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Correção da Bovespa deve ter pouco fôlego, dizem analistas

Ibovespa cai mais de 6% em dois pregões, mas economista acredita que, no pior cenário, índice terminaria o ano em 59 mil pontos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h06.

A possibilidade de que os Estados Unidos venham a enfrentar uma recessão tem derrubado as bolsas de Nova York e provocado uma nova onda de realização de lucros no Brasil. Nos últimos dois pregões, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) acumulou queda de 6,23%, mostrando que os investidores estão mais avessos a risco.

Para os especialistas, no entanto, não há motivos para tanta preocupação. "O que está acontecendo é apenas uma correção de preços, que deve ser bastante breve, questão de dias", afirma Pedro Galdi, analista de Investimentos da corretora do Banco Real. De acordo com o analista, a descoberta do megacampo de petróleo na Bacia de Santos pela Petrobras há duas semanas amorteceu o impacto negativo das bolsas americanas, que há cerca de 20 dias absorvem as perdas com o crédito hipotecário e a disparada do preço do petróleo. "Somente agora o mercado está contabilizando isso", diz.

Um cenário de recessão na economia americana, entretanto, é praticamente descartado pelos especialistas, que não vêem a possibilidade de anulação dos 36% de ganhos acumulados pelo Ibovespa em 2007. "A volatilidade é um fator que deve estar cada vez mais presente na Bolsa, mas as perspectivas para os próximos meses continuam sendo de valorização das ações", diz Daniel Gorayeb, analista de Investimentos da corretora Spinelli.

A projeção mais pessimista para o Ibovespa no final do ano é de 59.000 pontos, o que representa alta de 33% em 2007, quase o triplo da renda fixa. O cenário mais provável, de acordo com Gorayeb, aponta para o Ibovespa aos 65.000 pontos em dezembro - uma valorização de 46% em 12 meses.

O momento de retração na Bolsa é visto pelos especialistas como uma oportunidade para quem ainda não entrou no mercado acionário e para aqueles que desejam reforçar seus investimentos em ações. Novas quedas não estão descartadas, mas caso venham a ocorrer, devem ser pontuais.  "Não há muito espaço para a Bolsa cair porque a economia está crescendo. O mercado interno vem se expandindo muito", diz Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

Esse fortalecimento local, aliado ao crescimento de economias como China, Ásia e Europa, fez com que a Bovespa conquistasse relativo descolamento do mercado americano. "Antigamente, a queda de um ponto percentual no Dow Jones representava recuo de cinco pontos no Ibovespa. Hoje, a relação entre os índices é bem mais amena", afirma Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento.

Todos esses fatores fazem com que o mercado acionário seja visto como a melhor opção de investimento no longo prazo, ainda que o caminho seja repleto de altos e baixos.

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