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Aumenta pressão sobre Itália após decepcionante reunião

Juros dos títulos italianos bateram novos recordes de alta; encontro com França e Alemanha terminou sem os resultados esperados

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti: encontro com Merkel e Sarkozy foi decepcionante (Gabriel Bouys/AFP)

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti: encontro com Merkel e Sarkozy foi decepcionante (Gabriel Bouys/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2011 às 15h16.

Roma - A Itália teve que pagar nesta sexta-feira juros recordes para emitir 10 bilhões de euros em bônus a curto prazo, em mais uma notícia decepcionante para os mercados vinda da Europa, após a morna reunião de quinta-feira entre as principais economias da Eurozona.

As letras a seis meses, com captação de 8 bilhões de euros, foram emitidas a juros de 6,504%, contra 3,535% na última emissão de 26 de outubro. As de dois anos, com captação de 2 bilhões, terão um rendimento de 7,814%, contra os 4,628% anteriores.

Com a alta dos rendimentos, a demanda dos títulos da dívida italiana foi mantida e o Tesouro pôde cumprir com suas metas de captação.

Porém, o custo do financiamento se considera insustentável para a terceira maior economia da Eurozona, encurralada por uma dívida pública de 1,9 trilhão de euros (120% do PIB).

"As dificuldades de equilíbrio da dívida alimentaram as dúvidas sobre a solvência do país", disse o governador do Banco da Itália, Ignazio Visco.

Uma asfixia financeira da Itália, que prevê emitir em 2012 mais de 400 bilhões de euros em títulos da dívida, teria consequências fatais para toda a Eurozona.

Na reunião de quinta-feira em Estrasburgo com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, "confirmaram seu apoio à Itália e asseguraram que estão conscientes de que uma queda da Itália provocaria inevitavelmente o fim do euro", disse uma nota da liderança do governo italiano.

Os mercados julgaram o encontro como decepcionante, uma vez que a Alemanha, principal economia europeia, se manteve intransigente em sua negativa de ampliar as competências do Banco Central Europeu (BCE) para que aumente a compra da dívida dos países do bloco ameaçados pela crise, como Itália, para contribuir a reduzir os juros exigidos.


Merkel manteve igualmente sua oposição à emissão de eurobônus, mas obteve o respaldo francês a uma revisão dos tratados europeus para permitir uma maior vigilância orçamentária dos 17 Estados membros da Eurozona.

"A reunião entre Alemanha, Itália e Francia teve resultados muito abaixo das expectativas. Todo o mundo esperava concessões de Angela Merkel sobre o papel do BCE ou a criação de eurobônus em troca de medidas de controle das finanças públicas, mas a chanceler alemã fechou a porta para todas essas alternativas", disseram analistas de Crédit Mutuel-CIC.

Neste contexto tenso, a Itália recebeu nesta sexta-feira a visita do comissário europeu de assuntos econômicos e monetários, Olli Rehn, que assegurou em Roma que "decididamente" não vê um fim do euro e que a participação da Itália é crucial para a moeda única e para a União Europeia.

Apesar do clima de instabilidade, as principais bolsas europeias fecharam a sessão desta sexta-feira com ganhos, em linha com a alta de Wall Street.

Em Frankfurt, o índice DAX 30 terminou em alta pela primeira vez em dez sessões, com ganho de 1,19%, aos 5.492,87 pontos. Em Paris, o CAC 40 colocou fim a seis sessões em baixa e ganhou nesta sexta-feira 1,23%, aos 2.856,97 pontos. O Footsie 100 de Londres avançou 0,72% e fechou a 5.164,65 unidades. Em Madri, o IBEX 35 ganhou 0,54%, aos 7.763,50 pontos.

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