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BDRs: Saiba quais os setores mais promissores segundo os analistas

Investimentos em empresas do exterior por meio dos recibos se consolidam e ganham diversificação com outras empresas para além da tecnologia

B3: negociação de BDRs cresce em ritmo acelerado com o interesse crescente de pequenos investidores (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 07h10.

Última atualização em 4 de março de 2021 às 14h31.

Bancos, redes varejistas de consumo físico e empresas de turismo são algumas apostas de negócios cujos papéis podem surfar a onda da expectativa com a retomada econômica. É o que o mercado chama de rotação setorial: os papéis esquecidos durante os meses mais críticos da crise voltam a ter um lugar na carteira dos investidores.

Isso vale tanto para as ações de empresas brasileiras quanto para os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) , certificados que espelham papéis listados no exterior e permitem a negociação de companhias estrangeiras diretamente na B3. O interesse pelos BDRs deu um salto nos últimos meses, depois que uma mudança regulatória permitiu a entrada dos investidores comuns nesse mercado -- antes restrito apenas para os investidores qualificados, com ao menos 1 milhão de reais em investimentos.

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A alteração entrou em vigor em outubro de 2020 e já foi suficiente para que a negociação de BDRs no período fosse oito vezes maior do que a registrada no ano anterior. Os brasileiros foram às compras e optaram, primeiramente, por papéis de empresas muito conhecidas do público nacional, como Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34) e Mercado Libre (MELI34).

BDRs com maior liquidez no ano de 2020

Empresa País Ticker Retorno anual em reais (%) Retorno anual em dólares (%)

1

TeslaEUATSLA34

997,49

751,24

2

Mercado LibreArgentinaMELI34

277,85

193,07

3

AppleEUAAAPL34

135,87

82,94

4

AmazonEUAAMZO34

130,94

79,13

5

MicrosoftEUAMSFT34

83,49

42,32

6

AlphabetEUAGOGL34

67,38

29,82

7

FacebookEUAFBOK34

72,08

33,47

8

AlibabaHong KongBABA34

42,89

10,83

9

Walt DisneyEUADISB34

62,83

26,29

10

Berkishire HathawayEUABERK34

30,17

1,56

Fonte: Economatica

Muitas das favoritas são protagonistas dos setores de tecnologia e e-commerce, que cresceram aceleradamente ao longo da fase mais aguda da pandemia de Covid-19.

“As empresas de tecnologia entraram na moda com o avanço dos negócios ‘fique em casa’, a ponto de algumas estarem dentro do risco de bolha especulativa. Com a vacinação e a retomada econômica, companhias mais machucadas vão começar a prosperar e suas ações vão voltar a subir, entrando no radar do investidor brasileiro”, avalia Bernardo Carneiro, especialista em BDRs da EXAME Research.

Mas os BDRs da chamada velha economia -- como os papéis de turismo e lazer, companhias aéreas, varejo físico e setor bancário -- também estão prontos para entrar em um cenário de valorização, segundo Carneiro. “São empresas com décadas de trajetória, rentáveis, com bons números de crescimento. Têm tudo para performar bem não só neste ano mas também em 2022”, afirma.

Este, no entanto, não é o fim do protagonismo das empresas de tecnologia. “O futuro passa por digitalização, e o que a pandemia fez foi acelerar essa tendência. Essa alta firme, inclusive, já está incorporada no preço dessas ações. Isso, porém, não significa que esses negócios vão parar de crescer. A tendência ainda é para cima”, pontua Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

Consolidação dos BDRs

A busca por diferentes setores dentro do universo dos BDRs faz parte do movimento de consolidação desses certificados como uma opção de diversificação da carteira. “Fará cada vez menos sentido falar em ‘investimento no exterior’ como uma única categoria. É importante entender em que tipo de ‘exterior’ estou investindo: quais empresas e de que categoria”, diz Marc Foster, head da gestora Western Asset no Brasil.

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Outro ponto importante é a diversificação por meio do câmbio. Embora a negociação de BDRs seja realizada em reais, a variação de preço do certificado acompanha a flutuação cambial e deixa o investidor exposto também ao dólar. “Ao adquirir um BDR, portanto, o investidor ingressa em dois mercados ao mesmo tempo: na bolsa estrangeira e no câmbio”, resumem analistas do Banco do Brasil em relatório sobre o setor.

A quantidade de oportunidades também aumenta exponencialmente fora das fronteiras do país. “O mercado americano tem 32 trilhões de dólares em investimentos, enquanto o brasileiro tem menos de 1 trilhão de dólares. É incomparável, e mostra o quanto o investimento fora do país tende a crescer”, completa Foster.

O número de BDRs, a propósito, já é maior que o de empresas listadas no Brasil: são 671 ativos disponíveis para o investidor, contra 378 ações listadas na B3. Para que o mercado atinja seu potencial máximo, contudo, é preciso que alguns dos BDRs já negociados passem por desdobramentos -- situação em que o número de ações em circulação aumenta e os preços caem. Isso ajudaria a deixar alguns papéis mais acessíveis para o pequeno investidor, como o da Nike (NIKE34), que é negociado atualmente a 749 reais na bolsa brasileira.

 

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