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Bolsa brasileira é refém dos problemas com o euro, diz FT

“Apenas os mais corajosos estão dispostos a voltar a pisar em um mercado que até o ano passado era um dos favoritos do mundo emergente”, afirma o jornal

"Não irei tocar nas ações brasileiras ou no real até que a Europa exploda ou resolva os seus problemas", disse um gestor

"Não irei tocar nas ações brasileiras ou no real até que a Europa exploda ou resolva os seus problemas", disse um gestor

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Da Redação

Publicado em 28 de setembro de 2011 às 15h03.

São Paulo – A bolsa brasileira, que no final do ano passado foi uma das preferidas nos mercados emergentes, agora só é testada pelos mais corajosos, destaca o jornal britânico Financial Times. A matéria cita uma conferência sobre o Brasil realizada na semana passada em Washington ao mesmo tempo em que o Banco Mundial e o FMI conduziam as suas reuniões anuais.

Segundo o jornal, o clima estava pesado entre os participantes. “Não importa o quanto sobrevendido ela [a bolsa] parece estar, eu não irei tocar nas ações brasileiras ou no real até que a Europa se exploda ou resolva os seus problemas”, disse um gestor americano que participou do encontro.

No ano, a queda do Ibovespa – o principal índice de ações do país – tem queda de aproximadamente 22%.

“A maior economia da América Latina e o seu mercado de capitais são reféns das mesmas incertezas sobre a zona do euro que puxaram quase todos os mercados emergentes para novas baixas nas últimas semanas e que enfraqueceram as suas moedas”, explica o FT. Mas no caso brasileiro há também razões domésticas, principalmente a inflação.

O Banco Central, liderado por Alexandre Tombini, pegou todo mundo de surpresa ao tesourar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual no final de agosto, que agora está em 12% ao ano. A equipe de Tombini afirmou que a decisão foi tomada para mitigar os efeitos de um ambiente global mais restritivo. O comunicado mais longo do que o habitual disse ainda que a crise externa pode chegar ao Brasil por vários canais.


“A incerteza entre alguns investidores é sobre o que irá acontecer caso um choque econômico não ocorra. O BC já apostou em um crescimento muito menor com esse corte. Mas se o crescimento se provar melhor que o esperado, a inflação no Brasil poderia se manter em alta, forçando o BC a apertar a política monetária mais uma vez”, ressalta o FT.

O último relatório Focus, que é uma pesquisa semanal realizada pelo BC com aproximadamente 100 economistas, mostra que o mercado espera a inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), em 6,52% em 2011. Foi a sexta alta consecutiva. A meta da inflação é de 4,5%, com uma margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

“Outros argumentam que o governo deveria se valer da crise da zona do euro como uma oportunidade para o Brasil rebalancear o mix de políticas para entregar um crescimento mais estável no futuro”, destaca o FT.

O jornal lembra, contudo, que se o governo conseguir controlar os gastos durante a desaceleração e ao contrário utilizar a política monetária para conter a queda no crescimento, o Brasil poderia reduzir a histórica alta taxa real de juro.

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