Ibovespa: bolsa cai pressionada por coronavírus chinês (Amanda Perobelli/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 11h29.
Última atualização em 23 de janeiro de 2020 às 15h16.
São Paulo — O Ibovespa ensaiava melhora nesta quinta-feira, anulando as perdas e voltando a oscilar acima dos 118 mil pontos, apoiado na recuperação das ações de bancos, com Banco do Brasil à frente, embora o declínio dos papéis da Vale limitasse a retomada.
Às 15:01, o Ibovespa subia 0,12%, a 118.536,81 pontos. Na mínima, mais cedo, chegou a cair 1,25%, para 116.905,95 pontos. O volume financeiro da sessão somava 13 bilhões de reais.
A bolsa paulista começou a sessão pressionada pela cautela no exterior com o novo vírus na China, que já matou 17 pessoas e infectou quase 600. Duas cidades que estão no epicentro do surto do novo coronavírus foram isoladas, enquanto Pequim cancelou grandes eventos públicos.
Na visão da equipe da Guide Investimentos, investidores passaram a avaliar com mais cautela as possíveis implicações da doença sobre a economia global.
Wall Street também era enfraquecida pelos receios ligados ao vírus na China, além de resultados frustrantes da temporada de balanços em curso nos Estados Unidos, mas o S&P 500 se afastava das mínimas da sessão, com variação negativa de 0,3%.
De acordo com o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a reação do Ibovespa reflete principalmente a recuperação dos papéis de bancos, após quedas recentes, que deixaram os preços mais atrativos.
Ele também chamou a atenção para a proximidade da safra de resultados corporativos no Brasil, que pode gerar mais interesse de compradores para médio prazo. A Cielo abre o calendário das empresas listadas no Ibovespa na próxima semana, no dia 27, após o fechamento do mercado.
Análise técnica da equipe do Itaú BBA, considerando o fechamento da véspera, disse que o desafio é saber se o índice terá condições e força para superar a máxima em 118.800 pontos e seguir em direção aos 120 mil pontos e 132 mil pontos. Do lado da baixa, aponta o primeiro suporte em 117 mil pontos.
- BANCO DO BRASIL subia 3,2%, em sessão de recuperação nas ações de bancos e na esteira de reportagem do Valor Econômico de que o BB deve escolher um parceiro para a gestora de fundos da instituição, a BBDTVM, até a junho. ITAÚ UNIBANCO PN avançava 1,9% e BRADESCO PN ganhava 2,1%. No ano, contudo, esses papéis acumulam perdas de cerca de 5%, 7%, e 5%, respectivamente.
- BRASKEM PNA avançava 4,5%, na sexta alta seguida, ampliando os ganhos de janeiro para cerca de 27%, após terminar 2019 com declínio de 35%. A recuperação coincide com o acordo assinado entre a petroquímica e autoridades em Alagoas, que, entre outros pontos, garantiu a restituição de 2 bilhões de reais ao caixa da companhia. A Empíricus recomendou a compra das ações em relatório a clientes.
- VALE ON caía 2,1%, contaminada pelo declínio dos preços do minério de ferro na China. BRADESPAR, holding que concentra investimentos na Vale, perdia 2,4%. Papéis do setor de mineração e siderurgia na bolsa, contudo, mostravam comportamento divergente, contrabalançando o efeito externo e apostas de reajuste nos preços do aço no mercado brasileiro. USIMINAS PNA subia 1,5%, enquanto CSN ON perdia 1,5% e GERDAU PN recuava 0,1%.
- PETROBRAS PN avançava 0,3%, enquanto PETROBRAS ON cedia 0,4%, na esteira do declínio do petróleo no exterior, além da oferta secundária de ações ordinárias da empresa que deve ser precificada em 5 de fevereiro.
- CARREFOUR BRASIL ON valorizava-se 1,9%, após divulgar alta de 11,4% nas vendas brutas do quarto trimestre ante mesma etapa de 2018, para 16,84 bilhões de reais. Os números excluem vendas de combustíveis.
- GOL PN valorizava-se 4,2%, no segundo pregão seguido de recuperação, após perda de quase 3% na terça-feira, ampliando a alta acumulada no mês para mais de 5%. A fraqueza do dólar em relação ao real e o declínio dos preços do petróleo colaboravam com a alta. AZUL PN ganhava 0,9%X.
- OI ON, que não está no Ibovespa, disparava 7%, tendo de pano de fundo especulações relacionadas à venda de sua participação na angolana Unitel. De acordo com o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a petrolífera Sonangol, também de Angola, pagará 1 bilhão de dólares pela fatia de 25% da Oi na Unitel. Procurada pela Reuters, a Oi disse que não comentaria a notícia.