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Ibovespa acumula queda de 37% no ano e tem pior trimestre da história

Congresso e governo americano estudam nova rodada de estímulos econômicos, mas aumento do número de casos nos EUA assusta investidores

A bolsa brasileira B3: mercado de ações local sofre com as incertezas sobre o coronavírus (Cris Faga/Getty Images)

A bolsa brasileira B3: mercado de ações local sofre com as incertezas sobre o coronavírus (Cris Faga/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de março de 2020 às 10h27.

Última atualização em 1 de abril de 2020 às 01h05.

São Paulo -  O Ibovespa fechou o pregão desta terça-feira, 31, em queda de 2,17%, em 73.019 pontos. A sessão teve como pano de fundo as incertezas sobre os impactos do coronavírus covid-19, após o número de infectados nos Estados Unidos chegar a 184 mil - mais do que o dobro da quantidade registrada na China. Com o resultado, o principal índice acionário brasileiro encerrou o trimestre com queda de 36,86% - o pior da história, de acordo com a Economática. 

Somente em março, quando o potencial de destruição do novo vírus se tornou ainda mais claro para o Ocidente, o Ibovespa derreteu 29,9%. - o pior desempenho desde agosto de 1998, quando a crise econômica da Rússia ameaçava a sustentabilidade da economia mundial.  Desta vez, a crise não foi gerada por falta de dinheiro, mas pode ter graves consequências econômicas. "Provavelmente, a gente vai ter recessão no primeiro e no segundo trimestre", disse Rafael Belivacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos.

Os Estados Unidos já são o país com o maior número de casos de coronavírus. Somente na cidade de Nova York, onde fica o mais importante centro financeiro do mundo, são 932 mortes de um total de 3.606 nos EUA, de acordo com dados da Univesidade Johns Hopkins. Por lá, o índice acionário S&P 500 recuou 1,6%.

"O mercado está olhando para a evolução dos casos nos Estados Unidos. Ninguém consegue mensurar os impactos que isso vai ter na economia", afirmou Gabriel Ribeiro, analista da Necton Investimentos.

Embora não descarte mais volatilidade nos próximos dias, Ribeiro já começa a ver as bolsas voltarem aos trilhos. "Não está tendo mais quedas de 10% e altas de 7%. Acho que a tendência é começar um processo de consolidação". Apesar dos mercados ocidentais terem fechado em queda, o índice de volatilidade VIX recuou 6%.

Os investidores ainda aguardam ansiosos a divulgação de dados de pedidos por seguro desemprego, programada para quinta-feira, 2. Na semana retrasada (finda em 21 de março), o número de pedidos saltou de 282 mil para 3,28 milhões. "Já se espera um número muito alto como foi o último. Mas a expectativa é a de que os pacotes do governo americano tenham o efeito de estancar as demissões no curto-prazo", disse Ribeiro.

Nos Estados Unidos, governo e Congresso voltaram a conversar a respeito de um novo pacote de estímulos econômicos, após terem aprovado, na semana passada, uma ajuda emergencial de 2 trilhões de dólares. Dessa vez, o montante deve ser menor, da ordem de 600 bilhões de dólares, segundo o site da Bloomberg.

Indústria da China

Mais cedo, o Ibovespa oscilou sem direção definida por quase toda manhã, ainda refletindo as notícias positivas sobre a indústria chinesa. 

Divulgado nesta madrugada, o Índice de atividade dos gerentes de compras (PMI) Industrial da China referente ao mês de março superou as expectativas do mercado ao ficar em 52 pontos, indicando aumento da atividade no país. A expectativa do mercado era de que o indicador ficasse em 45 pontos, abaixo dos 50 pontos que é o limite entre a contração e a expansão. Em fevereiro, mês em que a epidemia de coronavírus atingiu o estágio mais crítico na China, o PMI industrial ficou em 37 pontos.

O indicador, que mostrou que a recuperação do coronavírus pode ser mais rápida do que se imaginava, impulsionou as ações nos mercados asiáticos. Contudo, os índices americanos abriram em queda, evidenciando a preocupação com o aumento do número de infectados e mortos pelo covid-19 no país.

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