Prédio em construção em São Paulo (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 21 de abril de 2012 às 06h12.
São Paulo – No setor imobiliário, o tamanho das construtoras e incorporadoras não é garantia de um benefício sobre as demais e garantem apenas uma maior liquidez no mercado acionário. Essa é uma das conclusões de uma recente revisão de estimativas para sete empresas do setor produzida pela Ágora, corretora do Bradesco.
“Em nossa visão, o crescimento do número de lançamentos projetados atrapalha a análise de rentabilidade dos mesmos. Assim, as baixas margens obtidas vêm sendo compensadas pelos aumentos das receitas. Contudo, os espaços para expansão do setor estão reduzidos no contexto atual”, explica o estrategista José Cataldo.
Para ele, as empresas com um único acionista majoritário garantem um maior envolvimento da empresa com objetivos de longo prazo e é um diferencial positivo a ser considerado. Cataldo explica que o modelo usual, de distribuição de bônus e ações, parece estar desalinhado com o ciclo de projetos do setor. Acompanhe a seguir as recomendações para as sete ações mais negociadas do setor na bolsa:
1 - Brookfield - Cautela
A Ágora pede cautela com as ações da Brookfield (BISA3) no curto prazo. A empresa tem se aventurado em projetos voltados para famílias de baixa renda com o apoio do programa Minha Casa, Minha Vida, onde tem pouca experiência.
“Como resultado, esse segmento terá maior representação nos resultados da empresa, e as margens serão negativamente impactadas, refletindo em nossas expectativas”, diz o analista. Forma lançados 420 milhões de reais nessa área no quarto trimestre do ano passado.
Apesar do pedido de cuidado, Cataldo destaca que as ações têm sido negociadas a um nível de retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) atraente na comparação com outras do setor e por isso elevou a recomendação para as ações.
Preço-alvo: R$ 7,90
Potencial de Valorização: 49,6%
Recomendação: de Manutenção para Compra
2 - Cyrela – Top Pick
A empresa é a preferida no setor. “Acreditamos que a Cyrela (CYRE3) seja a única, entre as seis construtoras mais líquidas, que não irá desapontar em 2012”, confia o estrategista. Segundo ele, a construtora está tentando priorizar a escolha de projetos com maior rentabilidade.
“O limite de crescimento dos projetos está sendo dado pela capacidade de execução da empresa, e não mais pela demanda. Assim, os projetos para média e alta renda continuam pressionados. Já os projetos focados em baixa renda tem perspectiva de crescimento mais forte, apesar de ainda apresentarem problemas”, avalia.
“A Cyrela é a nossa principal recomendação do setor e acreditamos que a empresa apresentará boa relação de lucro por ação (nossa estimativa supera em 12% o consenso do mercado)”, calcula Cataldo. O ROE estimado, de 18,2% para o ano, é o segundo maior entre as mais líquidas do setor, ressalta.
Preço-alvo: R$ 26
Potencial de Valorização: 55,7%
Recomendação: Comprar
3 - Gafisa – Ainda incerto
A Gafisa (GFSA3) começou o ano disposta a adotar uma nova postura corporativa. Logo tratou de lançar possíveis perdas e custos adicionais de projetos da controlada Tenda e anunciou uma redução dos lançamentos e da abrangência geográfica.
“De fato, mesmo assumindo que a Gafisa tenha feito todos os ajustes negativos, para finalmente resolver seus problemas e, em grande parte resolver suas dificuldades, ainda temos que destacar seu baixo nível de margens operacionais que deve persistir em 2012”, pondera.
A Ágora continua a estimar um endividamento elevado e um pequeno prejuízo ainda este ano. “A geração de fluxo de caixa livre é condição primordial para redução do endividamento, o que é provável de acontecer somente em 2013”, afirma o analista.
Preço-alvo: R$ 6
Potencial de Valorização: 55%
Recomendação: Manter
4 - Helbor – Confortável no longo prazo
A Helbor (HBOR3) é a segunda preferida da Ágora no setor. Segundo Cataldo, a companhia é uma das poucas em que se pode estar confortável para o longo prazo.
“A empresa tem maior foco em rentabilidade do que em crescimento acelerado, tendo feito pouco uso de capital próprio, o que deve continuar a suportar o elevado giro de ativos”, ressalta.
Preço-alvo: R$ 35,10
Potencial de Valorização: 28,1%
Recomendação: Compra
5 - PDG – Nem a diretoria confia?
A empresa é uma das que mais tem sofrido na bolsa recentemente. Para explicar o desempenho, o analista cita cinco motivos: 1) uma inesperada amortização de ágio de 214 milhões de reais no final do ano passado; 2) negociação de derivativos por diretores para se proteger da queda das ações da empresa; 3) revisão orçamentária; 4) venda de ações por parte da diretoria em março e; 5) a crítica pública feita pelo programa CQC, da Bandeirantes.
Com a combinação desses fatores, destaca Cataldo, o investidor perdeu a confiança na empresa. “Acreditamos que a PDG (PDGR3) irá demorar a recuperar a posição de liderança no mercado, e ainda mais tempo para absorver o impacto negativo, resultante dos projetos com baixas margens, da Agre. Além disso, a execução dos próprios projetos da PDG não deve facilitar a situação da empresa”, estima.
Preço-alvo: R$ 8,30
Potencial de Valorização: 74%
Recomendação: Compra
6 - Rossi – Ordem na casa
O analista explica que, como a maioria das empresas do setor, a Rossi está enfrentando margens mais baixas por conta de despesas maiores que as previstas no orçamento e agora freou a sua expansão.
“Como não está mais crescendo, a Rossi (RSID3) está aproveitando a oportunidade para rebalancear a plataforma de atuação e está vendendo terrenos de áreas que não continuará operando. A empresa está conseguindo angariar lucros pela venda desses ativos, dado que foram comprados antes da alta de preços”, destaca Cataldo.
Segundo o analista, o direcionador mais importante para a empresa agora é seguir a tendência para melhora na margem da carteira de pedidos, o que deve melhorar o cenário para a empresa em 2013.
Preço-alvo: De R$ 15,40 para R$ 13
Potencial de Valorização: 47%
Recomendação: Compra
7 - Viver – Nada positivo no curto prazo
A Ágora é bem direta em sua projeção para a Viver (VIVR3). “Continuamos a ver a ausência de sinais positivos para a Viver no curto prazo. Preferimos recomendar a compra das ações em um segundo momento, após as vendas de ativos que estão no radar da empresa para realização, corroborando para que o processo de desalavancagem se materialize e as margens comecem a melhorar”, explica o analista.
Além disso, o Cataldo lembra que a empresa ainda não definiu a sua estratégia em relação à segmentação de renda e diversificação geográfica.
Preço-alvo: De R$ 3 para R$ 2,50
Potencial de Valorização: 1%
Recomendação: Manter