Sede da BM&FBovespa: "O mundo amanheceu de mau humor e a Bolsa não tem como escapar", comenta um operador (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 09h41.
A defasagem de horário da Bovespa em relação a Nova York não é motivo suficiente para descolar os negócios locais da aversão ao risco que prevalece no exterior desde as primeiras horas do dia. Renovadas preocupações sobre a Europa embutem fortes perdas nos mercados internacionais e a agenda econômica novamente fraca não oferece nenhum amortecedor para os ativos de risco. Nem mesmo a safra de balanços deve ser capaz de atenuar as perdas domésticas e a Bolsa caminha para o quarto pregão seguido de baixa, cada vez mais afastada dos 60 mil pontos. Às 10h05, o Ibovespa caía 0,79%, aos 58.239 pontos, na mínima.
"O mundo amanheceu de mau humor e a Bolsa não tem como escapar", comenta um operador da mesa de renda variável de uma corretora paulista. Ele ressalta, porém, que não há novidades no front macroeconômico. "É o mesmo de sempre", completa. O profissional, que falou sob a condição de não ser identificado, refere-se às preocupações com a Europa e aos crescentes temores sobre a saúde da economia global.
Nesta terça-feira, o Banco Central da Espanha afirmou que a recessão do país se aprofundou no terceiro trimestre deste ano e calculou queda de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no período, em base anual. A informação soma-se ao rebaixamento dos ratings de cinco regiões espanholas anunciado nesta segunda-feira (22) pela Moody's. Já a Itália voltou ao foco, após o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, afirmar que, atualmente, Roma não tem planos de recorrer ao fundo europeu de resgate (ESM).
No horário acima, a Bolsa de Frankfurt perdia 1,48%. Em Nova York, o futuro do S&P 500 recuava 1,16%. Na agenda do dia, às 12h, a unidade de Richmond do Federal Reserve publica o índice de atividade industrial regional em outubro. No mesmo horário, sai a leitura preliminar deste mês da confiança do consumidor na zona do euro. Na safra norte-americana, os resultados trimestrais anunciados hoje vieram, até então, ruins. Após o fechamento, o Facebook anuncia o primeiro balanço financeiro após a abertura de capital (IPO).
Na temporada doméstica, com os dados do Bradesco em mãos - que podem servir para algum tipo de comparação - os investidores repercutem o balanço do Itaú Unibanco. O lucro líquido recorrente do maior banco privado do País no terceiro trimestre deste ano veio em linha com as estimativas dos analistas consultados pela Agência Estado. O banco apresentou resultado de R$ 3,412 bilhões no período, ante montante previsto de R$ 3,428 bilhões, conforme a média de seis casas. O resultado do Itaú no terceiro trimestre deste ano é 13% menor que o visto no mesmo intervalo do ano passado no conceito ajustado.
Assim como o Bradesco, o Itaú apresentou leve queda da inadimplência, de 0,1 ponto porcentual para 5,1% no trimestre passado, e também demonstrou queda no retorno sobre patrimônio (ROE recorrente), para 17,7%, de 23,5% em igual período de 2011. Às 11h, o Itaú Unibanco realiza teleconferência com analistas para detalhar seus números. Ainda hoje, saem os balanços de Embraer, Cielo e Indústrias Romi, todos após o fechamento do mercado.