Bolsa abre em queda após pesquisa do Ibope
Às 10:09, o Ibovespa caía 1,06 por cento, a 77.157,58 pontos
Karla Mamona
Publicado em 25 de setembro de 2018 às 10h27.
Última atualização em 25 de setembro de 2018 às 12h02.
SÃO PAULO, 25 Set (Reuters) - O tom negativo prevalecia na bolsa paulista nos primeiros negócios desta terça-feira, ditado por receios com o cenário eleitoral, após pesquisa Ibope na noite de segunda-feira mostrar piora no desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) nas simulações de segundo turno e melhora do petista Fernando Haddad.
Às 11:47, o Ibovespa caía 0,11 por cento, a 77.898,42 pontos. O volume financeiro somava 2,67 bilhões de reais.
De acordo com o Ibope, o candidato do PSL segue na liderança da corrida presidencial deste ano no primeiro turno, mantendo 28 por cento das intenções de voto, seguido por Haddad, que chegou a 22 por cento ante 19 por cento em levantamento anterior.
Nas simulações de segundo turno, contudo, Bolsonaro perde para todos os principais concorrentes, com exceção de Marina Silva (Rede), com quem empata em 39 por cento --na semana passada ele vencia por 41 a 36 por cento. Haddad, por sua vez, vence o candidato do PSL por 43 a 37 por cento, enquanto na pesquisa anterior os dois apareciam empatados.
Para a equipe da corretora Brasil Plural, as chances de um desfecho ainda no primeiro turno ficam mais distantes e os dados reforçam a probabilidade de um cenário de segundo turno com Bolsonaro e Haddad, com favoritismo do petista, conforme nota distribuída a clientes.
"É prematuro fazer qualquer previsão sobre os resultados da eleição a essa altura. No entanto, os números do Ibope permitem afirmar, ao menos aos olhos de hoje, o favoritismo de Fernando Haddad", disse a Brasil Plural, citando como razões a ascensão do ex-prefeito, menor taxa de rejeição do que Bolsonaro e maior estrutura do PT para uma campanha de segundo turno.
Investidores ainda se mostram receosos em relação a Haddad, preocupados sobre a sua capacidade de assumir um compromisso com o rigor fiscal e se distanciar do desenvolvimentismo assumido pelo governo Dilma Rousseff e de algumas ideias defendidas pelo economista Marcio Pochmann, diretor da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e um dos autores da parte econômica do plano de governo petista.
No exterior, Wall Street abriu com os principais índices acionários ao redor da estabilidade, com o avanço de ações relacionadas ao petróleo ajudando o Dow Jones, assim como papéis de bancos na expectativa de decisão de juros do banco central dos EUA nesta semana.
DESTAQUES
- BRADESCO PN cedia 1,19 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN perdia 0,65 por cento, entre as maiores pressões de baixa do Ibovespa, uma vez que o setor de bancos é um dos mais vulneráveis a especulações sobre o desfecho da corrida presidencial. BANCO DO BRASIL caía 1,92 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT recuava 0,76 por cento.
- PETROBRAS PN recuava 0,65 por cento, contaminada por receios com a cena eleitoral, mas PETROBRAS ON tinha variação positiva de 0,04 por cento, com os preços do petróleo Brent avançando para máximas em quatro anos, impulsionados, entre outros fatores, pelas iminentes sanções dos EUA às exportações de petróleo iraniano.
- GOL PN caía 3,28 por cento, após ganhos recentes, conforme o dólar se fortalecia ante o real e o petróleo Brent oscilava na casa dos 82 dólares o barril. Da mínima do mês, registrada no dia 13, até a última sexta-feira, o papel acumula alta de 22,6 por cento.
- NATURA perdia 1,65 por cento, em sessão negativa para o setor de consumo de modo geral, em meio ao avanço das taxas futuras de juros. No caso da fabricante de cosméticos, o conselho de administração aprovou Jessica DiLullo Herri para o cargo de membro do colegiado. No setor, CVC Brasil cedia 2,15 por cento, também afetada pelo movimento do câmbio.
- VALE valorizava-se 2,11 por cento, a 61,47 reais, máxima intradia, atenuando a pressão de queda no Ibovespa. Para a equipe do BTG Pactual, o desempenho dos papéis é justificado pela performance excelente de seu minério de alto teor, clara política de dividendos, perfil contido de investimentos, entre outros fatores, além de ser um dos melhores 'hedges' dentro do Ibovespa para se proteger contra incertezas políticas no país.
- BRASKEM subia 2,69 por cento, tendo no radar acordo da Petrobras com Odebrecht, sócias na petroquímica, para um aditivo ao acordo de acionistas da empresa que altera uma cláusula relacionada ao direito de 'tag along'.