UBS lista cinco medidas que investidores podem adotar agora, independentemente do resultado da eleição dos EUA (Brendan McDermid/Reuters)
Paula Barra
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 13h57.
Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 14h30.
Ainda que a disputa pela presidência americana não tenha mostrado um vencedor claro até o momento, o UBS apontou, em relatório desta quarta-feira, 4, cinco medidas que os investidores podem adotar agora, independentemente do resultado da eleição dos Estados Unidos.
Para Mark Haefele, CIO de Global Wealth Management do banco, que assina o relatório, o momento é de manter a disciplina ao plano financeiro, enquanto os investidores podem aproveitar essa volatilidade do curto prazo para construir suas posições para o longo prazo.
O banco ainda reiterou sua visão positiva para ações no médio prazo, impulsionado por uma expectativa por mais uma rodada de estímulos fiscais no país e de uma ampla disponibilidade de vacina contra Covid-19 até meados do próximo ano, mesmo que ainda não esteja definido quem ocupará a cadeira na Casa Branca.
Abaixo, as 5 medidas recomendadas por Mark Haefele, do UBS:
A primeira delas é que os investidores aproveitem a volatilidade dos mercados para construir suas posições de longo prazo.
Segundo Haefele, as oscilações do mercado são geralmente vistas como algo de que os investidores devem se esquivar, mas ficar indefinidamente à margem do mercado provavelmente significará comprar os papéis a preços mais altos depois. Para Haefele, os investidores devem aproveitar a volatilidade dos mercados para construir suas posições de longo prazo.
“Dada a nossa perspectiva positiva de médio prazo, e com o índice VIX (que calcula a volatilidade das principais ações do mercado americano) agora implicando em oscilações diárias de 2% nos próximos dias, recomendamos a introdução de um cronograma gradual [de compras] para ajudar a aliviar o risco de entrar em um mau momento ou o uso de estratégias de venda coberta de puts [opções de venda] para comprar em baixas enquanto ganha um prêmio atraente”, comenta.
Para ele, o dólar frente a outras moedas fortes deve enfraquecer no médio prazo, independentemente de quem vá ocupar a cadeira presidencial. A extensão do endividamento dos EUA deve entrar em foco, enquanto o país também perdeu sua vantagem de taxa de juros frente a outras moedas importantes. “Uma vez que a recuperação econômica global está em andamento, é provável que isso favoreça mais a tomada de risco, com oportunidades no euro e a libra esterlina, enquanto o franco suíço e o iene japonês seriam provavelmente os paraísos seguros”, aponta.
Além disso, dado que o ouro é cotado em dólares americanos e a volatilidade parece querer continuar, ele acredita que o metal precioso tem espaço para se mover ainda mais para cima.
Ele reforça que mantém visão positiva para o mercado no médio prazo, diante de expectativa por mais estímulos (independente de quem for eleito), o lançamento de uma vacina contra Covid-19 para a segunda metade de 2021 e com o Federal Reserve devendo reforçar seu compromisso com a política monetária.
Dito isso, embora as ações de tecnologia estejam funcionando fortemente hoje, ele espera que papéis que ficaram relativamente atrasados em 2020 liderem a próxima pernada de alta em 2021. “Isso inclui ações de middle caps (média capitalização de mercado) nos Estados Unidos, small caps e middle caps no EMU (European Economic and Monetary Union, que inclui Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal e Espanha), o Reino Unido, e ações de valor nos mercados emergentes”, aponta.
Ele diz que a pandemia nos deu provavelmente uma visibilidade de como será a nova economia, independente de quem se sente na Casa Branca. “Será mais digital, favorecendo investimentos em ações que possam ‘disruptar’ seus setores com o uso de tecnologia, como o 5G. O mundo também será mais provavelmente mais local, beneficiando a automação e a robótica à medida que as empresas procuram diversificar suas cadeias de abastecimento e trazê-las para mais perto de casa”, comenta.
Haefele diz ainda que os investidores devem permanecer atentos aos riscos potenciais, tendo em vista que o resultado da eleição dos EUA pode permanecer desconhecido por dias ou mesmo semanas, lembrando também que há risco de judicialização do processo.
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Além disso, ele diz que um potencial Congresso dividido no país no próximo ano pode limitar o tamanho de qualquer novo estímulo. Com isso, aponta, além de montar uma carteira bem diversificada em classes de ativos e geografias, agora é hora também de considerar ações que são relativamente isoladas dos problemas das campanhas. “Isso inclui empresas em serviços de comunicação; companhias com um fluxo de receita diversificado; bens de consumo; e parte do portfólio no setor de tecnologia da informação que permanece fora dos holofotes regulatórios”, finaliza.