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Bancos adiam captações com ‘indigestão’ por excesso de ofertas

Bancos Pine e Bonsucesso deixaram a emissão de títulos da dívida para depois, após bancos de médio porte conseguirem US$ 2 bi no mercado internacional neste ano

Bancos médios aceleraram em 2011 a captação em dólar para manter oferta de crédito (Getty Images)

Bancos médios aceleraram em 2011 a captação em dólar para manter oferta de crédito (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2011 às 08h52.

São Paulo - O excesso de ofertas de títulos em dólares por bancos brasileiros nos mercados internacionais levou o Banco Pine SA e o Banco Bonsucesso SA a suspenderem seus planos de captação.

Bancos de médio porte emitiram US$ 2 bilhões em dívida este ano, após captarem uma quantia recorde de US$ 4,4 bilhões em 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento das notas do Banco Cruzeiro do Sul SA com vencimento em 2016 disparou 45 pontos-base desde a oferta em 12 de janeiro. A instituição fez cinco captações nos últimos 14 meses. O rendimento dos títulos de bancos latino-americanos caiu 7 pontos-base no mesmo período para 5,73 por cento, de acordo com o Credit Suisse Group AG.

Bancos brasileiros com patrimônio inferior a R$ 2,5 bilhões aceleraram as captações externas para financiar a concessão de empréstimos em meio à mais forte expansão da economia desde 1986. As instituições financeiras também se voltam para o exterior porque os custos locais de captação subiram com as medidas do governo para conter o crédito, além da investigação de fraude no Banco Panamericano SA ter encarecido o levantamento de recursos por meio da venda de carteiras de crédito.

“Vimos um pouco de indigestão”, disse Natalia Corfield, analista de bônus corporativos do ING Groep NV em Nova York, em entrevista por telefone. “Tinha muito papel de banco brasileiro no mercado. Investidores têm receio de que isso continue, e que não haja demanda suficiente para absorver toda essa oferta.”

O Bonsucesso, especializado em crédito consignado, e o Banco Pine, focado em financiamentos a empresas, suspenderam seus planos de emissão de dívida após o Cruzeiro do Sul ter voltado ao mercado em 14 de abril e pago uma taxa maior do que esperava, segundo uma pessoa a par das ofertas dos bancos.


Alto demais

O Cruzeiro do Sul, que assim como o Bonsucesso e o Pine é sediado em São Paulo, captou US$ 150 milhões em títulos com vencimento em 2014 -- US$ 25 milhões a menos do que o programado -- a um rendimento de 7,875 por cento. As notas subordinadas do Bonsucesso com vencimento em 2020 pagam 10,26 por cento, contra 9,46 por cento para os títulos do Cruzeiro do Sul com o mesmo prazo, segundo dados compilados pela Bloomberg. O spread médio entre os títulos dos dois bancos está em 55 pontos-base este ano.

O Bonsucesso adiou a captação porque os investidores exigiram uma taxa que o banco considerou alta demais, disse a assessoria de imprensa em nota enviada por e-mail. A instituição pode retornar ao mercado internacional de dívida ainda este ano e tem planos de levantar R$ 200 milhões este mês por meio de um fundo que securitiza o fluxo de caixa esperado com empréstimos, disse a assessoria.

O Banco Pine suspendeu sua operação após os custos de captação terem subido no mercado global, segundo a assessoria da instituição.

‘Em linha’

Fausto Guimarães, diretor de Relações com Investidores do Cruzeiro do Sul, disse que a oferta de 14 de abril “não foi cara” e fez parte da estratégia do banco de obter 25 por cento de seu financiamento nos mercados internacionais. Ele não quis comentar se as ofertas do banco prejudicaram a entrada de outros emissores no mercado.

“Nossa emissão foi em linha com a curva do mercado secundário dos nossos papéis”, disse Guimarães em entrevista por telefone de São Paulo.

O rendimento dos US$ 125 milhões em notas do Banco Pine com cupom de 8,75 por cento e vencimento em 2017 subiu 16 pontos- base nas últimas duas semanas, para 8,46 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os mercados globais despencaram em 18 de abril, após a Standard & Poor’s rebaixar a perspectiva da dívida dos Estados Unidos para negativa, citando o aumento do déficit público.

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