Bradesco tem maior baixa em 4 meses com aumento de despesas
Papel do banco tem queda de 4,2%, a maior do Ibovespa hoje
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2010 às 14h11.
São Paulo/Rio de Janeiro - O Banco Bradesco SA, segundo maior banco do Brasil em valor de mercado, tem a maior queda em quatro meses por causa do aumento das despesas administrativas no terceiro trimestre.
As ações preferenciais do banco caíam 4,2 por cento para R$ 35,37 às 14h33 na BM&FBovespa SA. Essa é a queda mais forte entre os 67 integrantes do Ibovespa e a maior baixa para o papel desde o dia 29 de junho. No ano, o Bradesco acumula valorização de 23 por cento, enquanto que o Ibovespa subiu 3,1 por cento no período.
O lucro líquido ajustado, que exclui itens extraordinários, aumentou de R$ 1,8 bilhão no terceiro trimestre de 2009 para R$ 2,52 bilhões, uma alta de 40 por cento, disse hoje o banco com sede em Osasco, São Paulo, em comunicado em seu website. O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas de quatro analistas consultados pela Bloomberg, que indicava R$ 2,55 bilhões. As despesas de administração e com pessoal ficaram em R$ 5,3 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 18,2 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado.
“As despesas administrativas vieram acima da expectativa, e devem continuar crescendo”, escreveu Eduardo Nishio, analista do Banco BTG Pactual SA, em um relatório hoje. “Bradesco vem superando o desempenho dos seus rivais desde o começo do ano por causa da melhora dos resultados. Então, a maior parte das boas notícias já está no preço.”
No dia 20 de outubro, a Federação Nacional dos Bancos acertou pagar um aumento de 16,3 por cento para os bancários do País. O reajuste é retroativo a setembro. Além do dissídio, o Bradesco disse que contratou 2.799 funcionários no terceiro trimestre.
Carteira de crédito
A carteira de crédito do banco cresceu 19 por cento em relação ao ano passado, para R$ 255,6 bilhões, enquanto os ativos totais aumentaram 26 por cento, para R$ 611,9 bilhões, disse o Bradesco.
Os empréstimos bancários no Brasil têm crescido à medida que o baixo desemprego e o aumento salarial estimulam a demanda de consumidores e empresas por crédito. O Produto Interno Bruto deve crescer 7,6 por cento este ano, segundo a projeção mediana de cerca de 100 economistas na pesquisa do Banco Central de 22 de outubro. O volume total de crédito cresceu 20 por cento em setembro para o nível recorde de R$ 1,61 trilhão, segundo o BC.
A taxa média de inadimplência, medida pelo total de pagamentos em atraso há mais de 90 dias, caiu para 3,8 por cento no fim de setembro, contra 4 por cento no fim do segundo trimestre e 5 por cento no terceiro trimestre de 2009.
A queda da inadimplência reflete a situação da economia brasileira, disse Domingos Abreu, vice-presidente do Bradesco, em teleconferência com jornalistas hoje. “A expectativa para este trimestre é de alguma melhora, mas em níveis menos acentuados.”
O lucro sem excluir os itens extraordinários cresceu 40 por cento para R$ 2,53 bilhões.