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Como surfar na possível recuperação da bolsa?

Citi aposta que cenário pode melhorar no segundo semestre a aponta quais são os melhores papéis para aproveitar esse cenário

Unidade da Vale: empresa é uma das escolhidas pelo Citi para aproveitar recuperação do mercado (Divulgação)

Unidade da Vale: empresa é uma das escolhidas pelo Citi para aproveitar recuperação do mercado (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2012 às 12h25.

São Paulo – O cenário macroeconômico e as preocupações com a crise na zona do euro já causaram uma queda de mais de 2% para o Ibovespa neste ano. Por outro lado, abriram também uma boa oportunidade de compra de ativos para quando chegar o momento da recuperação. Em relatório enviado para clientes, o Citi aposta que esse momento está próximo de acontecer.

Para se preparar para ele, os analistas fizeram uma seleção das melhores ações na América Latina para quando a recuperação dos mercados chegar. Eles escolheram nove empresas na região, sendo apenas duas mexicanas (a indústria química Mexichem e a construtora Corporacíon Geo) e as outras sete brasileiras.

No documento, eles apontam que os fundamentos negativos já estão bem refletidos nos preços e que no Brasil os valores estão no pior período desde a crise de 2008. “A não ser que aconteça uma catástrofe, o que segundo nossos economistas é pouco provável, esse pode ser um bom momento para montar uma exposição em ações”, afirmam os analistas.

Motivos para acreditar 

Os analistas apostam que uma melhora nos mercados da América Latina deve vir no segundo semestre deste ano. Segundo eles, isso deve acontecer com um cenário mais claro da situação na Grécia, injeções de liquidez na Europa, um esforço de ações do Federal Reserve (FED, banco central dos Estados Unidos) no terceiro trimestre, uma situação política mais clara no Brasil e revisões positivas nas expectativas de lucros.


Com esse cenário, os analistas mantêm a preferência por papéis no setor financeiro, por conta dos bons preços especialmente no Brasil, onde as ações do governo levaram desvalorização para os papéis.

Os esforços nas buscas por juros menores nos bancos estatais, que forçou a mesma situação nos bancos privados, derrubou os papéis no início deste ano. Recentemente, um levantamento da consultoria Economatica apontou que as ações do Banco do Brasil (BBAS3), por exemplo, tiveram a maior queda entre grandes bancos da América Latina e Estados Unidos.

Além disso, os analistas do Citi também enxergam boas oportunidades no setor de telecomunicações, indústria e serviços para o consumo, inclusive construtoras.

As escolhidas

Confira as melhores ações brasileiras em cada setor para aproveitar a recuperação que está por vir (por ordem de valor de mercado):

Vale (VALE3, VALE5)

O Citi analisa os ADRs (American Depositary Shares, ou recibo de ações de empresas estrangeiras nos Estados Unidos) da Vale e, para eles, estima um preço-alvo de 26 dólares, potencial de alta de 30% sobre o preço atual.

Na visão dos analistas, as ações podem refletir um preço para minério de ferro maior do que esperado no longo prazo, um aumento de produção e a segurança financeira da companhia, que vem de baixos custos de mineração e um forte balanço financeiro.

Como fatores que podem afetar para cima ou para baixo o preço da ação, eles destacam uma mudança no cenário regulatório ou de impostos, volatilidade no preço dos metais e volatilidade no câmbio.

Itaú Unibanco (ITUB3, ITUB4)

Para as ações preferenciais do banco, o Citi estima um preço-alvo de 39 reais, um potencial de valorização de 38% sobre o preço atual. Na visão dos analistas, o Itaú Unibanco está bem posicionado para se beneficiar de todos os fatores positivos que devem dirigir o crescimento do setor no longo prazo e para manter a combinação entre grandes volumes e margens atrativas.


Além disso, os analistas esperam que, apesar das projeções de menor crescimento do crédito no curto prazo, esse crescimento ainda deve se mostrar sustentável (no país todo e, especialmente, para o Itaú Unibanco).

Como riscos, afirmam que um crescimento do crédito muito abaixo do esperado no Brasil pode mostrar que as projeções para inadimplência que os analistas consideram atualmente são muito otimistas. Além disso, o aumento da competição também pode afetar o banco.

BR Properties (BRPR3)

Para as ações da BR Properties, o Citi estima um preço-alvo de 27,90 reais, um potencial de valorização de 21,88%.

Na visão dos analistas, a BR Properties se beneficia de melhorias e expansões nos empreendimentos administrados e de alugueis elevados.

Além disso, a empresa comprou recentemente a One Properties, antiga WTorre Properties, que logo deve contribuir para o aumento da rentabilidade.

Como riscos, os analistas destacam que os números da empresa são sensíveis a atividade comercial e crescimento da economia, além do balanço entre oferta e demanda por espaço comerciais, especialmente em São Paulo.

Além disso, a companhia é muito dependente das taxas reais de juros e os contratos são ajustados por inflação e mercado a cada três anos, o que implica em riscos cíclicos.

MPX (MPXE3)

O preço-alvo para as ações da MPX é estimado em 41 reais pelos analistas do Citi, potencial de valorização de 24%.

Para os analistas, a empresa apresenta vantagem competitiva por ter integração vertical dos segmentos de exploração e gás e geração de energia elétrica. A MPX tem também, na visão do Citi, qualidade de ativos e grandes recursos potenciais em gás no Brasil, além de uma sólida e previsível geração de caixa com as termelétricas, que vendem com contratos de longo prazo. O time de gestores experientes também é destacado pelos analistas.


Como riscos, eles destacam a possibilidade de a OGX Maranhão ter reservas menores que o esperado, os investimentos serem mais altos que o projetado e a possibilidade de que as licenças ambientais de projetos no Chile e Brasil demorem para sair.

América Latina Logística (ALLL3)

O preço-alvo para os papéis da ALL é de 19 reais, um potencial de valorização superior a 110%. O que sustenta isso, na visão do Citi, é o fato de que a companhia tem um forte potencial operacional de longo prazo, apoiado pela exportação de commodities no Brasil. Além disso, também deve lançar novos projetos e passou recentemente por uma queda dos papéis considera excessiva.

Como riscos, os analistas destacam que a empresa está sujeita a mudanças nas politicas de exportação, além de fatores climáticos e regulamentação do setor de transportes.

TOTVS (TOTS3)

O preço-alvo para os papéis da Totvs é de 42 reais, potencial de valorização de 11,19%. Na opinião dos analistas, o preço dos papéis não reflete bem o fluxo de caixa futuro com os clientes que já tem. Além disso, o crescimento do setor de tecnologia da informação no Brasil pode superar expectativas no longo prazo e a Totvs, no médio a longo prazo, pode ainda se tornar alvo de uma aquisição.

Como riscos, os analistas destacam que a Totvs tem hoje uma fatia de 65% do mercado em que atua, algo fácil de um concorrente internacional superar ao entrar no Brasil. Além disso, a empresa tem um crescimento das receitas muito ligado ao crescimento da economia brasileira.

Eles também destacam que a Totvs está em meio a um processo de expansão internacional e que os novos países de atuação podem não crescer tão bem quanto o esperado, fazendo a empresa precisar investir mais capital.

Duratex (DTEX3)

Os analistas do Citi estimam que a ação da Duratex suba cerca de 46,3%, atingindo um preço-alvo de 15 reais.

Para eles, a empresa deve ter forte crescimento nos próximos anos, acompanhando a expansão do setor no Brasil.

Como fatores de risco, os analistas destacam fatores macroeconômicos mundiais que tenham impacto nos ativos de mercados emergentes (com a retirada de recursos desses papéis), uma desaceleração no setor imobiliário ou no crédito do país, alta no preço dos materiais de construção ou mais pressões por investimento.

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