Mercados

BRF cai com votos do Cade para rejeitar aquisição da Sadia

A maior exportadora mundial de frango caiu para o nível mais baixo em mais de seis meses

A queda tirou US$ 1,56 bilhão do valor de mercado da Brasil Foods em dois dias (Getty Images/Getty Images)

A queda tirou US$ 1,56 bilhão do valor de mercado da Brasil Foods em dois dias (Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2011 às 14h43.

São Paulo e Brasília - A BRF - Brasil Foods SA, maior exportador mundial de frango, caiu para o nível mais baixo em mais de seis meses após integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica votarem pela rejeição do negócio que criou a empresa.

A Brasil Foods, criada há dois anos após a Perdigão SA Indústria e Comércio adquirir a Sadia SA por US$ 3,8 bilhões, caía 4,7 por cento, para R$ 24,91, às 13:43 na BM&FBovespa. A ação chegou a cair 7 por cento mais cedo para R$ 24,33, a cotação mais baixa desde 24 de novembro, depois de ter caído 7,7 por cento na mínima de ontem. A queda tirou US$ 1,56 bilhão do valor de mercado da Brasil Foods em dois dias.

A companhia sediada em São Paulo pode aumentar preços sem perder clientes, disse ontem Carlos Ragazzo, um dos cinco conselheiros do Cade que analisam a operação e relator do caso da BRF. O conselheiro Ricardo Ruiz foi o segundo, votou pela rejeição da compra da Sadia pela Perdigão e pediu vistas do processo, adiando a continuação da sessão para a semana que vem.

“Todo mundo estava esperando que a fusão fosse aprovada, então, dois anos depois, o Cade joga essa enorme sombra sobre o negócio”, disse Fausto Gouvêia, que ajuda a administrar R$ 250 milhões na Legan Asset Management, em entrevista por telefone de São Paulo. “No melhor cenário, o negócio será aprovado, mas a empresa terá que vender ativos, o que significa menor geração de caixa.”

Decisão Final

A recomendação para a Brasil Foods foi cortada hoje de “market perform” para “underperform” pela analista Daniela Bretthauer, da Raymond James. A ação também teve recomendação rebaixada de “compra” para “neutra” por Fabio Monteiro, analista do Banco BTG Pactual.

O Cade deve tomar a decisão final em seu próximo encontro, no dia 15 de junho. No Brasil, as autoridades reguladoras podem rejeitar uma fusão ou determinar restrições mesmo após as companhias terem se unido, inclusive operacionalmente.

“Raramente se vê nas análises antitruste uma operação em que a probabilidade de danos ao mercado e aos consumidores se mostre tão evidente”, disse Ragazzo no relatório sobre o caso. “O ato proposto é um caso de livro texto, como exemplo de operação impossível de ser aprovada pelos reguladores.”

O rendimento dos títulos da Brasil Foods com vencimento em 2020 subiu 28 pontos-base, ou 0,28 ponto percentual, para 6,15 por cento às 12:08, na maior alta desde novembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os papéis com vencimento em 2017 subiram 14 basis pontos-base para 5,57 por cento.

‘Ainda otimista’

A Brasil Foods ainda está “otimista” em encontrar uma solução negociada com o Cade, disse Wilson Mello, vice- presidente de Relações Institucionais da empresa, ontem após a sessão do Conselho a jornalistas em Brasília. Em comunicado, a empresa disse que o adiamento da sessão era positivo pois dava mais tempo para as autoridades revisarem o caso.

“A aprovação sem restrições está fora de questão, sem dúvida”, disse Rafael Cintra, analista da Link Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo ontem. “O relatório foi sombrio e vai pesar nos papéis.”

Acompanhe tudo sobre:AçõesAlimentaçãoAlimentos processadosBRFCarnes e derivadosEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasPerdigãoSadiaTrigo

Mais de Mercados

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio

Novo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidade

Após vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado