Por Gustavo Nicoletta

Nova York - Os principais índices do mercado de ações dos EUA fecharam em queda e passaram a acumular baixa em novembro, pressionados por receios com a possibilidade de um aumento nas taxas de juro da China, medida que poderia desacelerar o crescimento econômico do país asiático. Também pesou sobre as bolsas a incerteza sobre se haverá uma nova rodada de pacotes de resgate na União Europeia após uma reportagem do Wall Street Journal afirmar que autoridades da região estudam conceder à Irlanda até 100 bilhões de euros em auxílio financeiro. O governo irlandês, no entanto, nega que solicitou o auxílio.

Além disso, segundo o estrategista de mercado Mike O'Rourke, da corretora BTIG, o mercado está desfazendo as apostas feitas com base no anúncio do programa de afrouxamento quantitativo anunciado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) no início de novembro. "É um efeito de reequilíbrio que as pessoas não estavam esperando", acrescentou.

O Dow Jones caiu 178,47 pontos, ou 1,59%, para 11.023,50 pontos, após ter descido à mínima na sessão de 10.979,00 pontos. Entre os componentes do índice, a Alcoa teve um dos piores desempenhos, fechando em baixa de 2,76% diante da perspectiva de uma potencial redução na demanda chinesa por alumínio caso o governo local decida apertar a política monetária.

A Home Depot foi um dos dois componentes do Dow Jones que fechou em alta, subindo 0,96% após elevar a projeção de lucro para o ano. O Walmart foi o outro componente, avançando 0,57% depois de a empresa anunciar que seu lucro do terceiro trimestre fiscal cresceu 9,3% em comparação a igual período do ano passado.

Entre os demais índices, o Nasdaq caiu 43,98 pontos, ou 1,75%, para 2.469,84 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 19,41 pontos, ou 1,62%, para 1.178,34 pontos.

O governo da China divulgou recentemente que está elaborando medidas para conter os rápidos aumentos dos preços no país. Apesar disso, não foram apresentados detalhes sobre as medidas que estão sendo estudadas. Isso, aliado ao ceticismo com a eficácia do programa de compras de bônus do Fed, está pressionando os mercados, segundo analistas.

Paralelamente a isso, ainda paira sobre a Europa a incerteza relacionada aos problemas orçamentários das pequenas economias da zona do euro. O Wall Street Journal publicou recentemente, citando fontes próximas ao assunto, que ministros do bloco estariam avaliando pacotes de resgate para os bancos e o governo da Irlanda ou apenas para o setor bancário do país. Se apenas os bancos forem contemplados pelo auxílio, o pacote deve ficar entre 40 bilhões de euros e 50 bilhões de euros. Se os recursos também forem direcionados ao governo, poderiam ser empregados até 100 bilhões de euros.

Apesar disso, o primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, afirmou que o país não solicitou qualquer ajuda, embora tenha reconhecido que a Irlanda está sob pressão na Europa e afirmado que "algumas pessoas" gostariam que o país pedisse ajuda financeira no exterior. As informações são da Dow Jones.