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Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2010 às 19h55.
*IOF de estrangeiros que investem em renda fixa vai a 6%
*IOF em margem de estrangeiro na BM&FBovespa salta a 6%
*Mantega volta a defender ação coordenada global no câmbio
SÃO PAULO, 18 de outubro (Reuters) - O governo intensificou nesta segunda-feira os esforços para abrandar a valorização do real, elevando novamente o IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa e impondo taxa maior no mercado de derivativos.
O Imposto sobre Operações Financeiras em aplicações externas em renda fixa subiu para 6 por cento, apenas duas semanas após ter dobrado para 4 por cento. No caso dos derivativos, as margens de garantia de estrangeiros também serão taxadas com 6 por cento de IOF, bem acima da alíquota atual de 0,38 por cento.
"O Brasil é hoje um país muito atraente, é um país sólido, e, além disso, oferece taxa de juro elevada. É muito difícil você segurar a valorização (do real). O que estamos fazendo é atenuando o excesso de valorização", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar as medidas.
O dólar acumula queda de 4,4 por cento frente ao real neste ano.
Mantega também afirmou que novas medidas podem ser adotadas, mas voltou a ponderar que é preciso cautela para não usar "mais remédio que o necessário".
Ele também reiterou que é preciso uma ação coordenada dos países para conter o que vem chamando de "guerra cambial".
Atualmente, há 51,3 bilhões de dólares depositados em garantias na BM&FBovespa, segundo informações no site da bolsa. Não há dados disponíveis sobre a parcela de capital estrangeiro nesse montante.
O valor das margens, referente ao mercado de derivativos, está recolhido sob a forma de títulos públicos e privados, ações, cartas de fianças, dinheiro e outros.
Procurada, a BM&FBovespa não quis comentar o eventual impacto do aumento do IOF.
"Provavelmente o dólar vai abrir amanhã (terça-feira) pressionado, mas nenhuma destas medidas afinal muda os fundamentos que apreciaram o real nos últimos anos... Ainda mantemos um diferencial de juros muito elevado", avaliou o economista da LCA Consultores Homero Guizzo.
Já o chefe da mesa de operações da Interbolsa do Brasil, Eduardo Duarte, acredita em efeito sobre o mercado, principalmente pelo fato de o ministro "ter deixado a porta aberta para novas medidas".
MEDIDAS SUFICIENTES?
No início do mês, o governo já havia elevado de 2 para 4 por cento o IOF sobre o capital externo aplicado em renda fixa. Mesmo assim, o dólar recuou 1,5 por cento desde então, com o mercado local atento à desvalorização global da moeda norte-americana.
Nos últimos dias, a expectativa crescente de que o Federal Reserve terá que aliviar ainda mais a política monetária nos Estados Unidos reforçou a queda do dólar. A moeda norte-americana encerrou estável esta segunda-feira a 1,666 real no mercado à vista --perto das mínimas desde setembro de 2008.
Ainda assim, Mantega avaliou que as ações têm sido eficientes. "Se nós não tivéssemos tomado as medidas do IOF, a valorização do real teria sido maior."
Ele também lembrou que, há um ano, o dólar era cotado na faixa de 1,70 real e hoje está no patamar de 1,66 real. "Eu diria que estamos tendo sucesso", completou.
(Reportagem de Aluísio Alves e Carolina Marcondes; Texto de Daniela Machado; Edição de Cesar Bianconi)