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Banco Central tenta conter disparada do dólar

O BC vai leiloar no meio da manhã desta quinta-feira até 20 mil contratos de swap cambial, com valor total de 1 bilhão de dólares

Dólar: coronavírus fez aumentar volatilidade (Gary Cameron/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 06h47.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2020 às 16h28.

São Paulo — O mercado de capitais brasileiro deve ter hoje mais um dia de nervosismo, contaminado pelo temor global de desaquecimento da economia por conta da epidemia de coronavírus .

Para tentar suavizar a desvalorização do real ante o dólar , que foi de 1,2% ontem e chega a 11% neste ano (ou 43 centavos), o Banco Central vai atuar no câmbio hoje pelo segundo dia consecutivo.

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O BC vai leiloar no meio da manhã desta quinta-feira até 20 mil contratos de swap cambial, com valor total de 1 bilhão de dólares e vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020.

Essa operação equivale a uma venda de dólares no mercado futuro para as instituições financeiras, que ficam assim protegidas contra uma eventual disparada da moeda americana no período.

A venda de 10 mil contratos no montante de 500 milhões de dólares na quarta-feira não evitou que a moeda americana alcançasse 4,444 reais, a maior cotação nominal da história. “A atuação foi irrelevante devido ao horário. Realizado logo na abertura do mercado, não teve influência sobre o movimento de alta do dólar depois”, diz o economista Alexandre Cabral, professor do Ibmec.

O maior efeito do leilão de swap cambial é mostrar ao mercado financeiro que o BC está disposto a fornecer dólares para quem quiser ou precisar comprar, não havendo motivo para desespero.

Em tempos de crise, os grandes investidores internacionais costumam abandonar suas aplicações em países vistos como mais arriscados, como o Brasil , para se refugiar em ativos tidos como seguros, como os títulos do Tesouro americano. Para isso, precisam trocar os reais investidos no mercado local pelos dólares que vão depositar em outro país.

Os especialistas estão curiosos para ver até onde vai a atuação do BC porque a autoridade monetária não tem reagido com muita força à escalada do dólar neste ano. Há quem aposte que a desvalorização da moeda brasileira faça parte de uma estratégia do Ministério da Fazenda para favorecer as empresas exportadoras.

O consumidor de produtos no mercado interno perde, porém. A farinha de trigo usada para fazer o pão francês, item que não pode faltar no café da manhã do brasileiro, é importada e cotada em dólar – se a moeda americana continuar subindo, logo vai bater no bolso do consumidor. Quem trem viagem agendada para o exterior também deve sofrer. O dólar turismo subiu 1,3% na quarta-feira, vendido a 4,62 reais.

No curto prazo, enquanto não é possível medir o impacto do coronavírus sobre a economia global e a duração da epidemia, a volatilidade vai continuar assustando os investidores.

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