Dólar e real: dólar cai 5,7% desde a máxima em três meses alcançada em 26 de agosto (5,6124 reais) e recua 10,3% desde que bateu recorde histórico de 5,9012 reais em 13 de maio (Ricardo Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 15h27.
O dólar pode voltar a testar o patamar perto de 5 reais no ano que vem, mas apenas caso a agenda de reformas e o crescimento da economia brasileira se sustentarem, avaliou Agustin Sicouly, chefe de câmbio para a América Latina do Barclays.
Até o fim deste ano, Sicouly acredita que a moeda tende a rondar os níveis atuais em torno de 5,30 reais, depois de recente desmonte de posições contrárias à divisa brasileira motivado em parte por sinais de retomada econômica e volta do debate sobre reformas.
"Se o Brasil sustentar um crescimento mais forte, vai ficar mais evidente que os 'hedges' no câmbio não vão valer mais a pena, e isso estimularia mais desmonte de posições contrárias ao real, ajudando a moeda a se recuperar mais", afirmou o profissional.
O dólar cai 5,7% desde a máxima em três meses alcançada em 26 de agosto (5,6124 reais) e recua 10,3% desde que bateu recorde histórico de 5,9012 reais em 13 de maio. Mas, em 2020, a moeda norte-americana ainda dispara 31,8%, o que faz do real a divisa de pior desempenho no mundo. O dólar caía cerca de 1,4% nesta quarta, para 5,29 reais.
Após o recente ajuste positivo para o câmbio depois de o mercado ter acumulado excesso de posições vendidas em real, Sicouly avaliou que a performance do real daqui em diante será mais determinada por expectativas sobre ingressos de recursos num contexto de uma tentativa de retomada econômica e da agenda de reformas.
"No cenário atual, é possível que tenhamos resultados positivos. Os pontos negativos para o real parecem precificados, então se houver mais clareza nas reformas e um crescimento mais sustentado podemos ver o real continuar a se apreciar."
O chefe de câmbio do Barclays na América Latina afirmou que tem percebido mais interesse no Brasil, com investidores em busca de oportunidades nos preços.
"Não acho que eles estão comprando Brasil neste momento por causa das incertezas sobre crescimento e reformas, mas estão de olho em potenciais pontos de entrada", disse.
E, mesmo que o real volte a depreciar para níveis perto de 5,65 por dólar, por exemplo, o Banco Central deverá ser mais ativo no mercado e prover liquidez, concluiu Sicouly.