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Caixa: CEO diz que Selic alta e saques do FGTS prejudicam a capacidade de financiamento

Rita Serrano, presidente da Caixa, criticou a decisão do Copom em manter a Selic em 13,75% e disse que juros altos impactam o funding

Caixa: carteira de crédito imobiliário do banco cresceu 14% no ano passado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Caixa: carteira de crédito imobiliário do banco cresceu 14% no ano passado (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 23 de março de 2023 às 20h19.

Última atualização em 23 de março de 2023 às 20h30.

A Caixa, banco 100% estatal, entrou na guerra do governo contra a taxa de juro e o Banco Central. Nesta quinta-feira, 23, Rita Serrano, presidente da Caixa, criticou durante coletiva de imprensa a decisão do Copom em manter a Selic em 13,75%. A executiva foi na mesma linha de pensamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse, hoje, que não há explicação para que a taxa esteja neste patamar. 

De acordo com Serrano, os juros altos têm impactado o funding e a capacidade de financiamento do banco. Quando se trata de crédito imobiliário, a Caixa tem 66% de participação do mercado e é o principal financiador do mercado imobiliário do país. Apesar da crítica, a carteira de crédito imobiliário da Caixa chegou a R$ 637,9 bilhões no ano passado, um crescimento de 13,6% em relação a 2021. O total de crédito contratado também cresceu. Alta de 15% sobre o mesmo período do ano passado, chegando em R$ 161 bilhões.

A CEO do banco disse que a alta de juros tem tirado recursos da poupança, primordial para financiamento do sistema SBPE. Segundo ela, no ano passado, a Caixa perdeu R$ 33 bilhões de reais do sistema de financiamento. Uma das explicações que é a Selic em patamar elevado beneficia aplicações atreladas ao CDI. Além da mudança de portfólio de investimento, os brasileiros têm sacado dinheiro da poupança para manter as contas em dia e para consumo. De uma maneira geral, os financiamentos imobiliários do país com recursos das cadernetas de poupança estão em queda. Dados mais recentes divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) apontam que os financiamentos somaram R$ 11,9 bilhões em janeiro deste ano, uma queda de 15,2% em relação a dezembro de 2022 e de 18,4%, frente ao mesmo período de 2022.

Saques do FGTS

Rita Serrano apontou também que os saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) têm impactado na carteira de crédito imobiliário do banco. A retirada do recurso ocorreu por meio do saque-aniversário do FGTS e da decisão do governo Bolsonaro que permitiu o saque de até R$ 1 mil do fundo. Além disso, o fundo é impactado diretamente pelo mercado de trabalho do país.

A Caixa alega que os saques recorrentes nos últimos anos trarão um problema no médio prazo para o fundo. “Com os saques sucessivos e o mercado de trabalho como está hoje, com mais informais, traz um problema de sustentabilidade do fundo. Nós dependemos do FGTS e da poupança.” De acordo com Serrano, não ter funding por meio do FGTS ou do SBPE acaba impactando para que o banco ofereça taxas de financiamento imobiliário mais atrativas ao consumidor. “Isso é um problema que temos de resolver.”

Uma das alternativas encontradas pela Caixa no ano passado para manter o funding da carteira de crédito geral foi por meio das letras financeiras (LCI, LCA e LF). No ano passado, a carteira de letras do banco chegou a R$ 84 bilhões, um crescimento de 241%, na comparação com 2021.

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