O Grupo Camargo Corrêa é citado pelo BCG como exemplo de como os grandes conglomerados de países emergentes estão se fortalecendo. O grupo brasileiro atua em setores que vão da construção à geração de energia (Germano Lüders)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2012 às 20h41.
Lisboa - A InterCement, do grupo brasileiro Camargo Corrêa, lançou nesta sexta-feira Oferta Pública de Aquisição (OPA) da totalidade das ações da cimenteira portuguesa Cimpor, da qual já é sócia.
Segundo anúncio preliminar da operação encaminhado à comissão de valores mobiliários de Portugal, a Camargo Corrêa está oferecendo 5,50 euros por ação da Cimpor, o que representa um prêmio de 10 por cento sobre o valor de fechamento do papel nesta sexta-feira na Bolsa de Lisboa.
A Cimpor é a maior produtora de cimento de Portugal e oitava europeia, além de ter forte presença no Brasil. A também brasileira Votorantim é outra acionista do grupo português, que foi alvo de oferta hostil de aquisição pela CSN antes da entrada de Camargo e Votorantim em seu capital.
A Camargo Corrêa já é a maior acionista da Cimpor, com 32,9 por cento da companhia.
A proposta implica em um valor total de mercado à Cimpor de cerca de 3,7 bilhões de euros. Considerando adesão de todos os outros acionistas da cimenteira, a Camargo Corrêa teria que desembolsar 2,5 bilhões de euros.
"A presente oferta tem em vista a aquisição do controle da Cimpor e a instituição de uma estrutura acionista coerente e estável da Cimpor", segundo o documento sobre a OPA.
A InterCement pretende propor ao Conselho de Administração da Cimpor a integração na cimenteira portuguesa dos ativos e operações de cimento na América do Sul e em Angola.
"Os termos e as condições para a integração de ativos não estão estabelecidos e deverão ser objeto de ampla discussão entre as partes após e dependendo do resultado da oferta." O prospecto da OPA acrescenta que a integração dos ativos e das operações da InterCement "poderá implicar, eventualmente, uma reorganização societária mais ampla" da Cimpor.
Em comunicado, a estatal portuguesa Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou "que decidiu vender a participação de 9,58 por cento que detém na Cimpor, no âmbito da OPA".
"A referida decisão está subordinada a que a Votorantim Cimentos dispense a CGD do cumprimento de todos os deveres previstos no acordo de acionistas, em vigor entre as partes, em termos que a CGD considere satisfatórios", frisou a CGD.
A Votorantim é a segunda maior acionista da Cimpor com 21,2 por cento da cimenteira. A quantidade de ações da Cimpor em circulação no mercado ("free float") representa ao redor de 15 por cento do capital.
Em nota, a Votorantim Cimentos informou que "irá analisar a proposta (da Camargo Corrêa) e avaliar todas as alternativas que se apresentam, com o objetivo de atender a sua estratégia de desenvolvimento de negócios e criação de valor no longo prazo".
Alvo de brasileiras - A Cimpor já tinha sido alvo de uma oferta hostil de compra da também brasileira CSN. Apesar de ter fracassado em sua incursão, o interesse da CSN despertou o apetite de Camargo Corrêa e Votorantim -atraídas pela portfólio internacional da cimenteira portuguesa, exposta a mercados emergentes de forte crescimento.
A Camargo Corrêa entrou no Cimpor em 10 de fevereiro de 2010 e alguns dias depois a Votorantim adquiriu uma participação da cimenteira portuguesa.
A Cimpor, além da presença na Ibéria, tem operações no Brasil, China, Egito, África do Sul, Turquia, Índia, Marrocos, Tunísia, Peru, Moçambique e Cabo Verde.
Em 2010, a Cimpor teve um lucro líquido de 198 milhões de euros. A contribuição dos mercados emergentes para a geração de caixa da companhia medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) subiu para 78 por cento em 2011, de 73 por cento em 2010.
Desde o início de 2012, as ações da Cimpor acumulam queda de 7 por cento, após terem recuado 5 por cento em todo o ano passado.