sites, teleconferências e equipes de apoio para o RI.

Pré e pós-conferência e localizador de notícias

Entre os novos serviços criados para as companhias abertas, Anhalt destaca as análises pré e pós-conferência, em que a consultoria fala com alguns analistas antes e depois das apresentações dos diretores. “Pode-se, assim, saber antes quais são os pontos mais importantes para o diretor falar e entender a repercussão da apresentação para as próximas”, diz.

Já a RIWeb desenvolveu um sistema que seleciona notícias vinculadas à empresa automaticamente, com mais de 3 mil geradores de conteúdo. Assim, o portal da empresa pode oferecer todas as notícias a respeito dela apenas com o sistema automático. “Tudo isso são ferramentas que auxiliam o trabalho do diretor de RI”, diz Anhalt.

Com a união das empresas, Anhalt espera complementar os serviços e as estratégias. “Temos agora a parte de conteúdo e inteligência de RI unida com a melhoria constante das ferramentas de tecnologia”, diz. “Antes, na RIWeb, o cliente que montava um portal de RI tinha de se virar com conteúdo ou procurar outro fornecedor, e agora entregamos um pacote completo”, diz.

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São Paulo - Enquanto algumas empresas não cumprem sequer as exigências mínimas de transparência e informações para os investidores, algumas recorrem a consultorias especializadas e alta tecnologia para suas áreas de relações com acionistas (RI). Segundo Arleo Anhalt, presidente da Financial Investor Relations Brasil (FIRB), pelo menos 20% das companhias abertas sequer possuem um site de informações para os investidores, como exige a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ao mesmo tempo, cresce a procura por serviços de montagem de estruturas para assembleias e reuniões de conselhos online.

A demanda de empresas por serviços ligados à governança corporativa está impulsionando os negócios nesse segmento. Este ano a FIRB se juntou à RIWeb de olho na maior procura por serviços e infraestrutura de RI para as empresas.

Anhalt destaca a volta das ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) e a melhora da situação das empresas como fatores que incentivam a busca por mais instrumentos que facilitem o relacionamento com os clientes. “Viemos de um período difícil depois de 2008 com a redução drástica dos IPOs e muitas empresas reduzindo suas estruturas de relações com investidores pelas dificuldades financeiras”, diz.

Assim, medidas mais estratégicas de aproximação com os investidores ficaram para depois. As empresas se concentraram em produtos indispensáveis e ligados à tecnologia, de menor custo, como os sites de RI. Isso agora está mudando com a melhora de vários setores.

Apesar de animado, Anhalt diz que não há uma euforia. “A economia brasileira não vai tão bem assim como se falava há um ano”, diz. Um dos efeitos do cenário de crescimento menor, inflação e juros mais altos, deve ser um número menor de IPOs que o esperado. “Não devemos chegar aos 50 IPOs que se fala, pois o mercado brasileiro está péssimo e a bolsa caindo, apesar do mercado americano em alta”, diz. “Mas podemos ter mais empresas do Bovespa Mais, o mercado de acesso, que serve para preparar as empresas para o mercado de capitais.”

Assembleias via internet

Mas não são só empresas abrindo capital que demandam mais serviços de RI. Companhias que já estão na bolsa também precisam renovar seus mecanismos de relacionamento com os acionistas. É o caso, por exemplo, das assembleias eletrônicas, que a CVM deve regulamentar este ano. “A lei permitido as assembleias via internet foi aprovada no fim de 2011, mas ainda não foi regulamentada”, lembra Anhalt.


A FIRB já organizou as assembleias via internet de três empresas, Natura, Eternit e Itaú. “Já fazemos assembleias via internet da Natura há três anos, criamos todo o ambiente para as apresentações e participação dos investidores, e depois é feita outra reunião apenas para os votos por procuração ou pessoalmente, como exige a lei”, explica Anhalt.

Ele espera que, com a regulamentação, a assembleia eletrônica ocorra ao mesmo tempo que a presencial, com os acionistas acompanhado via internet e votando também. “Isso pode reduzir o custo das assembleias e permitir uma participação muito maior”, afirma Anhalt. Será preciso, porém, usar sistemas que garantam a segurança das informações e dos votos dos acionistas.

Fundos de investimento

O sistema poderá ser muito usado também por fundos de investimento ou imobiliários, que reúnem um grande número de investidores e precisam fazer assembleias todo ano também.

Esse tipo de mudança, porém, deve demorar, já que a safra de assembleias anuais se encerra em abril. “Vai ficar para o ano que vem, provavelmente começando com empresas com governança mais desenvolvida”, diz.

Portais para conselhos de administração

Outro serviço que deve ganhar espaço nas empresas é o de portais para conselhos de administração e colegiados, que podem organizar todo o funcionamento dos conselhos. “Algumas empresas já usam, todos os conselheiros acessam remotamente ou enviam os documentos de desempenho ou participam de reuniões online em um ambiente seguro”, explica Anhalt. “Hoje isso é feito de maneira amadora, por procuração ou mandando e-mails que podem acabar vazando”, diz. Segundo o executivo, já há seis empresas interessadas em adotar esse sistema de portal para o conselho.


Empresas sem site

Antes dessas ferramentas mais especializadas, porém, há um grande número de empresas que nem sequer têm o básico em termos de comunicação com os investidores. “De 20% a 30% das companhias abertas não cumprem a legislação de oferecer informações por meio de um site”, diz Anhalt.

O executivo lembra que a CVM determina que as companhias abertas tenham um site com informações divulgadas ao mercado nos três últimos anos. “Algumas nem site exclusivo de RI tem”, afirma. A situação mostra a discrepância entre o mercado brasileiro, um dos mais avançados do mundo, e o atraso de muitas empresas em termos de governança. “E o caminho para esse avanço hoje é digital”, diz.

Hoje, a FIRB tem cerca de 40 clientes. “Montamos a estrutura e, depois de dois ou três anos, a empresa passa a tocar os serviços de RI sozinha”, diz Anhalt. Já a RIWeb, mais especializada em ferramentas tecnológicas, tem 90 clientes que usam seus serviços de sites, teleconferências e equipes de apoio para o RI.

Pré e pós-conferência e localizador de notícias

Entre os novos serviços criados para as companhias abertas, Anhalt destaca as análises pré e pós-conferência, em que a consultoria fala com alguns analistas antes e depois das apresentações dos diretores. “Pode-se, assim, saber antes quais são os pontos mais importantes para o diretor falar e entender a repercussão da apresentação para as próximas”, diz.

Já a RIWeb desenvolveu um sistema que seleciona notícias vinculadas à empresa automaticamente, com mais de 3 mil geradores de conteúdo. Assim, o portal da empresa pode oferecer todas as notícias a respeito dela apenas com o sistema automático. “Tudo isso são ferramentas que auxiliam o trabalho do diretor de RI”, diz Anhalt.

Com a união das empresas, Anhalt espera complementar os serviços e as estratégias. “Temos agora a parte de conteúdo e inteligência de RI unida com a melhoria constante das ferramentas de tecnologia”, diz. “Antes, na RIWeb, o cliente que montava um portal de RI tinha de se virar com conteúdo ou procurar outro fornecedor, e agora entregamos um pacote completo”, diz.

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