Captação da Brasil Telecom indica mais ofertas externas em reais
A empresa do grupo Oi captou R$ 1,1 bilhão com títulos globais em moeda local para aproveitar a crescente demanda de investidores em busca de diversificação
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 09h59.
Nova York - A captação recorde da Brasil Telecom com títulos globais em reais pode sinalizar uma aceleração nessas ofertas, com as empresas aproveitando a queda das taxas para uma mínima histórica.
Itaú Unibanco Holding SA e HSBC Holdings PlC disseram que companhias brasileiras vão acompanhar a Brasil Telecom. A empresa do grupo Oi captou R$ 1,1 bilhão em títulos em reais no exterior, um mês após o Banco Safra SA levantar R$ 800 milhões. O rendimento da dívida externa do governo brasileiro em real com vencimento em 2016, a referência para as captações corporativas, desabou 229 pontos-base desde março para 6,79 por cento em 6 de setembro, o menor nível já registrado.
A Brasil Telecom seguiu o exemplo do Chile na oferta de títulos globais em moeda local na semana passada, para aproveitar a crescente demanda de investidores em busca de diversificação, diante da desaceleração das economias desenvolvidas. O título da dívida externa brasileira em real também se valorizou após o governo triplicar o Imposto sobre Operações Financeiras para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa local. Isso levou alguns investidores a comprar papéis brasileiros no mercado internacional fugir do IOF.
“Há uma deterioração da confiança em algumas das moedas mais importantes e por isso os investidores estão procurando alternativas”, disse Alexei Remizov, que ajudou a coordenar a operação da Brasil Telecom como chefe de mercados de capitais para dívida brasileira no HSBC Holdings Plc. “O real tem força estrutural e é compensado por rendimentos relativamente elevados. É provável que haja mais emissões com a abertura de janelas no mercado.”
Recorde em aplicações
Fundos que investem em dívida soberana e corporativa em moeda local de mercados emergentes fizeram aplicações de US$ 17,2 bilhões desde o começo do ano, de acordo com a EPFR Global, empresa de pesquisas sediada em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts. No ano passado, esse valor atingiu o recorde de US$ 29,73 bilhões.
O Chile captou 162 bilhões de pesos (US$ 350 milhões) em 7 de setembro, com a emissão de títulos com vencimento em 2020 e taxa de 4,4 por cento. A emissão, que cheou a ter demanda de 320 bilhões de pesos, ficou “em linha com nossa meta de internacionalizar o peso”, disse o ministro das Finanças do país, Felipe Larrain, a jornalistas em Nova York em 8 de setembro.
A Brasil Telecom emitiu os títulos com prazo de cinco anos e taxa de 9,875 por cento, em 8 de setembro.
“Investidores, que no passado nunca olhavam para mercados emergentes, começam a perceber, sob a perspectiva de risco de diversificação, que é uma boa ideia ter exposição a essa classe de ativos”, disse Marcela Meirelles, estrategista para a América Latina na TCW Group Inc., em Los Angeles, que administra US$ 121 bilhões em ativos. “Fluxos para fundos em moedas locais têm sido particularmente saudáveis.”
‘Guerra cambial’
A Brasil Telecom, sediada em Brasília, foi a mercado depois que o Banco Central reduziu a taxa básica Selic em meio ponto percentual para 12 por cento em 31 de agosto, o que ajudou a desvalorizar o real. A moeda brasileira acumula uma baixa de 5,1 por cento este mês, o pior desempenho entre moedas latinas. O corte de juros veio após medidas tomadas pelo governo para conter a alta acumulada de 39 por cento do real desde o fim de 2008, que prejudica os lucros de exportadores.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no ano passado acusou os Estados Unidos, Japão e Europa de lançarem uma “guerra cambial” ao manterem juros perto de zero, disse em 2 de setembro que a queda dos juros é um “bom antídoto” contra a apreciação do real.
A desvalorização da moeda brasileira pode acabar reduzindo a demanda por títulos denominados em reais, disse Marcela, da TCW Group.
“Existe um grau de incerteza bem maior agora sobre qual será o próximo passo no Brasil”, disse ela. “O medo é que eles possam cortar os juros muito cedo e rápido demais.”
Alex Zornig, diretor financeiro da Telemar Norte Leste SA, controladora da Brasil Telecom, disse que o corte de juros pelo BC levou a empresa a reduzir o prazo dos títulos.
Vencimentos maiores
“Pretendíamos uma emissão de sete anos, mas a ata do Copom ficou um pouco confusa para os investidores e preferimos fazer em cinco anos”, disse Zornig em entrevista por telefone.
Empresas brasileiras podem aproveitar a maior demanda de investidores para tentar emitir dívida global em reais com prazo maior do que cinco anos, disse Surat Maheshwari, que também ajudou a coordenar a operação da Brasil Telecom como chefe de sindicalização internacional do Itaú BBA USA Securities em Nova York.
O Banco Safra fez uma captação de R$ 800 milhões em títulos de cinco anos em 3 de agosto, com taxa de 10,25 por cento. A Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia pagou 11,75 por cento numa oferta em abril, em que captou R$ 400 milhões. As duas empresas não quiseram comentar.
“Existe demanda por dívida brasileira em real”, disse Maheshwari em entrevista por telefone de Nova York. “E nós acreditamos que o mercado aceitaria prazos superiores a cinco anos.”
Nova York - A captação recorde da Brasil Telecom com títulos globais em reais pode sinalizar uma aceleração nessas ofertas, com as empresas aproveitando a queda das taxas para uma mínima histórica.
Itaú Unibanco Holding SA e HSBC Holdings PlC disseram que companhias brasileiras vão acompanhar a Brasil Telecom. A empresa do grupo Oi captou R$ 1,1 bilhão em títulos em reais no exterior, um mês após o Banco Safra SA levantar R$ 800 milhões. O rendimento da dívida externa do governo brasileiro em real com vencimento em 2016, a referência para as captações corporativas, desabou 229 pontos-base desde março para 6,79 por cento em 6 de setembro, o menor nível já registrado.
A Brasil Telecom seguiu o exemplo do Chile na oferta de títulos globais em moeda local na semana passada, para aproveitar a crescente demanda de investidores em busca de diversificação, diante da desaceleração das economias desenvolvidas. O título da dívida externa brasileira em real também se valorizou após o governo triplicar o Imposto sobre Operações Financeiras para aplicações de estrangeiros no mercado de renda fixa local. Isso levou alguns investidores a comprar papéis brasileiros no mercado internacional fugir do IOF.
“Há uma deterioração da confiança em algumas das moedas mais importantes e por isso os investidores estão procurando alternativas”, disse Alexei Remizov, que ajudou a coordenar a operação da Brasil Telecom como chefe de mercados de capitais para dívida brasileira no HSBC Holdings Plc. “O real tem força estrutural e é compensado por rendimentos relativamente elevados. É provável que haja mais emissões com a abertura de janelas no mercado.”
Recorde em aplicações
Fundos que investem em dívida soberana e corporativa em moeda local de mercados emergentes fizeram aplicações de US$ 17,2 bilhões desde o começo do ano, de acordo com a EPFR Global, empresa de pesquisas sediada em Cambridge, no Estado americano de Massachusetts. No ano passado, esse valor atingiu o recorde de US$ 29,73 bilhões.
O Chile captou 162 bilhões de pesos (US$ 350 milhões) em 7 de setembro, com a emissão de títulos com vencimento em 2020 e taxa de 4,4 por cento. A emissão, que cheou a ter demanda de 320 bilhões de pesos, ficou “em linha com nossa meta de internacionalizar o peso”, disse o ministro das Finanças do país, Felipe Larrain, a jornalistas em Nova York em 8 de setembro.
A Brasil Telecom emitiu os títulos com prazo de cinco anos e taxa de 9,875 por cento, em 8 de setembro.
“Investidores, que no passado nunca olhavam para mercados emergentes, começam a perceber, sob a perspectiva de risco de diversificação, que é uma boa ideia ter exposição a essa classe de ativos”, disse Marcela Meirelles, estrategista para a América Latina na TCW Group Inc., em Los Angeles, que administra US$ 121 bilhões em ativos. “Fluxos para fundos em moedas locais têm sido particularmente saudáveis.”
‘Guerra cambial’
A Brasil Telecom, sediada em Brasília, foi a mercado depois que o Banco Central reduziu a taxa básica Selic em meio ponto percentual para 12 por cento em 31 de agosto, o que ajudou a desvalorizar o real. A moeda brasileira acumula uma baixa de 5,1 por cento este mês, o pior desempenho entre moedas latinas. O corte de juros veio após medidas tomadas pelo governo para conter a alta acumulada de 39 por cento do real desde o fim de 2008, que prejudica os lucros de exportadores.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no ano passado acusou os Estados Unidos, Japão e Europa de lançarem uma “guerra cambial” ao manterem juros perto de zero, disse em 2 de setembro que a queda dos juros é um “bom antídoto” contra a apreciação do real.
A desvalorização da moeda brasileira pode acabar reduzindo a demanda por títulos denominados em reais, disse Marcela, da TCW Group.
“Existe um grau de incerteza bem maior agora sobre qual será o próximo passo no Brasil”, disse ela. “O medo é que eles possam cortar os juros muito cedo e rápido demais.”
Alex Zornig, diretor financeiro da Telemar Norte Leste SA, controladora da Brasil Telecom, disse que o corte de juros pelo BC levou a empresa a reduzir o prazo dos títulos.
Vencimentos maiores
“Pretendíamos uma emissão de sete anos, mas a ata do Copom ficou um pouco confusa para os investidores e preferimos fazer em cinco anos”, disse Zornig em entrevista por telefone.
Empresas brasileiras podem aproveitar a maior demanda de investidores para tentar emitir dívida global em reais com prazo maior do que cinco anos, disse Surat Maheshwari, que também ajudou a coordenar a operação da Brasil Telecom como chefe de sindicalização internacional do Itaú BBA USA Securities em Nova York.
O Banco Safra fez uma captação de R$ 800 milhões em títulos de cinco anos em 3 de agosto, com taxa de 10,25 por cento. A Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia pagou 11,75 por cento numa oferta em abril, em que captou R$ 400 milhões. As duas empresas não quiseram comentar.
“Existe demanda por dívida brasileira em real”, disse Maheshwari em entrevista por telefone de Nova York. “E nós acreditamos que o mercado aceitaria prazos superiores a cinco anos.”